Nascemos e crescemos no país do futebol. Desde o mundial de 1950 — ocasião em que perdemos a final para o Uruguai — o Brasil é reconhecido como uma potência. Não é à toa que conquistamos o penta, foi um título que exigiu muito trabalho, seriedade e vontade — esses requisitos estiveram acima dos interesses coletivos — sejam dos treinadores, dos jogadores ou da CBF.
Contudo, no atual cenário do futebol o torcedor se depara com uma realidade inusitada: a CBF resolveu esperar o treinador italiano, Carlo Ancelotti, ser liberado do Real Madrid — em junho de 2024 — para vir dirigir a seleção brasileira. A mesma seleção que jogará a Copa América e o início das eliminatórias — o que para a maioria se constitui num absurdo. Não tenho nada contra o atual “interino” que foi bem nos dois amistosos — fazendo o que estava ao seu alcance e com a devida coragem de lançar “novos” que aqui jogam —, já faz anos que ele dirige o sub-17 e o sub-20, em que foi campeão mundial. Acredito que a posição da CBF é equivocada porque a necessidade reside no atual momento, cuja preparação dos convocados dará a certeza de um trabalho mais produtivo. Esquecer este aspecto poderá ser fatal!
Ademais, ignorar os treinadores brasileiros é cometer um pecado, pois temos muitos bons treinadores, e se não são melhores é por culpa da CBF que não os capacitou no devido tempo. E, para Ramon Menezes, o técnico interino, a presente situação em nada o estimula.
A derrota para Senegal não é dos jogadores, nem do técnico interino, mas da CBF que, ciente de todas as “datas-FIFA” , requisitou os jogadores uma semana antes dos jogos — sabendo que muitos iriam se conhecer às vésperas das partidas. Por isso, uma “seleção” despreparada pelas circunstâncias conduz todos ao fracasso.
Esperar por Ancelotti em junho de 2024, mesmo que venha um auxiliar bem antes será o fim para Neymar e outros que disputarão o último mundial de suas vidas, não podendo ser vítimas de tamanha irresponsabilidade da referida entidade.
Não se põe em dúvida o nome do ositaliano, campeão com várias equipes nos torneios europeus; mas o ângulo da questão aqui é outro: seleção brasileira e sua responsabilidade em se classificar para o próximo mundial. Apenas para lembrar: a Colômbia bateu os alemães na Alemanha e tomamos de quatro de Senegal. O Uruguai com o “El Loco” já colocou em campo uma nova defesa e um novo ataque. Aguardemos a Copa América e oremos para não levarmos 5,6 ou 7 gols de ninguém. Futebol não é feito somente de escolhas, mas também de riscos!
Manaus, 27 de junho de 2023
JOSÉ ALFREDO FERREIRA DE ANDRADE
Ex-Conselheiro Federal da OAB/AM nos Triênios 2001/2003 e 2007/2009 – OAB/AM