11 de dezembro de 2024

Falta planejamento para proteger vulneráveis 

Uma situação recorrente, mas que poderia muito bem ser prevenida. Estamos na época da estação chuvosa, fenômeno natural para retroalimentar nutrientes de uma rica biodiversidade amazônica, algo que acontece há milhões de anos. A mãe natureza é sábia para manter em plena harmonia esse gigantesco bioma.

Porém, essas adversidades trazem muito sofrimento às populações mais vulneráveis. A cada chuva, as águas causam desastres naturais. Invadem casas, deixando centenas ou milhares de pessoas desabrigadas.

Nos últimos dias, a Defesa Civil tem notificado muitas ocorrências em decorrência dos temporais em todas as áreas de Manaus. E até também nos municípios do interior do Amazonas, onde a situação se agrava por falta de uma maior presença do poder público. Tanta gravidade poderia ser evitada se houvesse um planejamento antecipado para a prevenção.

No entanto, os governos se revezam e nada ainda se vê algo assertivo para combater problemas tão recorrentes. São vários prejuízos, tanto para o Estado, a prefeitura, como para a sociedade civil. O auxílio impacta em gastos de recursos públicos. E também por parte de famílias atingidas nesta época do ano, quando o volume pluviométrico aumenta acirradamente.

Poderíamos fazer como alguns países de primeiro mundo que investiram pesado em medidas preventivas, antecipando-se a possíveis impactos negativos, contendo pelo menos parcialmente a fúria dos desastres que acontecem pela ação da natureza.

Nações europeias com cidades flutuantes trabalharam arduamente, conseguindo conter a poluição que vem dos dejetos humanos. Já é possível coexistir com o turismo tendo água limpa, tratada, gerando empregos e renda.

Porém, falta vontade política. O Brasil é riquíssimo, mas as soluções nunca aparecem. O Amazonas tem condições de transformar suas vastas riquezas em melhores condições de vida para a sua população.

Enquanto poucos desfrutam do poder econômico, tão abastados em todos os sentidos, vivendo em moradias bem protegidas, livres de qualquer ameaça natural, outros sobrevivem nas favelas, expostos a doenças, ao crime organizado.

São populações vulneráveis que, às vezes, só contam com a providência divina para sanear seus problemas. Quando os políticos vão, realmente, dar a contrapartida social a seus eleitores que os escolheram como seus legítimos representantes?

Praticamente, todos eles (os políticos) exploram uma massa de manobra para continuar se beneficiando das benesses proporcionadas por um cargo público. Este é o Brasil em que vivemos. Quando iremos mudar? Só depende de nós.

Nota abre Perfil

Atacando o coração do crime

A crise em Roraima exige, no mínimo, solução mais assertiva, trazendo resultados positivos pelo menos a curto prazo. Ontem, Lula anunciou medidas que atacam o coração do crime organizado, apontado como responsável pela situação em que vivem milhares de Yanomami. Desta vez, parece que a contraofensiva irá mais fundo. Aparatos de segurança mobilizarão toda a logística para cortar o tráfego aéreo e fluvial nas ações de combate ao garimpo ilegal, protegendo as terras indígenas.

É uma resposta à cobrança da comunidade internacional em defesa dos povos originários e da rica biodiversidade amazônica, condição indispensável para a liberação de financiamentos a projetos autossustentáveis. Os países ricos estão de olho nas novas politicas voltadas para a Amazônia, que esconde grandes riquezas na superfície e em seus subsolos, tão cobiçados pelo mundo. Tanto interesse gera, porém, desconfiança entre lideranças nacionais sobre os seus reais objetivos. Agora, o presidente da República procura vender uma imagem mais positiva sobre a região.

Fundo

Ontem mesmo, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que os recursos do Fundo Amazônia, reativado recentemente, serão destinados para aplacar o sofrimento dos índios Yanomami., que morrem de doenças e fome em Roraima. O cenário que se assiste e impacta todo o mundo é praticamente de guerra. O programa ‘Fantástico’ de domingo (29), da Rede Globo, escancarou a situação de penúria e catastrófica dos indígenas em Boa Vista (RR). É hora de uma maior presença do poder público.

