4 de outubro de 2024

Cor da pele ainda é parâmetro para maior salário

O brasileiro não assume ser racista. Porém, suas ações corroboram para se constatar o contrário. Infelizmente, os negros ainda sofrem o estigma da escravidão. Foram centenas de anos explorando a sua mão-de-obra no mundo. E, por muito tempo, sustentaram a atividade econômica, agregando o caminho para a consolidação industrial que viria mais adiante.

E preocupam dados revelados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O levantamento mostra a cor como fator relevante na diferenciação do rendimento mensal médio dos trabalhadores no País em 2021.

De acordo com o estudo, os brancos ganham R$ 3.099 em média. Esse valor é 75,7% maior do que o registrado entre os pretos, que é de R$ 1.764. Também supera em 70,8% a renda média de R$ 1.814 dos trabalhadores pardos.

Mesmo entre pessoas com nível superior completo, persiste uma distância significativa. Nesse grupo, o rendimento médio por hora dos brancos foi cerca de 50% maior que o dos pretos e cerca de 40% superior ao dos pardos. Além disso, embora representem 53,8% dos trabalhadores do país, pretos e pardos ocuparam em 2021 apenas 29,5% dos cargos gerenciais.

Os brancos também têm sido menos afetados pelo desemprego. A taxa de desocupação em 2021 para eles é de 11,3%. Entre a população preta é de 16,5% e para a população parda, de 16,2%.

Os dados revelam ainda diferenças na informalidade: apenas os brancos se situam abaixo do índice nacional de 40,1%. Segundo o IBGE, “a informalidade no mercado de trabalho está associada, muitas vezes, ao trabalho precário e à ausência de proteção social”. Ela envolve trabalhadores que podem enfrentar dificuldades para acesso a direitos básicos, como a aposentadoria e a garantia de remuneração igual ou superior ao salário mínimo.

A proporção de pessoas pobres no País também é bastante distinta no recorte por cor. Entre os brancos, 18,6% estão abaixo da linha da pobreza, isto é, vivem com menos de US$ 5,50 por dia conforme uma das classificações do Banco Mundial. O percentual praticamente dobra entre pretos (34,5%) e pardos (38,4%).

Intitulado Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, o estudo faz um cruzamento de dados extraídos de mais 12 pesquisas do próprio IBGE. Ele está em sua segunda edição. A primeira, divulgada em 2019, foi mais enxuta: indicadores sobre mercado de trabalho e distribuição de rendimento, por exemplo, não integraram o levantamento. De acordo com o IBGE, “as desigualdades raciais são importantes vetores de análise das desigualdades sociais no Brasil, ao revelar no tempo e no espaço a maior vulnerabilidade socioeconômica das populações de cor ou raça preta, parda e indígena”. 

O estudo traz ainda informações atualizadas sobre patrimônio, educação, violência, representação política e ambiente político dos municípios. De acordo com o IBGE, há um acesso desigual dos diferentes grupos populacionais a bens e serviços básicos necessários ao bem-estar, como saúde, ensino, moradia, trabalho e renda.

Foi constatado que nos domicílios de pessoas brancas há maior presença de praticamente todos os bens duráveis analisados: geladeira, televisão, máquina de lavar, forno, micro-ondas, automóvel, computador, ar-condicionado, tablet e freezer. A única exceção foram as motocicletas, que aparecem com maior frequência em domicílios de pessoas pardas. No campo, entre os proprietários de terras com mais de 10 mil hectares, 79,1% se declaram brancos, 17,4% pardos e apenas 1,6% eram pretos.

Nota abre Perfil

São muitas especulações….

O cenário político ainda continua tenso após as eleições. E as opiniões se dividem sobre o resultado das urnas eletrônicas. Alguns manifestantes continuam intransigentes em não aceitar o desfecho do pleito. Concentram-se em frente a quartéis do Exército pedindo intervenção militar. Portanto, paira alguma coisa no ar, gerando muitas especulações. O silêncio de Bolsonaro preocupa. Praticamente, nada se sabe sobre os bastidores do Planalto. Lula ainda encontra muita resistência. E não tem receptividade em grande parte da população, principalmente da elite brasileira.

E preocupam mais ainda as decisões do ministro Alexandre de Moraes, consideradas abusivas. Tantos excessos de autoridade são motivos de críticas. As instituições mostram fragilidade. E nada garante que até a posse do presidente eleito não sejamos surpreendidos por fatos, abalando as estruturas políticas e administrativas do País. Parece que estamos pisando em ovos, que podem se romper a qualquer momento. Muito nervosismo.

