A Zona Franca de Manaus (ZFM) virou realidade no final do governo Castelo Branco, devendo efetivamente sua implantação e consolidação ao presidente Costa e Silva, que a deixou subordinada ao General Afonso Albuquerque Lima, ministro do Interior e, desde sempre, um defensor da Amazônia. A preocupação de se dar um tratamento especial à capital manauara vinha de longe. No governo JK, criou-se o Porto Livre, que foi o embrião da ZFM, hoje base do que existe de progresso no Norte.
Na teoria, a iniciativa poderia ser contestada como foi, mas uma visão nacional justificou a iniciativa, apesar de certo inconformismo prevalecer no sul do país. Tudo para consolidar o polo foi dificultado. A Usina de Balbina é um exemplo. Por mais que tenha sido um projeto com má relação área inundada e produção de energia, no meio da floresta, ela veio para garantir energia renovável a Manaus, livrando a cidade da dependência exclusiva da eletricidade cara, na base do petróleo. Hoje, os eventuais danos foram compensados pela reserva natural e o turismo na área. E, finalmente, o linhão de Tucuruí chegando à região. No governo Sarney, as termoelétricas foram modernizadas, com maior confiabilidade e racionalidade nos custos.
Roberto Campos, como ministro do Planejamento de Castelo Branco, fez algumas restrições na ocasião. Mas contava, perplexo, que, quase 30 anos depois, sendo ele senador quando da revisão da Constituição, em 1993, foi procurado pelo então deputado paulista José Serra, que lhe pediu a assinatura numa proposta de acabar com a ZFM em dez anos. Campos contava que ficou chocado, uma vez que, certa ou errada, a criação da ZFM, naquela altura, empregava só na área industrial quase cem mil trabalhadores e representava a base da arrecadação e dos bons empregos na região. Era o inconformismo sulista se manifestando.
Neste momento de maturidade, a ZFM tem muito a inovar, merecendo um novo olhar na direção de incentivos, inclusive na área ambiental, e aproveitamento de sua riqueza natural, pois a região, mais do que nunca, merece as atenções do Brasil. A desinformada e deformada campanha sobre incêndios e desmatamento, natural nesta e muitas outras partes do mundo, como se sabe, é pretexto para tornar a região “intocável”, ou seja, parada no tempo e no espaço, como se não vivessem ali dezenas de milhões de brasileiros. O ministro Ricardo Salles, oportunamente, lembra que poluição inaceitável é a pobreza e as péssimas condições de vida do brasileiro que reside na floresta. Este precisa ser regatado para sobreviver com dignidade, com a garantia de sustentabilidade à região.
Defender a ZFM é dever de patriotismo