14 de setembro de 2024

Uma nova ideologia para viver

Divulgação

A entrevista dada por Bolsonaro à CNN no dia 16 de abril de 2020, quando da substituição do titular da pasta do Ministério da Saúde, nos mostrou uma serenidade e uma visão estadista que precisamos em nosso presidente  da República.

Foi preciso falar da doença, dos perigos da movimentação de pessoas e da importância do distanciamento social, de forma exaustiva e repetitiva, especialmente, quando nossa população tem um nível educacional frágil, muito semelhante ao nosso Sistema Único de Saúde – SUS.

Enfrentamos com natural dificuldade nossos primeiros quarenta dias. Comparativamente a outras nações e usando de estratégias como benchmarking, seguindo com rigor as orientações da Organização das Nações Unidas, estamos vencendo bem nosso desafio pandêmico. Conseguimos empurrar, com carinho de todos os entes federativos, a curva ascendente para o final do mês de abril e maio, ganhando preciosos dias, para a melhoria da assistência emergencial de um Sistema tão frágil, mas, Único.

Não nos parece fácil, mas é preciso, manejar uma população superior a 210 milhões de brasileiros, que se alegra em cada esquina numa roda de samba, na conversa distraída da padaria, nos estádios de futebol, nas cirandas, no boi bumbá, nas praias, na feira, nas ruas…

Somos mundialmente reconhecidos pelo sorriso, pelo abraço, pelo acolhimento, pela solidariedade. 

Um Brasil continental e tão diverso exige estratégias de defesa articuladas, num novo pacto federativo de estados unidos do Brasil e pelo Brasil. 

Seria interessante pensarmos em utilizar, nesse momento, uma gestão territorial fora dos limites federativos, quem sabe, e, esta é uma sugestão, utilizarmos da mesma estratégia da pasta do Ministério da Defesa, por regiões, comandos da Amazônia, Leste, Nordeste… que, articuladas com seus governadores e prefeitos, podem trazer à presidência da República um retrato mais fiel das realidades socioambientais locais de enfrentamento ao inimigo invisível.

Considerando que as áreas mais frágeis nestes 40 dias são hubs aeroportuários – São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Manaus – há de se ter um controle e a testagem mais rígidos à circulação de pessoas e mercadorias nestes espaços territoriais do Brasil, de forma que a disseminação e o sistema emergencial não operem a dizimação em massa, como vimos em Nova Iorque, principal hub aeroportuário mundial, onde covas comuns foram abertas, memorial de uma gestão presidencial que demorou muito a entender o conceito de uma pandemia.

Infelizmente, não podemos confiar na “mão invisível” do mercado. Ele, na China, faz leilão para os produtos essenciais que só eles fabricam; nos Estados Unidos da América, mercadorias compradas são interceptadas em ‘alfandegas’ que se comportam como piratas contemporâneos, à revelia da Organização Mundial do Comércio. O vírus do mercado é ‘invisível’, frio, selvagem e desempregador.

Para os que acham que o corona vírus é comunista, melhor abrir os olhos, pois parece que nosso presidente já o fez. Seu herói americano ‘morreu de overdose’ e seus inimigos estão no poder. 

Oxalá que ele possa lembrar também, o porquê de sua eleição em 2018: queremos uma ‘nova ideologia para viver’.  Não, um Estado de exceção!

Cazuza vive! 

*Daniel Borges Nava é geólogo, analista ambiental e professor doutor em Ciências Ambientais e Sustentabilidade na Amazônia

Fonte: Daniel Nava

Daniel Nava

Pesquisador Doutor em Ciências Ambientais e Sustentabilidade da Amazônia do Grupo de Pesquisa Química Aplicada à Tecnologia da UEA, Analista Ambiental e Gerente de Recursos Hídricos do IPAAM

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