10 de dezembro de 2024

O filme conhecido

Aristóteles Drummond

Não votei no presidente Lula. Muito constrangido, votei no segundo turno em uma opção liberal/conservadora, embora naquele momento representada por uma figura menor, que construía uma improvável derrota, pois fazia um bom governo no geral.

Mas estou longe de ser do tipo que faz oposição ignorando o interesse nacional e a diminuição das aflições que infelicitam boa parte de nossos irmãos.

Acredito que Lula queira fazer um bom governo, melhorar as condições de vida do povo e passar bem à história. Vai terminar este mandato com mais de 80 anos. Pouco pode ambicionar que não fechar bem sua biografia.

Assim é que fica difícil defender coisas que comprovadamente levam os governos ao fracasso no crescimento, na justiça social e nas liberdades públicas.

Não faz sentido defender o regime de Maduro, silenciar sobre o que se passa na Nicarágua, fazer coro com o Irã radical e limitador da vida das mulheres. Anda na contramão do pensamento nacional na invasão da Ucrânia e dos atos terroristas contra Israel.

Na busca do crescimento econômico, com qualidade na geração de empregos, cria um ambiente negativo ao investimento. Ameaça quebra de contratos nas privatizações, faz a Petrobras regredir na venda de ativos dispensáveis, aparelha politicamente as estatais e os fundos de pensão.

O mundo inteiro busca atrair poupança externa e investimentos de multinacionais, e o Brasil, ao invés de atrair, assusta. Uma Justiça do Trabalho hostil ao gerador de empregos, uma tributação gulosa e dificuldades na modernização do parque industrial não podem atrair investidores.

Tributar dividendos e a valorização de ações tornam mais difícil ainda atingir metas de crescimento. E muitos contribuintes de alta renda mudam de domicílio fiscal com estas novas regras. O número dos que mudam de domicílio fiscal mostram que as medidas são ilusórias. 

O governo não explica como elevar o país na economia e no social sem o setor privado bem acolhido. Nao parece observar o que acontece naqueles que competem conosco.

Muito bonito falar em tributar ricos, provocando uma revoada para outros países, incentivar leis trabalhistas que protegem apenas os privilegiados das estatais, sejam federais ou estaduais. Hoje temos atividades empregadoras como call centers instaladas fora do Brasil.

Reincidir nos erros recentes é surpreendente.  Os controles ainda são formais.

O presidente deve pensar de maneira mais pragmática e menos ideológica. E se cercar de gente sem obsessão ideológica.

Aristóteles Drummond

É jornalista e presidente da Associação Comercial do Estado do Rio de Janeiro

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