Para comemorar o Dia do Professor, 15 de outubro, durante todo esse mês, apresentaremos aqui, neste espaço, o projeto “Vozes da Educação de Manaus”, que tem como objetivo “Dar visibilidade às histórias de vida dos Professores e Professoras de Manaus”. E nesta primeira entrevista, conheça um pouco da trajetória de vida do professor Dr. Francisco dos Santos Nogueira.
“O meu nome completo é Francisco dos Santos Nogueira, mas todos me conhecem por Nogueira. Nasci no entorno do município de Codajás, em um lugar chamado Tapiíra. Hoje este lugar existe apenas na lembrança da minha primeira infância. Depois que sai de lá nunca mais voltei. Os caminhos da vida me trouxeram para Manaus e aqui estou desde o ano de 1970. Na terra que me viu nascer nada existem. Apenas a terra mãe CODAJÁS, lá voltei dezenas de vezes na busca da minha ancestralidade MURA. POIS fiquei sabendo que minha vó materna era ÍNDIA MURA. essa cultura desapareceu ao longo das décadas. Apenas lembranças e curiosidades.
Eu comecei na educação, em sala de aula, no ano de 1993. Nessa época a educação era ainda muito tradicionalista. Os professores eram mais dedicados, compromissados e responsáveis pelo futuro do cidadão de bem. Os alunos não eram ainda protagonista dos seus papéis de discentes. Um causo pitoresco que aconteceu comigo em sala de aula foi ter meus professores agora colegas de profissão. Cursava o 5° período do curso de letras língua e literatura inglesa quando a Seduc me recrutou como RDA (regime administrativo). Concluir minha graduação em 2000, depois de muitas greves infindáveis.
Dessa época para cá, muitas mudanças aconteceram, principalmente nas tecnologias. Hoje tudo é conectado, tudo envolve tecnologia… Eu vejo que as mudanças tem sido para melhor, as inovações tecnológicas alteraram os procedimentos e os métodos educacionais. Na década de 90 as tecnologias eram limitadas, atualmente somos professores melhores tecnologicamente do que antes.
Toda essa minha experiência na educação, em sala de aula, que já são 28 anos, transformei-a em três livros intitulados Crônicas que Salvam Almas. Mas antes desses desafios, contei com três pessoas muito importantes para minha vida de escritor. Foram elas: Pedro Lucas Lindoso, Lenir Feitosa e Silvia Grijó. Os meus malvados favoritos. Se não fosse eles talvez meus escritos ainda estivessem na minha escrivaninha. Foi por meio de um edital para contos, enviado por Silvia Grijó que tudo começou. Fiz minha inscrição, enviei meus escritos para minha surpresa eles foram selecionados. A editora Illuminare foi a primeira a publicar meus primeiros textos. Na sequência tive meus textos publicados em várias antologias no Brasil a fora. A partir desse contato nasceu meu livro solo “Crônicas que Salvam Almas”. Foi assim que tudo começou.
Meu plano na educação será o meu pós-doutorado em língua indígena Kokama. Sou mestre em educação e doutor em literatura regional. Mas meu desafio para 2025 é organizar uma antologia com meus alunos do ensino fundamental anos finais, com o título: “Risco e rabisco”; transformando-se em artes visuais.
As minhas influências pedagógicas são: Piajet, Soussi, Paulo Freire, Edgar Morin, mas são os escritores literários amazonenses que mais me incentivam a trilhar no caminho da profissão que forma todas as outras profissões: o professor.
Dessa forma, não é nenhum segredo, que os autores amazonenses que mais me inspiram são: a nossa romancista Lenir Feitosa, minha irmã incentivadora, corretora, revisora, uma anjo de guarda; Sílvia Grijó, minha inspiração no pré-requisito poesia e o cronista Pedro Lucas Lindoso, meu incentivador número 1. Na atualidade estudo a obra “O azul infinito dos teus olhos” de Lenir Feitosa.
Por fim, agradeço o professor Luís Lemos pela confiança e espaço. Aos futuros educadores eu deixo um recado: não sejam submissos ao sistema falido de educação, façam a diferença assim como eu venho fazendo. Na educação não basta teorias, mas práticas inovadoras que mostrem aos discentes de todas as classes que eles podem ser o que quiserem ser. Educar salva almas”.