Várias foram as ocasiões em que os brasileiros tentaram modificar o status quo da estrutura política nacional, que sempre carregou as manias e os vícios do colonialismo português e do coronelismo do período da monarquia e do início da república. Já desde o início do processo de colonização, quando após 38 anos de descobrimento os portugueses resolveram iniciar o plantio da cana de açúcar por aqui, não o fizeram por decisão e sim por falta de opção.
Sim, para quem insiste em não entender a história, os portugueses plantavam a cana de açúcar e tinham todo o processo produtivo no Caribe, sem sequer ligar para a colônia descoberta em 1498. No entanto os piratas holandeses começaram a atormentar as caravelas portuguesas, roubando as cargas ou afundando os navios e a partir deste fato resolveram transferir o processo para cá.
A história foi bem mal contada, ou distorcida de acordo com os interesses de plantão, porém alguns fatos não são bem explicados, como a Proclamação da República não ser chamada de golpe Militar, embora o chefe tenha sido um: Marechal Deodoro. E as distorções foram se acumulando, com altos e baixos, mas jamais deixando de haver os coronéis políticos que tomam conta de seus feudos até hoje, deturpando de maneira criminosa o conceito de democracia.
O escarcéu que se apresentou nas eleições das casas parlamentares brasileiras acontecidas neste primeiro dia de fevereiro de 2021, mostra que nada mudou nesta VELHA REPÚBLICA. Os ávidos coronéis que se dizem representantes do povo na verdade buscam até a última hora os acordos de todos os matizes para garantir vantagens pessoais. Não existe compromisso com a legenda pela qual foram eleitos e as traições no momento das votações mostram descaradamente que a ética política inexiste no sistema parlamentar brasileiro.
O feirão de partidos que trocam favores nas duas casas legislativas brasileiras, no famoso e famigerado sistema do toma-lá-dá-cá, além da falta de parâmetros que deveriam ser exigências para quem sentasse naquelas cadeiras, tornam a carreira política no Brasil uma busca por emprego, geralmente apadrinhados por alguém que já está inserido no esquema.
A reforma política torna-se uma exigência e uma urgência, porém como fazê-la, se depende de quem vai perder com ela? É a mesma coisa com as reformas que poderiam acabar com a corrupção, mas estão engavetadas nos escaninhos dos presidentes das casas parlamentares. Os políticos, em sua maioria, sofrem processos relativos a casos de corrupção, logo não interessa a nenhum deles reforçar um sistema que possa punir ladrões do sistema público. Afinal não querem jogar contra eles mesmos.
Certos fatos são interessantes no processo político brasileiro, como o poder acumulado pelo presidente da Câmara Federal, pelo simples fato de caber a ele decidir qual processo é colocado em pauta. A Reforma Tributária está aí para constatar a má vontade do ex-presidente da Câmara, que travou a votação até quando pôde, atrapalhando a vida do povo brasileiro e fazendo crer que o governo não tinha projeto. Na verdade, o Rodrigo Maia queria vetar o projeto do Paulo Guedes e se criou esta guerrilha política de egos que só atrapalhou a vida do nosso país.
As criações dos tais Blocos Parlamentares levam a uma questão que muitos teóricos ainda tentam manter viva na política brasileira: a divisão entre direita e esquerda como ideologias de pensamento político. Na verdade, quando os blocos se uniram para buscar em um primeiro momento a presidência da casa e no segundo momento os cargos na mesa diretora da Câmara federal, o que se viu foi uma mistura de interesses onde não interessou em nenhum momento o lado ideológico do partido ou a posição ou oposição.
Finalizando, quando se analisa esta miscelânea de interesses escusos que permeiam as atividades parlamentares do nosso país, ficamos no mínimo entristecidos, com a dificuldade de nosso país crescer e amadurecer no campo político, quando tenta e consegue na maioria das vezes, crescer em tantos outros campos. Diga-se de passagem, muitos dos problemas que impediram o crescimento do nosso país no campo econômico e tecnológico, vem dessa barreira infeliz que impera em Brasília. Gastos cada vez maiores com salários e benefícios para parlamentares e a casta mais abastada de funcionários públicos. Reforma Administrativa que não sai por conta da VELHA REPÚBLICA.