6 de outubro de 2024

Dólar dispara e bolsas caem com nervosismo no mercado

influenciado

Em época de transição de governo, o mercado opera com muitas expectativas, prós ou contra, dependendo de suas peculiaridades. E foi o que aconteceu, ontem, no Brasil, logo após o discurso do presidente eleito Lula ressaltando ser necessária a ampliação dos recursos financeiros para o pagamento de auxílios sociais.

Na contramão do alívio no exterior, o mercado financeiro teve um dia de nervosismo em meio à indefinição sobre a equipe econômica do futuro governo e depois da fala de Lula. O dólar disparou e subiu mais de 4%, aproximando-se de R$ 5,40. A bolsa de valores teve a maior queda diária desde setembro de 2021.

Nesta quinta-feira (10), o dólar comercial fechou vendido a R$ 5,397, com alta de R$ 0,215 (+4,14%). A cotação chegou a desacelerar para R$ 5,26 por volta das 10h45, mas ganhou força e fechou próxima das máximas do dia.

A moeda norte-americana está no maior nível desde 22 de julho, quando tinha fechado a R$ 5,50. No restante do planeta, o dólar teve um dia de queda após a divulgação de dados que mostram a desaceleração da inflação nos Estados Unidos, o que reduz as pressões para que o Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano) mantenha os juros altos por longo tempo.

O nervosismo também se manifestou no mercado de ações. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 109.775 pontos, com queda de 3,35%. O indicador está no nível mais baixo desde 29 de setembro, na semana anterior à realização do primeiro turno das eleições. No pior momento do dia, por volta das 16h30, o indicador chegou a despencar 4,46%.

A bolsa brasileira também se descolou do exterior. As bolsas norte-americanas tiveram o maior ganho diário em cerca de dois anos com a queda da inflação nos Estados Unidos.

Ao sair do Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, no fim da tarde, Lula criticou a reação do mercado. “Nunca vi o mercado tão sensível como o nosso”, respondeu Lula, ao ser questionado por jornalistas sobre o nervosismo no mercado financeiro.

O dólar e a bolsa começaram o dia pressionados após Lula ter anunciado que só começará a anunciar os ministros após o retorno da viagem que fará ao Egito. A situação piorou no fim da manhã, quando o presidente eleito, em discurso a deputados da base aliada, criticou o teto federal de gastos e disse que o limite de despesas deveria ser discutido em pé de igualdade com as questões sociais.

“Por que pessoas são levadas a sofrer para garantir a tal da estabilidade fiscal nesse País? Por que toda hora as pessoas dizem que é preciso cortar gasto, que é preciso fazer superávit, que é preciso ter teto de gastos? Por que a gente não estabelece um novo paradigma?”, questionou Lula no discurso.

Na tarde de ontem, a volatilidade aumentou após o anúncio de que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega participará do grupo da equipe de transição que discute o orçamento, o planejamento e a gestão administrativa.

Nota abre Perfil

Norte tem pior telecomunicação

O Norte tem uma das piores avaliações sobre serviços de telecomunicações. Apenas 34% dos industriais apontam que o setor se enquadra em bom ou ruim, contrastando com a média nacional positiva de 60% e de 64% de aprovação no Sudeste. É o que revela uma pesquisa encomendada pela CNI, uma das entidades representantes do segmento no País. O estudo foi realizado pelo Instituto FSB Pesquisa. E entrevistou 2.500 executivos de grandes e médias empresas industriais nos 27 Estados (500 em cada região), entre os dias 23 de junho e 9 de agosto.

Segundo o levantamento, a margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para amenos, chegando a um intervalo de confiança de 95%. Em todo o Brasil, a classificação foi boa (50%), ótima (10%), ruim (8%) e péssimo (4%). Uma sólida infraestrutura na rede de teles é crucial para o desenvolvimento de um país, possibilitando a geração de mais empregos e renda. Mas ainda estamos longe de consolidá-la.  