Holofotes

Mesmo no exterior, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) continua sob os holofotes da mídia nacional e internacional. Dos Estados Unidos, onde se encontra atualmente, tem feito postagens nas redes sociais se defendendo de que seu governo é o maior responsável pela atual grave crise atingindo os Yanomami. Para ele, a esquerda se aproveita da situação para amealhar mais ganhos políticos. E suas críticas são endereçadas principalmente para Lula, seu grande desafeto. Porém, não convence.

Visto

Segundo analistas, a maior estratégia de Bolsonaro é estender sua permanência nos EUA como prevenção a uma possível prisão se voltar ao Brasil em um momento que o cenário político está tenso, corroborando para retaliações do governo Lula e ainda do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, considerado uma pedra no sapato do bolsonarismo. O ex-presidente tenta renovar o seu visto de turista nas terras norte-americanos. Mas parece que a luta é árdua. Já não tem tantos aliados como antes.

Transparência

O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), visitou ontem a nova presidência do TJAM, ressaltando a importância de uma transparência nas ações das instituições. Tanto ele quanto o governador Wilson Lima (UB), principais representantes da nova geração de políticos do Amazonas, compartilham das mesmas opiniões. Almeida e Lima mantêm parcerias que resultam em modernização da infraestrutura urbana da capital. E a reeleição de seu principal aliado é fruto dessa tão estreita proximidade.

Contestação

Nem tudo, porém, é tão assertivo quando se trata de judiciário. O procurador-geral da República, Augusto Aras, foi ao STF para anular leis que concedem poderes aos desembargadores do TJAM decidir sobre salários dos servidores do poder, incluindo os deles. Conforme Aras, a Constituição prevê que essa tarefa cabe ao legislativo. A Lei Estadual 4.311/2016, contestada pela PGR, estabelece que os ganhos dos magistrados serão fixados por resolução do Tribunal Plano, que é o colegiado da classe. E agora?

Projetos

O deputado Roberto Cidade (UB), presidente da Assembleia Legislativa, demonstra preocupação com doenças mentais. Ele acaba de anunciar um projeto voltado para a prevenção e tratamento de Alzheimer, distúrbio que afeta hoje milhões de pessoas no Brasil, e ainda no mundo. Para o parlamentar, é importante despertar para uma situação que impacta as famílias. Ainda não existe cura. Pode-se apenas frear o avanço da doença. E o doente existe muita dedicação integral dos familiares. 

Reajuste

Benesses e vantagens a parlamentares ainda continuam fomentando muitas discussões no Brasil. Recentemente, o Congresso aprovou reajuste salarial para a classe que acabou gerando efeito cascata nas assembleias. Em 22 Estados e no Distrito Federal, deputados vão começar os mandatos recebendo maior bolada. Nos próximos três anos, haverá aumento de R$ 100 milhões na despesa anual. A folha subiu para R$ 309 milhões este ano, R$ 347 milhões em 2024 e R$ 365 milhões no ano seguinte.

Auxílio

O governador Wilson Lima investe mais na sua política de ação social. Ontem, inaugurou uma nova fase de entrega do Auxílio Estadual Permanente. Serão entregues mais de 2,2 mil cartões a pessoas que passam a receber o recurso após atualização dos beneficiados, contemplando, assim, 300 mil famílias amazonenses com o crédito de R$ 150 mensais. O anúncio da etapa do projeto aconteceu no centro Estadual de Convivência da Família Teonízia Lobo, no bairro Mutirão, entre as zonas leste e norte.

FRASES

“Estamos planejando um ano histórico”.

David Almeida (Avante), prefeito, sobre novas obras em Manaus.

“Ações devem ser feitas no menor prazo”.

Lula (PT), presidente, ao determinar medidas em Roraima.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.

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