11 de dezembro de 2024

Sem falar na Zona Franca, campanha eleitoral termina em Manaus

Os candidatos em campanha eleitoral para a Prefeitura Municipal de Manaus, que deve eleger prefeito no próximo domingo, dia 29 de novembro, parecem ter esquecido o Polo industrial de Manaus (PIM) e suas indústrias desde a disputa e a campanha para o primeiro turno das eleições municipais.

O modelo de incentivos que respalda a economia não só de Manaus, mas do Estado do Amazonas, não parece sensibilizar os candidatos que estão – ou estiveram – na disputa eleitoral deste ano, mesmo com a pandemia e as dificuldades decorrentes dela que recaem sobre as indústrias incentivadas não foram suficientes para que se pronunciassem. Aquele que for eleito, como se sabe, terá, como prefeito, assento no Conselho de Administração da Suframa (CAS).

Assim, é interessante registrar os percalços que a Zona Franca de Manaus (ZFM) vem enfrentando. Entre essas dificuldades podemos enumerar, por exemplo, os principais custos da indústria do PIM em relação ao faturamento, os quais, conforme o Caderno de Indicadores publicado pela Suframa, indica que passaram e 53% em agosto de 2019, para mais de 58% no mesmo mês deste ano, medidos em dólar, conforme os demais que aqui registramos.

Este é apenas um dos fatores de impacto que o coronavírus trouxe ao Polo Industrial de Manaus.

A importação de insumos é outro quesito que indica problemas, conforme os Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus, referentes ao mês de agosto último, a importação de insumos caiu 18,78%, entre agosto de 2019, quando as importações atingiram 6.12 bilhões de dólares, enquanto neste ano ficaram em 4.97 bilhões de dólares. É uma baixa de 19%.

As dificuldades da indústria manauara também se espelham na média mensal dos investimentos produtivos do PIM. Em 2019 essa média era de 8.55 bilhões de dólares e caiu, em agosto de 2020, para 6.60 bilhões de dólares. Uma queda de quase dois bilhões de dólares em 12 meses e equivalente a 22,8%.

No entanto, pelo menos um dado positivo a Zona Franca de Manaus tem para exibir e é um dado relevante por tratar-se do contingente de postos de trabalho mantidos no PIM. Em conformidade com os Indicadores de Desempenho da Suframa, a mão de obra efetiva, mais a mão de obra temporária e a terceirizada, atingiram 91.902 postos em agosto deste ano. No ano passado, o número era de 91.163 trabalho um acréscimo de 739 empregos criados nas indústrias de Manaus.

Mesmo o faturamento da ZFM, que em reais apresenta expansão de 3,17%, quando a régua de medição passa a ser o dólar, a coisa se complica e as perdas acumuladas são superiores a 21%. Neste particular, há setores que perderam mais de 55% de suas vendas, como é o caso do polo relojoeiro, enquanto outros, maiores e mais expressivos, como de eletroeletrônicos perdeu 23%; bens de informática caiu 10%, apesar da demanda maior ocasionada pela pandemia.

Também o segmento de duas rodas perdeu faturamento, com baixa que atinge 32%.

Apesar destes números, os dois últimos candidatos na campanha eleitoral que encerra no domingo, com a eleição em 2º turno, assim como os outros nove expurgados do processo no dia 15 de novembro, nada dizem acerca do modelo Zona Franca de Manaus. É de se perguntar se “apenas” esqueceram que o PIM é a alavanca mestra da economia do Amazonas ou se pensam que não têm responsabilidade também nessa seara.

Eustáquio Libório

Jornalista

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