O fato de não termos produção interna de milho em grão em grande escala por questões ambientais e fundiárias nos leva a total dependência desse importante insumo para criação de animais de outros Estados, principalmente de Mato Grosso. Além disso, mesmo tendo 97% da floresta preservada, não estamos recebendo tratamento diferenciado do governo federal, nem do mundo, que nos impõe o preço de R$ 100,20 a saca de 60 kg em nosso Estado. O quilo é o mais alto do Brasil (R$ 1,67 kg). Isso significa desemprego na área rural do Amazonas. Em síntese, não podemos plantar, nem temos preço diferenciado no Programa Vendas em Balcão. A regional da Conab tem tentado mudar este cenário, mas não conseguiu. Para tentar rever esta grave situação, a Faea (Federação de Agricultura e Pecuária do Amazonas) tem se esforçado, tanto que, foi muito boa a participação do presidente da Faea, Muni Lourenço, na reunião que teve a participação do Ministério da Economia, da Agricultura, diretoria da Conab/Brasília e presidente das Federações ligadas a CNA. Encontro que também foi provocado pela Faea que teve como pauta exclusiva o Programa de Vendas em Balcão operado pela Conab. Muni foi um dos primeiros a falar, tocou no declínio do estoque público, alto preço praticado (maior que alguns varejistas), que no AM o programa já chegou a atender centenas de criadores, mas nesta primeira quinzena de abril só atendeu 17 (dezessete) criadores cadastrados. Também mencionou o baixo estoque no Amazonas, em torno de 280 toneladas, e que se nada for feito o programa caminha para o fim no Brasil gerando prejuízos enormes a todos os envolvidos na cadeia produtiva que envolve aves, peixes, suínos e bovinos. Ele também mencionou um ponto super importante. O estoque público já teria acabado se não fosse a saída da atividade, a indesejável quebradeira de vários produtores rurais devido ao alto preço do insumo. No encontro, foi informado que o governo federal está estruturando uma medida emergencial que permitirá à Conab adquirir milho via leilão público e garantir a matéria-prima para abastecer o Programa e consequentemente as regiões que têm mais dificuldades de acesso ao cereal. Só resta aguardar essa medida emergencial e que, de fato, venha a ter sucesso e recompor parte do estoque público. Só não pode demorar muito, pois o estoque está acabando (54 mil em MT) e os reflexos negativos dessa paralisação serão desastrosos.
Maior união nas reivindicações
Agora, entendo que os produtores rurais e respectivos grupos formais (associações e cooperativas) que questionam acertadamente esse inaceitável alto valor praticado precisam ir além dos comentários no Facebook, WhatsApp, Instagram, entre outros. Esse questionamento tem que ser encaminhado, formalmente, para a Conab, Mapa e Ministério da Economia. Todos esses órgãos têm canal de comunicação aberto no próprio site. Além disso, esses pedidos formais devem ser encaminhados aos parlamentares e entidades que representam o setor. Isso fortalece nossa reivindicação. Quando ainda na ativa na regional da Conab/AM passamos por problemas semelhantes, em determinados momentos conseguimos sensibilizar a direção, em outros não. Mas sempre notei a ausência de pedidos formais (carta, ofício, atas de reuniões) do próprio produtor rural e sua associação ou cooperativa . O pleito quando vem da base ganha muito mais força. Precisamos sair do individualismo, e ponderar formalmente, e em grupos, além das redes sociais, mas também diretamente aos órgãos envolvidos, seja física ou remotamente. Nosso Estado aparece, novamente, com o maior valor, ou seja, R$ 1,67 kg, equivalente a 100,20 a saca de 60 kg ou R$ 83,50 a saca de 50 kg (No AM, a saca vendida é de 50 kg, e o preço equivalente a 50 kg = 1,67 kg x 50). Nosso setor precisa de mais união, sem briga, e com muita fundamentação e respeito nos pleitos. Temos argumentos sobrando, nem precisamos sequer aumentar o tom de voz para defender nossas reivindicações. Estamos no Estado mais preservado do mundo, ou isso não é importante? Temos que fazer valer a floresta em pé, mas o homem também. No caso do milho da Conab, só a MP que está tramitando pode impedir a paralisação do programa, mas penso que não resolve a questão do preço. O presidente Muni Lourenço, da Faea, está, junto com a CNA, acompanhando a tramitação da MP cujo teor ainda não é conhecido em detalhes.