O cargo de liderança é o que a maioria dos profissionais almeja. Geralmente, liderança vem junto com palavras que satisfazem o coração: promoção, respeito, status, conhecimento, experiência, salário, poder, liberdade e algumas outras, a depender dos objetivos do profissional. Essas, de fato, são características da posição e, geralmente, são as mais apreciadas, principalmente, por quem ainda não ocupa um cargo de liderança.
O que se descobre, ao se tornar um líder, é que outras palavras também acompanham a liderança: assumir riscos, tomada de decisões difíceis, solidão, incompreensão, decepção.
A liderança tem uma parte “ruim”. Sim, tudo na vida tem parte boa e parte ruim. Nosso desafio diário é lidar com isso da melhor forma possível.
Eu, geralmente, foco na parte boa, em como desenvolvê-la e superá-la, mas observo nos gestores a necessidade de apoio em como lidar com a “parte ruim”.
Importante destacar que este artigo não é somente para o líder, mas também para o liderado, que, com suas ações no dia a dia, trará grande ajuda para o seu líder.
Decepção?! Como assim?
Ao longo da carreira, acompanho de perto diversos executivos, a sua maioria com cargos de liderança e a frustração acompanhada da decepção é um sentimento latente. Esses sentimentos, geralmente, surgem quando o líder, ao tentar fazer algo (seja diferente, seja melhor, seja uma ação de melhoria), vê que a receptividade dos liderados não foi das melhores. E, não significa que a ação foi ruim. Às vezes, o liderado não está em um dia bom por qualquer outro motivo que não seja relacionado ao trabalho, mas impacta negativamente na receptividade. Às vezes, não foi a intenção do liderado reagir daquela forma negativa. Às vezes, uma reclamação espontânea saltou dos lábios e a pessoa se arrependeu depois de ter dito. O fato é que o líder humanizado, precisa entender o que houve, tirar tempo e conversar. Enfim, não tirar conclusões precipitadas.
Mas, voltemos ao líder. Assim como o liderado tem seus momentos de desânimo e situações da vida, e isso se dá por ele ser um ser humano, o líder também tem, correto? Sabemos que sim! Mas, no dia a dia corporativo, espera-se que o líder esteja pronto a entender todos, a dar todas as soluções, a estar sempre feliz. Quero levar você a seguinte reflexão: o líder está sendo visto como um ser humano, mesmo? Parece uma resposta óbvia, mas a realidade não é bem essa.
Eu costumo falar que existe a teoria, e existe a vida como ela é.
O líder é solitário
Na vida como ela é, o líder de fato se torna um “super-homem” por ter que suprir as necessidades de “todos” – principalmente nos dias atuais, caso ele opte por ser um líder humanizado – e ainda ter que suprir (“sozinho”) suas próprias necessidades.
Infelizmente, a maioria dos liderados ainda não está pronto ou ainda não tem maturidade suficiente para ter ciência das fragilidades, dos anseios, das preocupações dos líderes. Por outro lado, o superior do líder, nem sempre também vai ter a maturidade de entender que é um momento, uma situação, uma preocupação, e que isso não significa que a pessoa não está pronta para a decisão. E o líder, segue lidando com as situações sozinho, porque precisa se manter como líder. É nesse momento que entra a solidão que o líder tem. Sempre cercado de pessoas da equipe, mas nem sempre tendo com quem contar nesses momentos não tão bons assim.
Vontade de desistir
E sim, dá vontade de desistir às vezes. Às vezes você se pergunta: está valendo a pena? Devo continuar tendo essas boas ações? Pelo que tenho recebido em retorno, continuo fazendo?
Precisando entender a todos, mas nem sempre ser entendido. Precisando lidar com reações negativas quando tomou ações positivas. Precisando solucionar problemas dos outros e ainda lidar com seus próprios problemas. Esses são os desafios da liderança.
É muito bom ser líder, mas você precisa se preparar para a parte desafiante, porque para a parte boa, eu sei que todos já estão preparados. Trabalhar a inteligência emocional, a resiliência, a constância, a determinação e a persistência.
Nesse ponto, eu costumo citar uma referência bíblica que diz que devemos fazer tudo como se fosse para Deus. Fazendo uma releitura: faça o seu melhor, o melhor que você pode fazer. Independente de, independente quem. Faça, porque você irá colher os frutos. Às vezes, demora um pouco, mas o que você colhe, você planta.
Não se compare
Tenha algo em mente. Cada pessoa tem sua responsabilidade, sua atividade, sua recompensa. Não se sinta envergonhado por gozar e usufruir dos benefícios que sua posição lhe oferece.
Se para você performar bem, manter sua saúde mental e conseguir lidar com todas as questões que citamos acima, você precisa de um tempo para si, seja com atividade física (e isso ajuda muito, acreditem), ou qualquer outra coisa, tire esse tempo para si. Não se culpe se enquanto você está fazendo isso, outros membros da equipe estão fazendo atividades da empresa. Sim, é importante estar junto com a equipe, mas lembre-se de também cuidar de você. É como a mãe, que se não se cuida, não consegue cuidar dos filhos, sabe?
Vai tirar férias e fica receoso de postar suas fotos curtindo porque a equipe está trabalhando? Construa uma equipe que fique feliz com suas conquistas, que saiba que aquele é seu momento e que, certamente, ele também terá o momento dele. Cada um no seu momento, cada um no seu nível. Sabe a expressão “work hard play hard”? Faça isso. Trabalhe muito, se esforce muito. Mas, também curta muito e aproveite as consequências positivas que sua posição traz, porque as negativas também fazem parte.
É assim que se equilibra, é assim que se faz acontecer. Então, sim, a liderança tem vários desafios. Mas, você consegue!
Ah, e uma dica final. Está estressado? Não responde na hora, respira profundamente por 1 minuto, se necessário, se retira um pouco e depois de pensar você age. Asseguro você que a resposta de “bate pronto”, geralmente, não é a melhor.
Boa semana!
Fiquem todos com Deus!