O mundo certamente convive com a maior ameaça depois da Segunda Guerra Mundial. As gerações que hoje aqui habitam assistem, perplexas, a uma luta desleal contra um inimigo invisível que nos aflige, nos aterroriza e que dizima milhares de vidas. Aos profissionais da saúde e a todos que participam desse enfrentamento, gratidão eterna, reconhecimento e preces.
O objetivo comum a todos, portanto, é salvar vidas. Não interessa a posição social, o grau de instrução, a riqueza. Estamos todos nivelados e igualmente corremos riscos. Políticos e empresários poderosos estão, nesse momento, tão ameaçados quanto os pobres. Os arrogantes estão falando mansamente. Nações poderosas estão de joelhos. Qual a pressa? Salvar vidas!
Todos os governantes, de qualquer esfera de governo, são obrigados a articular soluções para conter a pandemia. Aí entram o equilíbrio, a sensatez e a capacidade técnica em elaborar planos de contenção, além de servirem de exemplo para a população, pois cabe a nós obedecermos às diretrizes das autoridades para que o objetivo maior seja alcançado.
Não nos interessa, nesse momento com tantas preocupações, acompanhar fatos lamentáveis e conflitos abertos e amplamente divulgados entre autoridades federais, estaduais e municipais. Ao comandante maior cabe pegar o leme e nos conduzir a mares calmos. E não interessa a ninguém ver e ter os seus governantes doentes, expostos e enfraquecidos. Precisamos deles!
Não é hora de se usar a rede nacional de rádio e televisão para mandar recadinhos para os seus desafetos, como na penúltima inserção. Ao povo preocupado não interessa se existe rusga de governante com alguém. O ódio de um pode não ser o ódio de outra pessoa. Curtir o ódio do outro e turbinar isso nas redes sociais é insensatez e falta de inteligência.
Mais ridículo ainda é organizar passeatas e carreatas em plena pandemia. Ver autoridades envolvidas nisso, inclusive aqui em Manaus, fugindo de suas verdadeiras missões ou atribuições, é de uma irresponsabilidade que precisa ser denunciada e combatida.
Conheço gente, por exemplo, que nunca foi a uma reunião do seu condomínio, do seu sindicato ou da sua associação, e hoje posta de forma enlouquecida convocações para manifestações, com imenso risco de contaminação.
O pior é que nesse meio tem gente falando em fechar o Congresso, STF e demais instituições que ao menos discorde de posicionamentos de alas agressivas, que invadem as redes sociais plantando ódio nas pessoas e instigando o confronto. Afinal, o que querem? O fim da Democracia? Uma ditadura?
Enquanto pessoas replicam mensagens ridículas, sem ler, talvez algo que não seja interessante esteja sendo arquitetado. Enquanto servem de escada para uns, esquecem dos nossos reais objetivos enquanto Nação.
Escrevo sem ser filiado a nenhum partido político, e mesmo assim, quando se desagrada à turma do ódio você fica exposto, até porque a maioria sofre calada, sem forças pra se manifestar.
Nos grupos criados no Whatsapp para se discutir o bem comum ou os interesses coletivos, você é obrigado a receber muito lixo e coisas falsas desde a madrugada. Pessoas já não dão bom dia e entram com uma enxurrada de postagens que chegam através de várias pessoas na forma de rodízio. E ai de uma pessoa discordar: no domingo foi a vez do chefe da OMS ser bombardeado nacionalmente. O homem teve até a sua origem atacada.
Mesmo diante desses desencontros, vale elogiar a postura do ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, escolha acertadíssima do atual governo, que demonstra nas suas explanações serenidade, competência, equilíbrio, excelente raciocínio e sem nenhum exagero, artigos de luxo no atual momento.
*Augusto Bernardo Cecílio é auditor fiscal e professor.
Fonte: Augusto Bernardo