É fato conhecido que o Brasil é um país vocacionado a empreender. Contudo, o nosso país é, ao mesmo tempo, um lugar que ainda não traz um ambiente propício e atrativo aos empreendedores de maneira geral. O excesso de burocracia, os entraves administrativos, a falta de uma logística plena e planejada, além da alta carga tributária se apresentam como razões fortes e preponderantes no que tende a impedir o alavancamento para se empreender em nossa Nação. E essas dificuldades são fatores que dificultam também a entrada dos mais jovens neste ramo de mercado. Apesar de termos experimentado um crescimento na participação da juventude no processo empreendedor nos últimos anos (de 2017 cresceu de 50 para 57% a participação de pessoas da faixa etária de 18 a 34 anos em novos empreendimentos, segundo a Pesquisa GEM 2017 – SEBRAE/IBQP), ainda estamos longe de termos altos índices de participação da população mais jovem nesta importante área. Podemos comprovar isso através da pesquisa do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) que mostra que essa faixa etária representa menos de 7% dos empreendedores do país, ao mesmo tempo que apenas 16% dos empresários entre 18 e 24 anos possuem CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica).
Com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o estudo Empreendedorismo Jovem no Brasil, do SEBRAE, mostrou que apenas 6,8% dos empreendedores brasileiros eram jovens na faixa de 18 a 24 anos no segundo trimestre de 2021, o que corresponde a aproximadamente 1,9 milhão de pessoas. Foi verificado que em 5 anos (de 2016 a 2020) houve uma queda no percentual de empreendedores jovens e no auge da pandemia da covid-19 a participação deles caiu para 5,8%, o menor patamar do período já registrado.
Existem alguns fatores que tornam ainda mais preocupante esta situação, como o fato da juventude ser uma das fases mais difíceis de se inserir no mercado de trabalho e de que boa parte dos jovens que têm seu próprio negócio não são plenamente formalizados (tanto é assim que enquanto nas outras faixas etárias a formalização gira em torno de 30% a 35%, entre os jovens apenas 16% têm seus registros formais).
Todas essas questões precisam nos levar a refletir no que precisamos melhorar e mudar enquanto nação para que tenhamos um cenário melhor e propício para que os jovens empreendam. Desta forma, mostra-se incontestável que o Brasil necessita do estabelecimento de políticas públicas sérias, coesas e estruturantes, como Políticas de Estado e não de ‘governos’, envolvendo todas as esferas do Poder para que, aqueles que desejam empreender possam ter as condições estruturais, legais, administrativas e de investimentos necessárias para que possam concretizar seus projetos; uma vez que novos negócios geram também mais empregos, maior circulação financeira na sociedade, aquecimento do comércio e, consequentemente, aumento da receita pública e crescimento da Nação em diversos aspectos. Está mais do que na hora do Brasil progredir nesta área, investir maciçamente em seu capital intelectual, de forma que estejamos na vanguarda na execução de soluções inovadoras aplicáveis a toda a sociedade.