A integração da Região Amazônica sempre foi um desafio devido às suas características naturais que impõem obstáculos significativos. A vasta extensão coberta pela exuberante floresta tropical, juntamente com a presença de rios imponentes e um clima desafiador, tornam a tarefa de construir infraestruturas, como estradas e rodovias, uma verdadeira empreitada. Essas peculiaridades geográficas e ambientais da região demandam soluções engenhosas e um esforço incansável para superar as dificuldades logísticas e viabilizar a tão necessária conexão inter-regional.
É nesse contexto que, desde a década de 1960, a Engenharia Militar exerce um papel fundamental na superação dessas verdadeiras provações, buscando não só a integração da Amazônia, como também o equilíbrio fundamental entre progresso e sustentabilidade.
No Comando Militar da Amazônia (CMA), é o 2º Grupamento de Engenharia (2º Gpt E), localizado em Manaus/AM, quem tem a responsabilidade na gestão e planejamento das obras de cooperação a cargo do Exército Brasileiro, cuja execução se dá por meio de seus Batalhões de Engenharia de Construção (BEC), em parceria com diversas instituições públicas.
Porto Velho/RO é a casa do 5º BEC, o “Pioneiro da Amazônia”. Sua história heroica de integração nacional se confunde com a da construção da rodovia BR-364 (Cuiabá – Porto Velho). O Batalhão foi se deslocando à medida em que construía a estrada, até se instalar na então capital do Território Federal de Rondônia, em 1966. Sua epopeia permitiu reduzir substancialmente o tempo de percurso, em qualquer época do ano, entre o sudoeste amazônico e os grandes núcleos produtores do Centro-Sul do País. Atualmente, o 5º BEC é o responsável pela implantação das vias laterais na travessia do Rio Jaru, agilizando ainda mais o tráfego da rodovia BR-364.
Por sua vez, o 6º BEC desempenhou um papel crucial na conexão entre Roraima e Amazonas através da rodovia BR-174. Atualmente, estão em andamento os trabalhos da Operação CANTÁ, com o objetivo de implantar e pavimentar a rodovia BR-432/RR, abrangendo melhorias na segurança e no escoamento de águas. A primeira etapa já foi concluída, e a retomada dos trabalhos está prevista para este verão amazônico, com a conclusão dos 7,7 km restantes até o fim do ano. Além disso, em Estirão do Equador/AM, o Destacamento EDOR, com equipes especializadas do Batalhão, continua trabalhando na implantação de uma via de trafegabilidade que permitirá um transporte mais eficiente entre a pista de pouso e o 4° Pelotão Especial de Fronteira (4° PEF/8° BIS) durante todo o ano.
Já o 7º BEC, sediado em Rio Branco/AC, desempenhou um papel importante na implementação da BR-364, que conecta a capital do Acre a Cruzeiro do Sul/AC. Atualmente, estão envolvidos na Operação ALTO PURUS, com o objetivo de readequar o aeródromo de Santa Rosa do Purus, uma obra de grande complexidade logística devido ao transporte fluvial dos insumos, em virtude da nova pista de concreto do aeródromo. Para ilustrar os desafios enfrentados, a logística requer um transporte intermodal complexo, levando em consideração as condições dos rios e das estradas, exigindo mais de 200 viagens para o fornecimento de materiais e garantir a continuidade das obras.
O 8º BEC desempenhou um papel crucial na implantação da rodovia BR-163, conectando Santarém/PA a Cuiabá/MT, ao estabelecer-se no encontro dos rios Tapajós e Amazonas. Atualmente, o Batalhão está envolvido na Operação MATAPI, sediada em Macapá-AP, com a missão de pavimentar o trecho sul da BR-156, que se estende de Macapá/AP até Laranjal do Jari/PA. Com cerca de 150 militares em seu efetivo, o destacamento realiza ao longo do ano importantes tarefas de terraplanagem, pavimentação e drenagem na rodovia. É nos últimos seis meses, devido às características climáticas peculiares da região amazônica, que a produtividade atinge seu ápice.
Na região conhecida como “Cabeça do Cachorro”, em São Gabriel da Cachoeira/AM, a 21ª Companhia de Engenharia de Construção (21ª Cia E Cnst) tem a responsabilidade de conservar e reparar a rodovia BR-307, que conecta São Gabriel da Cachoeira/AM, à Tríplice Fronteira do Brasil-Colômbia-Venezuela, na região de Cucuí/AM. Essa atuação ocorre dentro da Operação YÁ-MIRIM, que busca reduzir o isolamento dessa difícil região. Além disso, a Companhia realiza serviços de reparação nas pontes de madeira, construção de bueiros e conservação de estradas não-pavimentadas, contribuindo para melhorar a vida dos amazônidas.
É dessa maneira que nossos soldados engenheiros entregam desenvolvimento sustentável e preservação ambiental e à sociedade na Amazônia desde 1960. Além de contribuir para a integração com a sociedade, as obras também proporcionam um treinamento operacional de alta qualidade para os militares do Exército Brasileiro na área de Engenharia de Construção, que após o serviço militar, continuarão a ser empregados em prol do progresso da Amazônia. Nesse sentido, a cooperação e sinergia entre o Exército Brasileiro e as instituições tem sido fundamental para enfrentar os desafios e promover o progresso na região.
Você sabia…
…que as primeiras obras de engenharia na Amazônia foram os fortes?
Os fortes foram estabelecidos com o propósito de proteger as colônias europeias contra invasores estrangeiros, tais como piratas, corsários e navios de outras nações europeias que buscavam controlar a região. Além disso, a Amazônia possuía uma importância estratégica significativa devido às suas rotas fluviais, que permitiam o acesso ao interior do continente sul-americano.
Desse modo, os fortes tinham a função de assegurar o controle dessas rotas e das atividades comerciais, além de combater o contrabando. Adicionalmente, abundância em recursos naturais valiosos, como látex, madeira e minérios da região amazônica constituía nos fortes verdadeiras bases para a exploração e o controle desses recursos, além de garantir a segurança das instalações e dos trabalhadores envolvidos nessa empreitada.
Por fim, a construção das fortificações na Amazônia também tinha o objetivo de consolidar a presença da metrópole, reforçando o domínio europeu sobre a região e demonstrando poder e autoridade perante as populações locais e outros competidores coloniais.