Alarmismo

Ainda não é hora de alarmismo sobre a Covid-19, apesar de o secretário de Estado de Saúde, Anoar Samad, admitir a possiblidade de já estar se formando uma terceira onda da doença na região. Claro, o setor produtivo não pode parar, como nos tempos mais angustiantes da pandemia.  Mas as opiniões se dividem na população, com os seus prós e contra. Porém, vale um alerta a todos, indistintamente. O uso de máscara, de álcool em gel, evitar aglomerações, são ainda boas medidas para a prevenção.

Peculato

O deputado federal Silas Câmara (Republicanos) tenta inverter a decisão do STF. Ele foi condenado por crimes de peculato e prática de rachadinhas, entre janeiro de 2000 e dezembro de 2021.  Ontem, o ministro André Mendonça pediu vistas do processo, abrindo uma discussão sobre a possibilidade de sua aceitação ou não no plenário. A ministra Rosa Weber, presidente da Corte Suprema, chamou atenção para o perigo de prescrição da sentença por falta de julgamento. O prazo termina em 2 de dezembro.

Aliados

Lula teve, ontem, uma reunião com as bancadas aliadas. E disse que quer manter um diálogo aberto com o Congresso e com todos os partidos políticos. Ele esteve pela primeira vez no Centro Cultural do BB, em Brasília, onde funciona o gabinete de transição. E avisou. “Cada deputado pode ficar certo que vamos conversar”, afirmou, em referência ao período da ditadura militar. “É melhor um debate nervoso sobre nossas divergências do que o silêncio profundo do medo da baioneta”, ressaltou.

Transição

O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) anunciou, ontem, uma lista com 36 novos nomes para fazer parte da transição do futuro governo, que assume a partir de janeiro de 2023. Os indicados estão distribuídos em seis novos grupos técnicos. Cinco ex-ministros, entre eles Guido Mantega, Paulo Bernardo, além de Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada Marielle Franco, no Rio de Janeiro, farão parte da equipe, que já está em operação em Brasília. Lula ainda decidirá a equipe ministerial.

Emergência

Ontem, Bolsonaro convocou uma reunião de emergência com todos os comandantes das Forças Armadas. O encontro foi motivado pela divulgação do relatório militar sobre as últimas eleições. As discussões aconteceram de forma híbrida (presencial e online). O Ministério da Defesa não descartou a possiblidade de fraudes durante o pleito deste ano. Enquanto isso, alguns manifestantes mantêm os atos contra o resultado das urnas. Em Manaus, eles continuam se concentrado em frente ao CMA.

Expansão

A Casas Bahia expande o seu raio de ação no Amazonas. O grupo informa que está iniciando a segunda etapa de expansão de suas lojas em Manaus. Nesta sexta-feira (11), será inaugurada a megaloja da rede, na avenida Eduardo Ribeiro, em um prédio histórico tombado pelo Iphan. E até dezembro, entram em operação mais três unidades na capital e outra em Itacoatiara, município que faz parte da Região Metropolitana da cidade. É o amazonense tendo novas opções para compras.

Estiagem

A alta estiagem ainda castiga no Amazonas. Oito municípios ainda estão em situação de emergência por conta da vazante dos rios na região, este ano, segundo o último relatório divulgado pela Defesa Civil estadual, na quarta-feira (9). Outras 43 cidades ribeirinhas se enquadram em situação de atenção, quando os impactos são menos graves. E cinco estão em estado de alerta. O governo envia recursos financeiros, distribuição de remédios e cestas básicas. O fenômeno é recorrente a cada temporada.

Morte

Morreu, ontem, aos 84 anos, o humorista Roberto Guilherme, no Rio de Janeiro. Ele interpretou o famoso Sargento Pincel no programa ‘Os Trapalhões’, que levou muitas alegrias à população brasileira. O ator estava internado em uma clínica para tratamento de câncer. A morte teve grande repercussão no Brasil. Sua interpretação na TV e nos filmes de Renato Aragão, que comandava os trapalhões, encantaram gerações no País. E, com certeza, deixará saudades. O público o aplaude.

FRASES

“Já atualizamos nosso plano de contingência”.

Anoar Samad, secretário de Estado da Saúde, sobre enfrentamento à Covid-19.

“Nunca vi um mercado tão sensível”.

Lula, presidente eleito, ao anunciar ampliação de gastos para benefícios sociais.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.

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