Se fizermos uma enquete entre as pessoas de meia idade ou mais, para perguntar qual foi o pior ano de sua vida, muitos diriam que foi este ano de 2020. Para um agricultor o pior é quando não chove na época certa, ou chove demais quando não deveria. Para o mundo foi o covid 19. O homem moderno não acreditava mais que uma catástrofe nessas proporções ainda pudesse acontecer em nosso século. O mundo todo parou e viu sua economia se esfarelar.
Contudo, o homem forjado nesse fogo das intempéries renasce mais forte, mais planejador, menos esbanjador, mais equilibrado. Depois de ouvir por meses a fio de como ele é fraco, é vulnerável, que vai morrer porque um vírus assim o quer. E vê a mídia aumentar o fantasma da doença numa orquestração demoníaca, o homem descobre que ele é muito mais que querem fazer dele. A retomada vai acontecer sem muito alarde, com muitas mudanças, com maneira diferente de encarar a vida e o trabalho.
O corona vírus não acabou, talvez nem diminua, mas deixa de receber a atenção que atualmente recebe da grande mídia. Esta, por sua vez, está visivelmente combalida e desacreditada e precisa urgentemente se reinventar. A classe média que ia a padaria cedo, comprar pão e jornal, volta para casa sem o último item. Já tem informação demais na palma da mão. Televisão tendenciosa pra que? Dizem os puritanos que, com muita gente sem preparo produzindo notícias, estas podem se tornar danosas para o público comum. Mas este aprende rápido a descartar as fake News com as quais é bombardeado várias vezes por dia. Em todos os casos, nada pode ser tão grave quanto a paranoia orquestrada pela grande mídia, com jornalistas experientes, que promoveu a divulgação ampliada e repetida 24 horas por dia os transtornos causados pela Covid 19.
O mundo aprendeu a usar a mídia digital, nas escolas, nas empresas, na política. Muitas empresas que promoviam reuniões caras, com passagem de avião e hospedagem, aprenderam a fazê-las de maneira virtual. Essa estratégia também veio pra ficar.
O que esperar de 2021? Sem dúvida que será o ano da retomada. Contudo, há muitas coisas que devem se assentar primeiro. Diria até que é o ano de baixar a poeira. Evidentemente muitos produtos novos vão surgir. Isoladamente algumas empresas vão se sobressair. Outras, entrarão no ano enfraquecidas e incapazes de criar grandes novidades que não seja o de tentar arrumar a casa, negociar dívidas que se acumularam, rever contratos e administrar de maneira draconiana seus gastos. Muitos empresários vão emplacar novos produtos. Práticos e baratos porque foram criados para fazer frente a uma crise sem comparações.
O desemprego vai continuar? Pelas razões acima expostas, os empregadores terão muito cuidado em aumentar seu quadro de colaboradores. Por isso, quem continuar sem um emprego formal (não serão poucos) deverá ser criativo para ter alguma renda. Com isso, a informalidade deve crescer.
A velha conhecida e temida inflação não deve voltar com força total. Os produtos de origem agropecuária que tiveram uma considerável alta durante a pandemia devem voltar a patamares menores o que é bom para o consumidor e desestimulante para o setor produtivo.
As previsões são lúgubres? Nem tanto. As pessoas reagem qual uma bola que é lançada. Se houver ar nela, ela vai quicar e se oferecer para ser chutada. Se não for para o alto, que ao menos role e se mantenha em movimento. É o ânimo das pessoas que move o mundo. O homem é muito mais que fruto das circunstâncias. Nós temos uma força curativa em nosso interior, que pode se multiplicar de conformidade com os estímulos que irá receber. Acreditando na força das pessoas, acreditamos num futuro melhor. Afinal, temos um exemplo a nos espelhar: o Jornal do Comércio completa 117 anos. Navegou muitas vezes por águas mais turbulentas que agora, e está em pé e jovem.