13 de dezembro de 2024

O poder do abraço

Ultimamente, sempre que ouço a canção “Dentro de um Abraço” do grupo Jota Quest (https://www.youtube.com/watch?v=IUO-o_Bg8AY), fico pensando nas consequências da Covid-19 em nossa vida.

Sabemos que as consequências dessa doença são muitas, principalmente social, econômica e psicologicamente. Você já parou para pensar sobre os impactos emocionais do coronavírus em sua vida?

Especialistas apontam que houve aumento significativo de distúrbios emocionais tais como tristeza, depressão, nervosismo, ansiedade, insônia, entre a população brasileira durante a pandemia de Covid-19.

O que devemos fazer para que possamos viver\enfrentar\sair dessa pandemia com o menor número possível de doenças emocionais? Penso que construir um equilíbrio entre o nosso corpo, a nossa mente e o meio ambiente deva ser a nossa prioridade nesse momento.

Por outro lado, como construir esse “equilíbrio espiritual” se estamos nos acostumando a viver distante de tudo, do outro, da natureza, de Deus? Eu posso estar errado, – e quero estar errado -, mas esse distanciamento social está nos tornando pessoas tristes, desalmadas, infelizes. 

É verdade que em tempo de pandemia nem sempre conseguimos fazer muita coisa pelo nosso semelhante, ainda mais em momentos como esse que estamos vivendo agora. Tem muita tristeza, sofrimento, dor, cansaço, angústia, medo, no rosto das pessoas.

Por isso, penso que o mais terrível desse vírus é que ele nos rouba a afetividade. Não poder abraçar, tocar, beijar quem amamos é uma dor terrível, ainda mais na hora derradeira, quando nos despedimos definitivamente de alguém. 

Outrossim, o ser humano que é essencialmente sociabilidade, hoje vive com medo de exercer essa característica tão fundamental. Não poder se despedir de quem amamos gera em nós uma sensação extremamente negativa. Como superar essa dor? 

Penso que refletir sobre nós mesmo enquanto seres humanos se faz necessário. Amor, carinho, compaixão e respeito com a dor do outro nos tornam seres melhores. Ou seja, colocar-se no lugar do outro contribui para o nosso crescimento humano e espiritual. 

Assim, ter fé e esperança é tudo que precisamos nesse momento. Precisamos tirar algum aprendizado de tudo isso; acreditar que essa pandemia vai passar e que em breve teremos um novo tempo. Afinal, depois da tempestade não vem sempre a bonança?

Por fim, é preciso continuar acreditando que toda essa nossa preocupação com as perdas econômicas, sentimentos de raiva, tédio, solidão, insônia, dor, indignação, etc., em breve, serão coisas do passado.

Caminhemos, pois, para o futuro, com fé, esperança e alegria, sabendo que “O melhor lugar do mundo É dentro de um abraço Pro mais velho ou pro mais novo Pra alguém apaixonado, alguém medroso”, como cantou Jota Quest.

Luís Lemos

É filósofo, professor universitário e escritor, autor, entre outras obras, de "Filhos da Quarentena: A esperança de viver novamente", Editora Viseu, 2021.

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