15 de setembro de 2024

Uma grande caminhada começa pelo primeiro passo

O debate ocorrido no Visão JCAM sobre Indústria 4.0 no último dia 16 de novembro, trouxe às claras uma realidade da Zona Franca de Manaus (ZFM): haverá uma longa caminhada para nossas organizações atingirem um grau de maturidade digital de liderança.

Há um Ecossistema de Transformação Digital, que indicará o grau de maturidade digital das empresas, a ser construído, perseguido e/ou ressignificado que exigirá das nossas corporações: pensamentos e competências transformadoras; bem como, lideranças e processos transformadores.

Inicialmente, durante o encontro, o vice-presidente da FIEAM, Nelson Azevedo, destacou os problemas relacionados à vulnerabilidade amazônica em infraestrutura sustentável, nominando a baixa qualidade dos provedores regionais de internet e o acesso seguro à energia elétrica disponível. Contudo, os participantes da SUFRAMA, da FIEAM e do Centro Internacional de Tecnologia de Software (CITS) registraram que, diante das evidentes fragilidades locais, as empresas começam a dar o primeiro passo, “saindo da inércia”, a partir do Programa Prioritário de Indústria 4.0 em desenvolvimento desde 2019 (parceria CITS/SUFRAMA).

Neste tema, acessei o estudo do Instituto de Transformação Digital (ITD) que identificou o perfil de 5.000 empresas nacionais. Do total de 500 mil pontos de inteligência digital possíveis, as empresas pesquisadas atingiram, apenas, 45.000 pontos (9,1% do total de pontos). A escala do grau de maturidade digital de uma organização vai de: estagnado (0-40%), iniciante (41-60%), ascendente (61-80%), evoluído (81-90%), até líder (91-100%). 

A estagnação não é, portanto, uma característica exclusiva da atual maturidade ecossistêmica empresarial da ZFM. É um desafio nacional!

Podemos utilizar ferramentas digitais, estar presentes no ambiente digital, mas, em grande maioria, nossas organizações continuam a pensar/atuar de forma analógica.  Segundo o ITD, àquelas empresas que lideram a transformação digital estão operando com custos cerca de 30% menores, e ampliaram suas receitas em mais de 50%.

De certo, como afirmou o engenheiro de produção Marcelo Cavalcante (SUFRAMA) no Visão JCAM Indústria 4.0, não se faz uma revolução da noite para o dia.

Se no Século XVIII, com o vapor; no Século XIX, com a eletricidade; no Século XX, com a computação, com os cinco sensos japoneses (utilização, organização, limpeza, padronização e disciplina), com as ferramentas de Enterprise Resource Planning (ERP) e dos Sistemas de Gestão Integrada (SGI), as transformações da produção industrial se deram de dentro para fora, o momento contemporâneo da quarta revolução, com o uso da inteligência na indústria, estão se dando de fora para dentro pela primeira na história, exigindo competências profissionais inovadoras para além da nossa formação educacional conservadora, hoje concentrada numa avaliação de desempenho positivo no ENEM.

Alguns países asiáticos, como a Coreia do Sul e China, vêm preparando seus jovens por décadas, investindo em Educação, Infraestrutura, Segurança, Tecnologia, etc. Chegaram ao protagonismo mundial sem a preocupação de apostar em profissões/negócios do futuro. Reconheceram e investiram na qualificação profissional por competências inovadoras, e definiram ao desenvolvimento das suas políticas de Estado, a seguinte sentença socioeconômica: o cerne da riqueza de suas Nações é o conhecimento.

A pandemia imprimiu-nos uma hiperconexão, acelerando nossa necessidade coletiva e empresarial de adaptação, evolução e transformação. Manteremos o discurso do Brasil como país do futuro, ou nos permitiremos construir a grande caminhada do Século XXI?

Aos que temem que o mundo seja dominado pelos robôs, ou sintam insegurança quanto às transformações industriais e organizacionais exigidas, guardemos este insight do Professor Paulo Kendzerski do Instituto Transformação Digital: “o mundo vai ser dominado pelos HUMANOS… + CAPACITADOS”.

Nosso grifo intitula este artigo: UMA GRANDE CAMINHADA COMEÇA PELO PRIMEIRO PASSO!

Daniel Nava

Pesquisador Doutor em Ciências Ambientais e Sustentabilidade da Amazônia do Grupo de Pesquisa Química Aplicada à Tecnologia da UEA, Analista Ambiental e Gerente de Recursos Hídricos do IPAAM

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