Tendo completado o ciclo vacinal me pus a identificar locus geográficos na periferia da cidade de Manaus para a realização de pesquisa sobre a temática da fome na capital da Zona Franca de Manaus, na pós-pandemia da COVID-19, depois que a cidade ter passado com a crise do oxigênio e irresponsabilidade de gestores públicos. O que tenho visto tem me estarrecido pela precariedade real que expõe as famílias pobres da periferia. Como todos tem conhecimento, a crise sanitária mundial provocada pela pandemia do coronavírus, além dos óbitos que no Brasil, representam mais 600 mil, a peste vem causando graves problemas na economia em todo o mundo, com aumento da inflação, aumento da taxa cambial, aumento generalizado de preços dos bens de consumo imediato – alimentos e combustíveis – aumento do desemprego, o que leva à pobreza, à miséria e à insegurança alimentar e à fome que já atinge milhares pessoas no Brasil. Conforme o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, cerca de 32 milhões de pessoas não tem acesso regular ao alimento, diagnosticando que esse processo é resultado da desigualdade de renda e desigualdade social.
No mundo, até pouco tempo se dizia da Revolução 4.0, grandes avanços tecnológicos, progressos econômicos e sociais, mas a pandemia da Covid-19 acarretou inúmeros fatores restritivos em função da disseminação do coronavírus, como medidas de distanciamento social, fiquem em casa, fechamento de quase todas as atividades comerciais, industriais e de serviços, provocando um dos maiores desemprego do século XXI, com isso a perda da renda familiar generalizada, adotados para evitar o colapso do sistema público de saúde, o fechamento das atividades econômicas e de linhas de produção transformaram-se nessa grave crise econômica atualmente. A cobrança chegou. Com isso trouxe o desemprego, a pobreza e a fome. Com a pandemia da COVID-19, a fome atingiu gravemente aquela parcela da população mais pobre.
Segundo pontuam os especialistas, o Brasil precisa adotar reformas urgentes que permita retomar o crescimento econômico que crie empregos de mais qualidade em todas as cadeias produtivas, que diminua a informalidade e que fomente programas sociais com políticas públicas que sustentem programas de segurança alimentar para aquelas parcelas da população mais vulneráveis, deprimidas pela exclusão provoca pela pandemia. De acordo com Relatório/2020 da FAO – Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura, a pandemia da COVID-19 contribuiu para que aumentasse o quantitativo de pessoas que passam fome em todo mundo, com efeitos que durarão longo prazo em falta de segurança alimentar, comprometendo as metas da ONU – Organização das Nações Unidas de erradicar a fome até 2030. Identificando que existe, entre 720 milhões e 810 milhões de pessoas no mundo que passam fome. Ainda de acordo com o relatório da FAO, 23,5% da população do Brasil sofre com insegurança alimentar e que 22% das crianças com menos de cinco anos são afetadas por retardo de crescimento e por problemas de desenvolvimento cognitivo que afetarão suas vidas futuras.
Sem emprego, sem rendimento algum (salário), dependência de auxílio emergencial de governos (federal, estadual e municipal), com alta nos preços dos alimentos, aumento no preço do botijão do gás (R$100,00), aumento de preços de combustíveis, para muitas famílias não tiveram escolhas, ou compravam o botijão de gás ou compravam comida, a grave situação para os mais carentes é terrível. No entender dos pesquisadores do CEA – Clube de Economia da Amazônia, observando empiricamente a questão da pobreza e da fome na cidade de Manaus, parece bem distanciada dos debates sobre políticas públicas de combate aos problemas e à questão da produção (emprego formal) e a concentração de riqueza e do desenvolvimento regional. Urge a hora de se priorizar debates e programas, acesso aos serviços públicos e ao trabalho.