18 de setembro de 2024

‘Thanksgiving’ ao gesto de vestir a camisa

Este ano, o Thanksgiving Day (Dia de Ação de Graças) foi comemorado em 25 de novembro. Nos Estados Unidos, Canadá e ilhas do Caribe, o feriado é uma tradição celebrada por aqueles povos desde os séculos XVI e XVII, em gratidão a Deus. Celebram com orações e festas pelos bons acontecimentos ocorridos durante o ano, especialmente, a colheita do alimento cultivado, armazenado nos celeiros do final do outono, provendo de recursos as famílias e comunidades ao enfrentamento do frio inverno que se avizinha.

Estar vivo dentro de uma pandemia não foi uma tarefa fácil. Você que me lê, neste momento, o que significa que fomos agraciados pela vacina providencial, científica, portanto, divinal, que nos garante a resiliência necessária de se vencer um inimigo invisível e letal, é um sobrevivente.

Vestir a camisa da promoção pública de saúde exigiu, de nós, solidariedade a partir da consciência auto protetiva e coletiva, pelo uso obrigatório das máscaras e necessário distanciamento social.

Sobrevivemos, graças a Deus!

No ato de inauguração do Centro de Monitoramento Ambiental e Áreas Protegidas (CMAAP), do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), ocorrido na tarde do dia 22 de novembro de 2021, um gesto do governador Wilson Lima chamou atenção aos presentes: nenhuma autoridade do executivo estadual havia vestido a camisa verde do órgão de controle ambiental, que usamos no dia a dia do nosso trabalho.

O CMAAP reforça no Amazonas, com suas tecnologias (uso de imagens de satélite de média e alta resolução, softwares e drones), os trabalhos de fiscalização e monitoramento de desmatamento e queimadas ilegais, agilizando processos de licenciamento e vistorias ambientais. Torna-se, ainda, um espaço de referência para pesquisas, levantamentos e acompanhamento dos recursos naturais.

O Centro conta com uma área total de 1.250 m², com auditório para 100 pessoas e um sistema de monitoramento com dez dashboards (painéis visuais de informações) que, em tempo real, permitem, por exemplo, o acompanhamento diário das áreas protegidas no Amazonas (o estado possui 42 Unidades de Conservação – UC). Atuam cerca de 140 servidores das Gerências de Geoprocessamento (GGEO), de Controle Agropecuário (GCAP), de Fiscalização Ambiental (GEFA) e de Tecnologia da Informação (GTI), além da área de Controle de Sistemas Informatizados (CSI) do IPAAM.

E como isso fortalece o controle ambiental no Amazonas?

Como o  IPAAM amplia sua capacidade de monitoramento, com dados temporais que permitem a observação contínua da cobertura vegetal nas áreas de maior degradação potencial (um sistema que detecta qualquer mudança, 24 horas do dia, 365 dias do ano) e integração de sistemas e bancos de dados (propriedades inseridas no Cadastro Ambiental Rural – CAR, empreendimentos licenciados e áreas protegidas – Unidades de Conservação Estadual, Federal e Terras Indígenas), o Amazonas materializa sua “inteligência 4.0”, instrumento vigoroso ao combate de ilícitos e agilidade nos procedimentos de licenciamento ambiental.

Na contramão dos pedidos de desculpas do Governo Federal por sua incompetência de defesa do território amazônico, o governador Wilson Lima distancia-se do discurso oportunista do “passar a boiada”, do desenvolvimento a qualquer custo e irresponsável. 

Ao reconhecer o papel protagonista do Servidor Público do IPAAM, muitos com mais de 40 anos dedicados à história da Política Estadual de Meio Ambiente, basilar ao desempenho econômico das diversas atividades produtivas no Amazonas, o governador Wilson Lima foi aplaudido de pé ao anunciar o Concurso Público (promovendo a oxigenação urgente dos quadros do Órgão e menor dependência da terceirização vigente) e a criação do Grupo de Trabalho que o proverá, definitivamente, das informações internas para a correção do descaso histórico de governos passados, quanto à progressões e reajustes salariais, datas bases e direitos devidos, e nunca incorporados. 

Desde que tomei posse no IPAAM, o valor do meu salário continua o mesmo desde agosto de 2011. 

Há dez anos, a corrosão da inflação que, hoje, vige em dois dígitos, ganhando o equivalente a cerca de 30% do piso mínimo regulamentado pelo Conselho Regional de Engenharia (CREA), acompanhamos o colapso do sistema ambiental no Amazonas pela falta de políticas públicas. 

O grito de penúria pela falta de oxigênio no simples direito ao trabalho ressoou no gesto carinhoso de vestir a camisa verde do IPAAM da nossa autoridade máxima, que tem na caneta “bic”, produzida na fábrica licenciada do Polo Industrial de Manaus, a responsabilidade de prover dignidade no Serviço Público de Meio Ambiente amazonense.

Seu gesto estadista, governador Wilson Lima, foi ovacionado pelos presentes. Num período de tanto descrédito político é tempo de agradecer, em nosso Thanksgiving local, o carinho da sua presença, do investimento público em inovação e nas pessoas, e do reconhecimento do papel do IPAAM na pujança econômica do Estado.

Que Deus, nosso Pai, abençoe o Governo Wilson Lima!

Daniel Nava

Pesquisador Doutor em Ciências Ambientais e Sustentabilidade da Amazônia do Grupo de Pesquisa Química Aplicada à Tecnologia da UEA, Analista Ambiental e Gerente de Recursos Hídricos do IPAAM

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