13 de dezembro de 2024

Reinventando a educação

Eu nunca apanhei de palmatória nas escolas que frequentei. Você sabe o que era uma palmatória de escola? Bem, na época era permitido dar umas palmadas nas mãos dos alunos desatentos ou que errassem muitas perguntas na sala de aula. Em alguns países, esse alunos eram colocados em destaque, não canto da sala, com um chapéu escrito DONKEY, ou BURRO. Naquele tempo, as aulas iniciavam após um formatura dos alunos, com o canto do Hino Nacional e hasteamento do Pavilhão Nacional (BANDEIRA DO BRASIL). Mais tarde, antes de ingressarmos no então Ginasial, o que equivale a uma das atuais fases do Ensino Fundamental, tínhamos que cursar o Admissão, e era um ano de resumo de todas as matérias e com profundidade. Era difícil, sim. E também servia como um nivelador de conhecimentos para todos os alunos, pois igualava, em tese, os conhecimentos oriundos de boas escolas e de escolas excelentes.

Então, ingressávamos no período de 4 anos do Ginasial, onde a carga de matérias era muito abrangente e diversificada. Nesse período estudávamos, obrigatoriamente, Inglês, Francês e Latim. Isso já no início dos anos 70. Claro que havia algumas diferenças entre as ementas de cada escola, mas, a base era muito semelhante. Posteriormente, ingressávamos no mundo do Colegial, o que corresponde atualmente ao Ensino Médio. Esse era o terror. Tinha Química, Física, Geometria Descritiva e outros terrores para os discentes. Então, após os 7 anos de Ginasial e Científico, nos reuníamos no Maracanã, no Rio de Janeiro, com o Sol a pino, para fazer a prova unificada, no contexto de uma Reforma Universitária, o famoso e aterrorizante Vestibular! Ah, sim, desde os anos 60 o Brasil vive tais Reformas na Educação, entra período e sai período.

Nas Instituições de Ensino Superior, naquela época conhecidas apenas como Faculdades, residia o sonho de todo estudante que almejava crescer na vida. E era muito difícil mesmo, por vários motivos: as Faculdades privadas eram caríssimas, as públicas eram extremamente concorridas, e, além disso, existiam poucas opções. Poucas em relação ao Brasil atual. Paralelo a isso, existia uma mística de sucesso intermediário: cursar Datilografia, ser um Datilógrafo! Hoje, seria um Digitador. Eu nunca aprendi a datilografar e nem a digitar. Ainda sou um catador de milho. No final dos anos 60 e início dos anos 70, na verdade até os anos 90, sim, a sociedade dividia o mercado de trabalho para os estudantes em dois grupos: os formados em Faculdades e os Datilógrafos. E, acreditem, sempre houve vaga no mercado para datilógrafos, que eram os profissionais que redigiam textos e gravavam as contas.

Eram os letrados do mercado, sim. E eram vitais na praça! No final dos anos 80, no contexto de mais uma das milhares de Reformas do Ensino e da Educação, e a partir do início dos anos 90, durante meus 2 anos de Mestrado, os professores se chamavam de facilitadores e tínhamos muitas formas de aprender: estudo em grupo, tarefas a domicilio com temas atuais para desenvolver etc. O interessante é que, hoje em dia, aquilo que aprendi nos anos 80 e 90, se chama Metodologias Ativas e muitos cursos na Internet oferecem este conhecimento, a preços módicos em alguns casos. E poderia se consumir quilômetros cúbicos de tinta de impressora para abordar e imprimir todas a mudanças na Educação que ocorreram nos últimos 59 anos, e essas eu vivi. O bom de ter vivido é que você tem a base real para discutir, ao invés de aceitar, simplesmente,  as ideias de outrem.

E o interessante é que as “mudanças” na Educação variam com os governos, mas sempre voltam ao mesmo ponto: mudar, para ficar igual. Hoje o acesso ao diploma de Ensino Superior está mais facilitado e isso é muito bom. Mas, muitos desses jovens com diplomas conseguidos de forma mais facilitada, sucumbem na primeira entrevista de RH em busca de emprego. E isso é ruim. A folha de papel grafada com o Diploma tem que acompanhar o conhecimento adquirido. E o jovem tem que saber usar este conhecimento. Enfim, a vida segue seu curso. Finalizo com uma frase que me agrada muito: Conhecimento é algo que cresce quando se divide !

Carlos Alberto da Silva

Coronel do Exército, na Reserva, professor universitário, graduado em Administração e mestre em Ciências Militares

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