Multa

O ministro Alexandre de Morares joga duro contra manifestantes. Exigiu que a PF investigue a posição do diretor da PRF durante os atos públicos que fecharam as estadas do Brasil. E pede multa de R$ 100 mil por dia para os que financiaram as manifestações. Empresários que abraçam o bolsonarismo são acusados de financiar as campanhas contra o resultado das urnas. Uma ação engendrada sob o pano da escuridão para tumultuar o País. É o que alegam representantes da esquerda.

Derrota

Claro, Bolsonaro não está nada contente. E aponta três fatos que corroboram para a sua derrota – a intervenção do STF e do TSE, supostamente favoráveis a seu adversário na corrida presidencial, os atos impensados do ex-deputado Roberto Jefferson e da deputada federal Carla Zambelli, e o cerceamento de seus posts na propaganda eleitoral, enquanto Lula teria sinal verde para veicular seu material publicitário. Tudo isso deixa as esferas do poder em polvorosa, impactando diretamente na população.

Reconhecimento

As Forças Armadas consideram legítimas as manifestações contra as urnas eletrônicas. Porém, veem excessos na repressão contra os seguidores do atual presidente. No entanto, expertises avaliam que o alto comando dos quartéis diverge sobre uma possível ação mais dura. Nada que possa ameaçar as vozes da democracia. E o ponto de equilíbrio para apagar todo esse incêndio seria o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), político conservador e com bom trânsito entre todas as instituições.

Amazonas

O senador Plínio Valério (PSD-AM) também encampa o coro de que as manifestações em defesa de Bolsonaro são legítimas. Para ele, há excessos de autoridade por parte do ministro Alexandre de Moraes contra os seguidores do presidente, apontando que as medidas do STF beneficiaram supostamente Lula. Toda essa ‘perseguição’, como classifica o parlamentar, culminou com a vitória do ex-presidente. Plínio já esbravejou no plenário do Senado, pedindo o impeachment dos atuais ministros do Supremo.

Baque

Ainda repercute no Amazonas a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, extinguindo a ADI 7153 que protegia o modelo ZFM. O magistrado acolheu a alegação do governo federal de que a maior parte (97%) da Zona Franca foi resguardada em novos decretos. Com o fim do processo, ficam prejudicados produtos que equivalem a 3% do faturamento do Polo Industrial, algo em torno de R$ 4,8 bilhões, segundo índices de 2021 divulgados pela Suframa. E deve vir mais arrocho até o fim do ano.

Sangria

O deputado federal Marcelo Ramos (PSD-AM) avalia que a reforma tributária causará sangria no modelo ZFM. É um processo natural em um momento em que outros Estados também reclamam os mesmos benefícios para alavancar o desenvolvimento. Para o parlamentar, que não se reelegeu mas faz parte da equipe de transição do presidente eleito Lula, a nova bancada amazonense dever ficar vigilante e lutar para evitar eventuais prejuízos ao Amazonas. “Todos devem ficar antenados”, disse.

Parceria

O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), e o governador do Amazonas, Wilson Lima (UB), reforçam a parceria para a realização de mais obras na capital. Já foram investidos mais de R$ 1 bilhão na modernização da infraestrutura urbana da capital, além de reformas em UBS, feiras e recapeamento asfáltico em ruas do centro e da periferia da cidade. O governo também se volta para os municípios do interior do Estado, dando maior apoio ao produtor rural e para o escoamento da produção.

Compras

O comércio de Manaus está otimista sobre as compras de Natal e de fim de ano. A antecipação do pagamento do 13º salário, anunciada pelo governador Wilson Lima, vai injetar R$ 1 bilhão na economia local, dando mais fôlego ao segmento, possibilitando projetar um cenário comercial gordo nesta época de festividades. Lojistas tentam atrair clientes oferecendo múltiplas ofertas. E cabe ao consumidor escolher a melhor opção. Nada do cenário epidêmico que afetou a todos. Agora, é só comemorar.

FRASES

“ZFM não poderá evitar sangria com a reforma tributária”.

Marcelo Ramos (PSD-AM), deputado federal, defendendo mais mobilização no Congresso.

“Falência não está fora de questão”.

Elon Musk, bilionário, em recado a funcionários do Twitter.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.

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