Há motivos de sobra para estarmos desapontados(as) com a situação atual de insegurança, violência, desemprego, arrocho salarial, inflação, corrupção e saúde pública deficiente. Esses e outros sérios problemas, como o desnível da educação pública em desfavor dos alunos mais carentes, a falta de cuidados adequados com o saneamento e o meio ambiente se associam ao crescente descrédito no sistema político… E prejudicam principalmente a população com menor renda. Em seguida, a classe média.
A crise amazonense está misturada com a brasileira. Na verdade, sucessivos governos não priorizaram alternativas para nosso povo, especialmente para os jovens. Apostaram (quase) tudo na Zona Franca de Manaus e em grandes obras, principalmente na capital. Gastaram muito e mal. Jogaram fora oportunidades. Não tiveram um Plano Estratégico de Desenvolvimento. Sua principal preocupação foi se manter no poder “iludindo” a população com muita propaganda governamental.
Claro que a manutenção do Polo Industrial de Manaus é muito importante para nosso estado, por conta da geração de renda, de arrecadação tributária local e os cerca de 80.000 empregos diretos. No entanto, há registro de mais de 250.000 desempregados, cujo número real deve ser bem maior, por conta de quem não ingressou nas estatísticas do SINE. Sem uma economia forte e diversificada, o Amazonas fica cada vez mais fragilizado e dependente das falsas “benesses” do Governo Federal, desinteressado na manutenção dos benefícios fiscais locais.
O Poder Público Federal continua eivado de práticas injustas e graves erros. A burocracia excessiva e a carga tributária exagerada – que recai principalmente nos mais pobres e na classe média – geram um custo de vida absurdo nas tarifas de energia, no preço dos combustíveis e do gás de cozinha, nos medicamentos e outros itens de fundamental importância para a população. E dificultam muito o empreendedorismo inovador, atrapalhando a geração de novos empregos. Por outro lado, despesas supérfluas subsidiam “vida boa” para uma minoria, enquanto o povo padece. Esta tem sido uma situação costumeira em sucessivos governos, autointitulados de esquerda, de centro e de direita. Como tristes exemplos, o recente escândalo das emendas secretas, que se associa a graves episódios de outras épocas, como o “Mensalão” e o “Petrolão”.
Desta maneira, aos desvios e ilicitudes éticas se associa à falta do mencionado Planejamento Estratégico para o Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, de modo específico, e da Amazônia em geral. Aliás, a ausência de um efetivo Plano de Desenvolvimento é de corresponsabilidade de sucessivas gestões estaduais e federais. No caso, tem predominado ações isoladas e fragmentadas, diversas vezes de viés eleitoreiro, em detrimento de uma propulsão eficaz para uma economia forte, diversificada, conectada com as potencialidades do interior.
Falta foco na geração de oportunidades e na diminuição da desigualdade, considerando o fato do Amazonas ser o segundo estado com maior proporção de pessoas abaixo da linha de pobreza do país: nossos mais de 500.000 sofridos conterrâneos amazonenses, que sobrevivem no estado de miséria, distantes da chance de viver com dignidade, como comprovam os dados e estudos do IBGE e da FGV.
Com tudo isso, não podemos perder a esperança de que ocorra um “despertar” da nossa sociedade para uma mudança consciente e efetiva nos processos decisórios sobre o futuro do nosso estado e do nosso país.
Que este período de Páscoa e Ressurreição de Jesus Cristo, que entregou Sua Vida para a nossa Salvação, nos inspire para colocarmos os interesses coletivos da população acima das meras conveniências pessoais. O Amazonas merece. Os amazonenses também.
Agradecendo a atenção dos meus leitores, bem como aos membros da diligente equipe do valoroso Jornal do Comércio, desejo a todos uma Páscoa Abençoada de Amor, de Paz e de Esperança.