10 de dezembro de 2024

Tratamento contra depressão infantil e na adolescência em UBSs

Cada pessoa possui uma particularidade. Existem pessoas mais extrovertidas, outras nem tanto, mas cada uma possui uma história. São através das vivências em família ou amigos, que descobrimos um pouco da nossa personalidade e começamos a tomar decisões a partir dali. Fatores internos e externos moldam quem somos, e precisamos nos adaptar a realidade de acordo como ela se apresenta; mas nem todos conseguem.

Considerada pela OMS como o mal do século XXI, a depressão é uma doença que ganhou espaço na sociedade após eventos recentes resultarem no isolamento social. Durante o início da pandemia, por exemplo, com as pessoas reclusas em casa, ficou mais difícil conversar ao vivo com os outros, além da não-realização de atividades relaxantes.

Segundo o dicionário, a depressão é um transtorno psicológico relativamente comum que causa tristeza persistente e impede a realização das tarefas diárias. Dependendo da intensidade dos sintomas a depressão pode ser dividida em leve, moderada ou grave. Pode surgir em qualquer idade, desde crianças até adultos e idosos. A depressão tem cura, mas o tratamento é demorado e pode incluir psicoterapia, medicamentos, convulsoterapia e algumas terapias naturais.

Nem todos procuram ajuda profissional. Seja por falta de oportunidade ou vergonha, é muito mais fácil tentar ignorar o problema, mesmo quando se está nos seus piores dias. O ser humano por si só é bastante orgulhoso em relação a pedir ajuda do outro, independente do estado mental que esteja. Infelizmente, a doença não afeta apenas os mais velhos; crianças e jovens também estão propensos a desenvolver a disfunção, e muitas vezes, não conseguem explicar como se sentem.

Foi com o intuito de viabilizar o atendimento psicossocial a crianças e adolescentes, que tramita na Câmara Municipal de Manaus (CMM), o projeto de lei Nº 177/2021 de autoria do vereador Marcio Tavares (Republicanos), visando ações para implantar o tratamento contra a depressão infantil e na adolescência nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s).

Atualmente, existem apenas quatro Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) atendendo a população. Por mais satisfatório que seja saber que ainda há investimento na área, seria mais viável direcionar pelo menos uma parte do público-alvo para unidades básicas, visto que existem duzentas e quatro unidades na capital, segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus – SEMSA. 

Abrir a porta para o atendimento do público infanto-juvenil significa desafogar as filas para atendimento e dinamizar o tratamento de quem procura por ajuda profissional. 

Ainda segundo o órgão de saúde, o núcleo de Atenção Primária registrou 8.522 atendimentos relacionados à ansiedade, depressão e alterações do sono no ano de 2020. São números que representam 171% de crescimento nos atendimentos relacionados ao ano de 2019. Já de janeiro a junho de 2021, o órgão de saúde registrou 7.111 atendimentos de usuários com sinais de depressão e ansiedade.

A pandemia não é a única responsável pelo aumento do número de casos em Manaus. O aumento de casos de violência contra a mulher gerou uma onda que foi denominada de ‘’filhos do feminicídio’’. Crianças e adolescentes que perderam a mãe de forma drástica carregam uma dor difícil de ser colocada pra fora, o que prejudica a saúde mental dos menores, deixando-os propensos a desenvolverem problemas psicológicos.

Outros órgãos tentam ajudar com apoio e assistência, como é o caso da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), oferece atendimento jurídico e psicológico para os filhos das vítimas e para os novos tutores. O projeto ganhou uma premiação nacional pelo trabalho desenvolvido e pela atenção especial dada a quem fica esquecido aos olhos da sociedade.

Diversos fatores podem influenciar a vida de uma criança que está conhecendo a vida e fazendo suas escolhas dia após dia. Muitas vezes, o ambiente faz com que mudanças súbitas interfiram no modo de pensar e agir, dificultando o crescimento saudável e feliz. Nem todos possuem as mesmas oportunidades e precisamos que os poderes viabilizem o atendimento psicossocial aos mais necessitados, uma vez que saúde mental é tão importante quanto à saúde física. 

Necessitamos de atendimentos em unidades básicas de saúde, uma vez que estão espalhadas pela cidade em um maior número, o que facilita a procura por especialistas.

André Zogahib

Presidente da Fundação Amazonprev Professor Dr. da Universidade do Estado do Amazonas

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