A volta do “coronavoucher” vai ser um tiro no pé do presidente. A oposição está feliz da vida com esta possibilidade, a mídia só é respeitosa com o presidente quando toca no assunto. Veneno na veia. Tem de melhorar o Bolsa Família, agregar mais uns poucos milhões e lutar pela retomada do emprego, do investimento, da normalidade no comércio, indústria e serviços, pela via da vacinação acelerada e desburocratizada.
O mundo todo corre atrás da mesma coisa: atrair investimentos num mercado altamente líquido, portanto, com dinheiro para alocar em bons projetos. Mas o Brasil só pode entrar nesta disputa com as reformas, que são mais profundas do que as colocadas na pauta pelo Congresso. Mas mesmo sim sem uma divida impagável e de difícil rolagem com estes juros.
Como pode atrair algum investimento na produção, um país em que o Judiciário, no caso Trabalhista, pela decisão monocrática de um juiz exigir que uma fábrica desativada mantenha seus funcionários, não podendo os despedir com todos os direitos garantidos, é claro. Foi o caso da Ford, de naturais repercussões externas. A insegurança jurídica está ainda sendo restabelecida com as mudanças que procuram anular a inquestionável diminuição da corrupção no país. Primeiro, a questão da segunda instância, agora aceitando provas ilegais, colocando em risco todo e qualquer cidadão ou empresa pela via da violação de seus e-mails e telefones. Foi-se o tempo em que a violação de mensagens era crime grave. Pela Constituição de 1946, a correspondência era inviolável.
O presidente tem sido um desastrado nessa área. A começar pelo convite ao juiz Moro para seu ministério, sem perceber que ele, apesar das qualidades de magistrado, não passaria de um provinciano, deslumbrado com a notoriedade e o aplauso nacional. Agora já se percebe que errou na escolha do ministro do STF, quando poderia ter recrutado um jovem valor nas bancas de advogados de nossas principais capitais, ricas em talentos.
O ministro Paulo Guedes é nota dez, na teoria, e cinco, na prática. Não sabe fazer política e exerce cargo político, não luta pelas boas causas que abraça e acabou se tornando vulnerável, pouco popular na equipe ministerial. O Presidente deveria ter indicado um bom assessor parlamentar e de imprensa para ele.
Prioridade para o futuro político do presidente, para a confiabilidade no país, é concentrar todas as atenções na pauta econômica, com velocidade. Não estamos sozinhos na caça ao capital. E somos vulneráveis no endividamento público, na fragilidade dos ativos decorrentes do endividamento de estados e municípios. As ideias são boas, a execução, no entanto, é lenta e divide espaço com a política menor. O Congresso está em boas mãos. O presidente deve observar que seus ministros de reconhecido sucesso, como Tarcísio Freitas e Tereza Cristina, não se envolvem em disputas, em atritos, concentrados na eficiência no cumprimento da missão recebida. Assim como o saudoso Ibrahim Sued, alvo de críticas, que não respondia e terminava suas colunas com fina ironia, com a seguinte frase: “Os cães ladram e a caravana passa”. Quando estava fazendo esportes de inverno na Suíça, substituía o “passa”, pelo “esquia”.
Bolsonaro deve cuidar da obra que vem realizando e do futuro, dele e do país. Chega de breguice! E responder aos cães que ladram…