4 de outubro de 2024

Saúde mental e pandemia: como equacionar?

A gente já andava estressado antes da pandemia, imagina agora? Reclamávamos que trabalhávamos muito, pois com a crise econômica, a maior parte das empresas diminuiu sua força de trabalho e quem ficou, ficou pra trabalhar três vezes mais ou mais! Aí veio a Reforma Trabalhista, que ajudou na realocação de algumas pessoas, porém sob nova realidade, com redução de benefícios trabalhistas, e assim os tais dos CNPJs explodiram pelo país afora e o sentimento de insegurança também. Isso, mais a situação política e econômica do país, os baixos salários, as poucas perspectivas no futuro próximo foram despejados na nossa goela abaixo, impactando na nossa saúde mental. Mesmo assim, nem sonhávamos que éramos felizes, porque depois de março deste ano, tudo mudou!

Otimista, mas realista

Claro que os otimistas, como eu também me considero, mas não penso exatamente dessa forma, vão dizer que há muitas oportunidades em tempos de pandemia e que um novo mundo surge cheio de novidades. Em minha opinião, isso é uma meia verdade!  Porque o preço que – às vezes pagamos em meio a essas mudanças bruscas – é muito alto e pode custar a saúde mental! Nem todos pensam ou respondem da mesma forma tranquila e é preciso considerar as diferentes maneiras de reação.

Justamente por pertencer à esfera mental, a gente costuma ou não dar importância ou achar que sicrano ou beltrano tá exagerando e não sabe se controlar emocionalmente. Esse julgamento é muito simplista e cômodo para aquelas pessoas que até podem lidar melhor com tantas mudanças e permanecem com a cabeça bacana, mas a gente sabe que essa fatia não representa a maioria de nós!  

Da cuca pro corpo

A verdade é que o desequilíbrio da saúde mental colabora para o desenvolvimento de muitas doenças no corpo físico. Então, o sofrimento por assistir tantas mortes por causa do vírus, isolamento social, medo de contrair a doença e ou ficar desempregado, entre outras situações, também reverberam no corpo por meio de crises de ansiedade, síndrome do pânico, insônia e estresse, por exemplo.  Pior, quando atingem o estômago, coração e outros órgãos. Saúde mental não é brincadeira!

Eu vivi e experimentei

E mesmo que esse cenário pareça quase insuportável e assustador, a vida segue e como manter a saúde mental em meio à pandemia? Como conseguir algum equilíbrio mental com tantas consequências do vírus?  Bom, eu vou relatar um pouco do que eu passei, observei e ressignifiquei! Encontrei algumas formas para manter a paz interior e seguir mesmo sem saber ao certo o que iria acontecer!

01-)  Informação de qualidade: procurei me informar com boas fontes e montar um cenário mental do que estava acontecendo, como eu deveria me comportar naquele momento e o que era preciso fazer para  manter minhas atividades e dar o melhor suporte aos meus clientes;

02-) Não me desesperar: se eu me desesperasse iria perder o fio da meada e isso não ajudaria em absolutamente nada, pelo contrário. Então, a calma e a paciência são primas da inteligência emocional;

03-) Procurei, dentro do possível, manter minha rotina estável, mesmo que alguns novos hábitos fossem incluídos: de qualquer forma, procurei entender que nada é eterno e que esta crise iria passar. Essa sensação de que a situação era por um tempo limitado e que tinha prazo de validade, me tranquilizou, porque mesmo que muita coisa não volte a ser como antes, nada será tão ruim quanto o desconhecimento e a incerteza e indefinição do primeiro momento da pandemia.

4-) Aproveitar o momento para repensar minhas posturas, prioridades e o modo como estava vivendo: isso é muito enriquecedor! Quando a gente consegue tirar as lições e aprender a ser melhor mesmo durante um período obscuro.  

5-) Momento solidariedade: tornei-me mais solidária, passei a doar mais, passei a usar meu conhecimento e interação com a imprensa para ajudar a divulgar e publicar as ações e iniciativas que estavam pipocando por todos os cantos, tentando ajudar – principalmente – os pequenos negócios, inclusive, passei a comprar produtos de pequenos empreendedores, e mais, entender o real valor de cada vida. Isso realmente me fez sentir melhor!

6-) A meditação me acalmou: parar 10 minutos, se possível de 2 a 3 vezes por dia, para acalmar a mente me ajudou a manter a paz de espírito e a reforçar  a autoconfiança. Quando a gente se sente seguro em si mesmo, o conforto e bem-estar tomam conta do nosso ser e tudo tem menos impacto!

Mesmo que cada um de nós reaja de forma individual, o importante é buscar o que faz bem para a mente, corpo e alma! Enfim, as mudanças são profundas, há muitos desafios pela frente e mal podemos prever como será a próxima semana. Mesmo em graus diferenciados, estamos todos num barco gigante e precisamos remar. Reforçar a fé e a esperança já é uma maneira positiva de contribuir para que todos estejam bem, inclusive a saúde mental!  

Cristina Monte

Cristina Monte é articulista do caderno de economia do Jornal do Commercio. Mantém artigos sobre comportamento, tecnologia, negócios.

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