12 de dezembro de 2024

O combustível que pagamos e a Petrobras

Ao longos dos anos 30 e 40, a população brasileira tinha a certeza de que o Brasil não tinha petróleo. Claro que isso foi produto de propaganda e marketing, baseado em interesses econômicos nacionais e internacionais, contrários ao nosso desenvolvimento e à nossa Soberania. E, evidentemente, hoje, não se concebe tal certeza.

Quem já leu determinados livros de Monteiro Lobato se aprofundará sobre o assunto, na visão de quem viveu naquela época, ou conversando, hoje, com os mais idosos. Enfim, no início dos anos 50, o governo brasileiro criou a nossa PETROBRAS ( PETRÓLEO BRASILEIRO S/A). Lembrando que sigla de empresa não tem acentuação e se escreve em caixa alta, ou letra maiúscula. Ou seja, a PETROBRAS foi criada e cresceu graças aos nossos impostos. É coisa nossa, mesmo. Ocorre que, segundo um dito corrente no mercado, “o primeiro melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada e o segundo melhor é uma empresa de petróleo mal administrada”, a nossa PETROBRAS cresceu e muito, se tornando destaque mundial no quesito mercado petroleiro, Pré-sal, alta tecnologias, know-how em pesquisa e exploração de petróleo em águas profundas e muito mais.

Realmente, nesse aspecto, é motivo de orgulho. E muito orgulho para nós, patriotas do Brasil. No entanto, a PETROBRAS é, hoje, uma sociedade de economia mista, ou seja, apesar de ser estatal, fruto dos nossos impostos, o Estado não é o único proprietário, sendo, também os acionistas, mas a parte majoritária das ações é de posse do governo. Mas, o foco das sociedades de economia mista, não é a obtenção de lucro, mas a implementação de políticas públicas. Ou seja, o maior produto da PETROBRAS deve ser qualquer coisa que agregue valor ao nosso desenvolvimento. OK. Mas, hoje, pagamos R$ 6,00 o litro de gasolina. Nem vou falar em Óleo Diesel, Etanol, lubrificantes etc.

Aí, me lembro dos proprietários de postos de gasolina e suas respectivas bandeiras (SHELL, IPIRANGA, ALE, postos de bandeira branca (negociam, sem ligação com a marca A ou B) e outros. Bem, a PETROBRAS não interfere, diretamente, no preço de mercado de consumo (preço final na bomba). E os donos de postos enfrentam uma concorrência violenta entre eles, baseada na Lei da Oferta e Procura. Mas, mesmo concorrendo, os seus sindicatos ou cooperativas, limitam os preços máximos e mínimos por região ou cidade ou estado. E existe, também, a complexa carga tributária imposta pelo Legislativo Federal e Estadual, por exemplo. Assim sendo, depois de ler este artigo, você vai perguntar: por que o combustível na bomba é tão caro? Minha reposta: não sei.

Mas, sabemos que a PETROBRAS tem que seguir os ditames do mercado internacional e isso influencia o preço do combustível na origem. Isso é bom para manter o prestígio internacional da nossa empresa. É ruim, porque o nosso combustível de consumo sofre variação constantemente. E os donos de postos não querem reduzir os preços para não reduzir os lucros, causando mais desemprego etc.

Bem, eis uma forma de explicar algo que não tem uma explicação, na lógica da população brasileira, que sofre com esses aumentos de combustíveis e as consequências e repercussões disso. Na verdade, nunca, ninguém, em nível de Poder, foi à mídia televisiva, em Cadeia Nacional, explicar, com um linguajar popular, porque pagamos tão caro o nosso combustível posto que temos muitas reservas e uma empresa espetacular na gestão do nosso petróleo. Mas, pagamos caro e é isso que vemos, no bolso, todo dia. Ainda mais em plena Pandemia mundial.

É difícil entender? Claro que sim! Infelizmente, não tenho a resposta e julgo que não teremos uma resposta totalmente satisfatória nos próximos 50 anos. E, me lembro do pintor e escultor francês Jean-Léon Gérôme, autor da pintura  A VERDADE SAINDO DO POÇO, de 1896, da qual faço uma paródia: Você prefere a Mentira vestida de Verdade ou a Verdade Nua e Crua?

Carlos Alberto da Silva

Coronel do Exército, na Reserva, professor universitário, graduado em Administração e mestre em Ciências Militares

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