11 de dezembro de 2024

Aprendendo solidariedade “na escola dos sonhos”

Uma escola que ensina muito mais do que as matérias de graduação. Ensina suas crianças a praticarem a solidariedade e ajudar outras crianças. Ensina seus estudantes a saírem de sua realidade para conhecer uma outra, muitas vezes, menos favorável do que a sua. Essa pode ser a escola do futuro, não acha? Mas, ela é real e os estudantes são de verdade. O Trends JC de hoje recebeu um grupo para falar do Projeto Semeando Sorrisos.

A professora  Waldeneide Ramiro, idealizadora do projeto, esteve nos estúdios do Jornal do Commercio, acompanhada de Paulo Sérgio, gestor da Escola Estadual Antônio Nunez Jimenez, e as alunas Yasmin Silva e Sabrina, do 1º e 3º anos da escola. Num bate-papo divertido, eles contaram essa bonita história que começou pequena e, hoje, muda a vida de crianças carentes no interior do Amazonas.

A solidariedade é, hoje, um requisito importante na Escola Antônio Jimenez. As crianças atuam na arrecadação de recursos que serão usados para a compra de brinquedos que eles irão entregar nas comunidades carentes que existem na estrada que liga Manaus a Autazes. “Tive a ideia do projeto a partir de uma visita que fiz a à Comunidade Açupuranga, no ramal 39 da estrada de Autazes. O que vi la, me inspirou a criar o projeto Semeando Sorrisos, inicialmente com adolescentes do 6º ano, os estimulando a confeccionar brinquedos a partir de materiais recicláveis como garrafas pet, tampinhas de garrafas pet”, conta Waldeneide. Nessa ocasião, eles confeccionaram 300 brinquedos. Fez muito sucesso. 

Ao entrar para o corpo docente da Escola Antônio Jimenez, decidiu envolver seus alunos no projeto. Convocou os alunos do 3º ano que aceitaram ajudar. Dessa vez, atenderam 400 crianças. O número de brinquedos e crianças atendidas só cresceu. Em 2012, o número atingiu 50. Em 2014, a iniciativa recebeu ainda mais atenção quando foi vinculada às ações dos jogos estudantis. “Aí saltamos para 800 brinquedos doados para atender a 3 comunidades periféricas”. Em 2016, já foram 1.500 brinquedos.”Os alunos se envolvem, doaram recursos e ajudam a entregar os brinquedos”, lembra. E foi a virada de chave. Mais e mais crianças e adolescentes se envolveram e, em 2019, oito escolas foram atendidas do Careiro até a comunidade Açupiranga (Autazes).

E o sucesso do projeto se reflete na Escola. Segundo o gestor Paulo Sérgio, hoje, a escola chama atenção e atrai novos pais e alunos. “Acaba se transformando em um ambiente atrativo. O projeto serve como motivação. É um local onde todos gostariam de estar. É tanta procura por vaga. Têm mães que choram para conseguir colocar seus filhos, porque sabem que os projetos que desenvolvemos são um diferencial na educação das crianças.Para participar dos jogos estudantis internos, eles têm que alcançar uma meta, no caso, conseguir arrecadar para os brinquedos que serão distribuídos. É a escola dos sonhos futuramente”, afirma o gestor estadual.

A professora diz que a formação social dos  estudantes  é o objetivo maior deste projeto. “Os valores são inseridos ao participarem de todas as etapas do plano. Com isso, eles observam a realidade em que estão inseridos”. “Queremos que se tornem cidadãos colaborativos, participativos e atuantes, despertando para a solidariedade e respeito ao próximo”, lembra Paulo Sérgio.

E para as crianças? qual será o impacto? Com a palavra, Sabrina. “É surreal ver aquelas crianças emocionadas e que, não apenas, precisam daqueles brinquedos, como também necessitam de muitas coisas. A alegria deles me deixou sem reação”, disse.

Yasmin, foi um dos destaques do ano. “Vendi 55 rifas e foi muito difícil. Mas, consegui um valor relevante para poder ajudar”, disse.

O projeto conta também com a mobilização de outras escolas agora. Este ano, a professora conta que a arrecadação de brinquedo foi tanta que um caminhão foi necessário para fazer as entregas. O resultado foram duas escolas no Iranduba, entre elas uma flutuante; uma escola na Vila de Paricatuba; duas na região do Careiro Castanho e mais muitas crianças pelo caminho. “A gente leva os brinquedos e volta com o coração cheio de gratidão”, disse a professora.

O projeto Semeando Sorrisos não mexe apenas com as crianças da escola. Já dizia Cora Coralina: “Se temos que esperar, que seja para colher a semente boa que lançamos hoje no solo da vida”. E o projeto está colhendo. Muitos alunos que já se formaram e partiram voltam todos os anos como voluntários. Há alunos que saíram em 2013 que estão participando ainda hoje. Os frutos da solidariedade estão sendo colhidos.

Por Lilian D’ Araujo 

@lydcorr

Lílian Araújo

É Jornalista, Artista, Gestora de TI, colunista do JC e editora do Jornal do Commercio

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