Na verdade, existe um paradoxo no texto deste artigo. Sim, pois crise é algo ruim, que em qualquer situação, se não for mitigada, gera prejuízos. No entanto, a Praça do Caranguejo, um local turístico da nossa Manaus, apresenta tudo, exceto crises. Não vou dizer que é o melhor ponto turístico da cidade, e sempre respeitando os demais, mas, com certeza, é o mais alegre e frequentado. Sou suspeito para elogiar pois resido no local. E, para quem ainda não conhece, que sirva de conselho: vá lá!
O bacana é que, diferentemente de qualquer cidade no Brasil, lá tem vida, movimento, alegria e diversão, de domingo a domingo, e sem qualquer tipo de restrição. Nas quartas-feiras, dia de jogos de futebol, carros não passam nas ruas do entorno. E daí? Se você já sabe, não insista. Não é que dependa de lei ou de ação de autoridades. Nada disso. Simplesmente é um local onde pessoas vão se divertir. E pronto! Afinal, o interesse coletivo é superior ao individual. Ah, e o meu direito sagrado de ir e vir? Ora, você nasceu de carro? Não, nem eu. Aliás, eu nasci um espermatozoide e nadando muito.
Então, se você caminhar um pouco ou der uma volta maior com o veículo, não vai extinguir a vida no planeta e nem causar maremoto em Manaus. Voltando à Praça, cujo nome popular indica que se oferece caranguejo no local, sim, mas não é só isso. Tem de tudo, até chopp e cerveja, claro. Na verdade, a culinária local é diversificada. Se você quiser jantar, tem restaurantes. Se quiser tira-gosto, tem muitos locais assim. Vai levar a criançada? Tem pula-pula e outras diversões. Mas, é barato? Meu amigo, desde quando coisa boa é barata? Aliás, me defina o que é ser barato?
Eu prefiro inferir que tudo na vida é caro. Sim! Em uma aula, perguntei aos meus alunos, se 2 reais era caro ou barato. Responderam, quase em uníssono: é barato! Eu contra-argumentei: sim, para gastar pode ser barato, às vezes. Mas, se você não tiver 2 reais no bolso, você nem volta para casa. Logo, para gastar é fácil. Difícil é merecer ter 2 reais no bolso. Logo, é caro para conseguir. Voltando ao tema, sempre me surpreendo pelo movimento da Praça. Está sempre cheia de vida. E alegria. E diversão. E bate-papo. E encontros e desencontros. Inícios e fins de relacionamentos.
E, esse movimento todo, todo dia, me indica que não há crise. E se há, o manauara deixa um pouco de lamentar para se divertir. E, já pesquisei há alguns anos, e concluí que algumas pessoas não economizam para se divertir por lá, e sim, trabalham mais um pouco para ter condições de se divertir na Praça. Ali, se reúnem esquerdistas e direitistas, vascaínos e flamenguistas, enfim, uma amostragem da nossa sociedade. E, apesar de sempre lotado, raramente tem discussão ou briga. Na verdade, a segurança é excelente, como ponto turístico na cidade.
E na madrugada, cessa o movimento e todos se recolhem às suas vidas. E pela manhã, a velha guarda se reúne nos mercadinhos, para um café ou uma cerveja e comenta os “causos “ da noite anterior na Praça. E, detalhe, não se faz campanha política por lá. É um local de todos os matizes. E sem crise !