Temos visto nos últimos tempos no Brasil a intensificação das campanhas temáticas nos meses do ano, com o uso de cores específicas para simbolizar as orientações, os exames e a conscientização acerca de determinadas doenças, ressaltando quais os públicos são mais vulneráveis a estas e as medidas para se evitar ou atenuar estes males.
Recentemente tivemos, mais uma vez, o Outubro Rosa (mês de prevenção ao câncer de mama, que incide majoritariamente em mulheres, mas também pode acometer homens, mesmo que em menor escala) e agora iniciamos o Novembro Azul (que foca na questão do câncer de próstata, uma luta que enfrenta ainda um grande tabu e resistência por parte de muitos homens que se recusam a fazer o exame preventivo). Outros meses também têm campanhas atreladas ao combate a diversas enfermidades, como por exemplo: Janeiro Branco (Saúde Mental); Fevereiro Roxo e Fevereiro Laranja (Alzheimer, Fibromialgia e Leucemia), Abril Azul (Autismo), Junho Vermelho (doação de sangue), Agosto Laranja (Conscientização e Prevenção à Esclerose Múltipla), entre outros; inclusive tendo mais de uma doença-tema por mês.
E essa empreitada não começou agora. Ainda na década de 1990 uma organização de combate ao câncer de mama, chamada Fundação Susan G. Komen for the Cure, iniciou um processo em que laços na cor rosa foram distribuídas aos participantes da ‘Corrida pela Cura’, em Nova York. Anteriormente, no ano de 1988, foi criado pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidades (ONU) em conjunto com a Organização Mundial de Saúde, o Dia Mundial de Luta contra a Aids, tendo como simbologia o laço vermelho, com o mês de dezembro como o escolhido para representar a causa.
Diante de tudo isso, nos cabe confirmar, mais uma vez, que a questão de saúde preventiva é o melhor caminho. O nosso país é um lugar que carece de uma amplitude de cobertura de acesso aos serviços de assistência médica, especialmente de média e alta complexidade. Da mesma forma, a área de saúde básica também é sobrecarregada e não consegue atender as demandas da população em geral.
Está mais do que hora de o Estado Brasileiro inverter a lógica de investimento, priorizando as políticas públicas de saúde preventiva, uma vez que grande parte das patologias podem ser evitadas ou menoradas por meio de ações como: cuidados com a higiene; prática de exercícios físicos, alimentação saudável; correto e completo processo de imunização nas faixas etárias adequadas (vale ressaltar que o Plano Nacional de Imunização do Brasil é um dos maiores projetos do Planeta nesta área), além de outras medidas neste sentido.
Além de tudo isso, é fato comprovado que as despesas com “saúde curativa” são muito maiores do que o investimento em qualidade de vida e prevenção de doenças.
O Brasil tem todas as condições de ter, na prática, um modelo de assistência médica de excelência, pois, o Sistema Único de Saúde (SUS) é, comprovadamente, um dos programas de saúde pública mais exitosos do mundo, sendo referência para diversas outras nações. Ele foi instituído por meio da Constituição Federal de 1988, em virtude da compreensão de que o bem-estar do cidadão é um direito de toda a sociedade, sem distinção.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil é a única pátria com mais de 100 milhões de habitantes que tem um sistema público (financiado pelo Estado), universal (que contempla a todos) e gratuito. O Artigo 196 da nossa Carta Magna expressa claramente que a Saúde é um direito de todos e um dever do Estado.
Portanto, está mais do que na hora do poder público estabelecer, junto com a sociedade, uma nova visão e um novo padrão no atendimento médico no País, por meio do maciço investimento na promoção de esporte e lazer e da conscientização de que investir no bem-estar de todos é investir também em saúde pública.
Programas de estado que fomentem o combate à desnutrição infantil, que incentivem e ofereçam condições para uma alimentação mais saudável, para o diagnóstico precoce de doenças, para o acompanhamento constante e assistência à saúde bucal (pois é fato comprovado que muitas doenças se instalam a partir de contaminações pela boca), para a reabilitação e para o uso da tecnologia em saúde devem ser implementados e otimizados, com todo o investimento necessário para que sejam programas verdadeiramente eficazes, efetivos e abrangentes.