10 de dezembro de 2024

O cidadão e a leitura

No dia 29 de outubro, Dia Nacional do Livro, muito se falou sobre a importância da leitura para o desenvolvimento sociocultural das pessoas. Desde cedo percebemos que através dela compreendemos o mundo à nossa volta, começamos a ter um ponto de vista e a ampliar os nossos horizontes de tal forma que por meio dela notamos que a nossa imaginação não tem limites.

É através da leitura que adquirimos conhecimento e cultura que vão nos permitir uma capacidade maior de diálogo, de argumentos, nos preparando para o concorrido mercado de trabalho. Além disso, ao conhecermos melhor o mundo, ao vivenciarmos novas experiências, também passamos a conhecer melhor a nós mesmos, promovendo reflexões e amadurecimento, fundamentais para a formação de um cidadão comprometido com a verdade, com a justiça e com o papel que ele pode desempenhar em prol de toda a coletividade, indo muito além dos seus interesses pessoais.

No entanto, muitas são as dificuldades encontradas ou criadas, tais como, a falta de bibliotecas comunitárias obrigando o aluno a se deslocar pra outros bairros, o preço dos livros ou mesmo a preguiça ou a falta de interesse pela leitura, fazem com que as pessoas se distanciem desta prática que pode decidir um futuro, seja através de aprovação em concurso público ou pela abertura de novos horizontes promovida pela aquisição de novos conhecimentos. Todos sabemos que informação significa poder. Um cidadão dotado de informações se torna poderoso dentro da sua comunidade e valioso para o desenvolvimento do meio em que vive.

Nas escolas, convivemos com a falta de bibliotecas ou com a defasagem bibliográfica e raros são os professores que praticam atividades voltadas para a pesquisa em revistas, periódicos e jornais, tentando não só extrair dos textos informações, como também manter os alunos atualizados e antenados, além de promover o chamado hábito da leitura que liberta qualquer pessoa do ostracismo, bem como dá a largada para a independência de quem não possuía essa iniciativa.

Um texto de Carlos Ceia cita que somos o que lemos. Quem nunca leu ou quem leu muito pouco, não conhece nem o mundo em que vive nem os mundos que podemos sonhar. Quem lê, vê mais; quem lê, sonha mais; quem lê, decide melhor; quem lê, governa melhor; quem lê, escreve melhor. Poucos são os atos que valorizamos e que praticamos que não possam ser melhorados com mais leitura. Recomendar a leitura de livros é tão importante quanto recomendar que se beba muita água. É bom leitor quem transformou o ato de ler numa necessidade e num instinto primários. Ler é um remédio santo para a mais complexa das doenças que é a solidão. Ninguém está só, havendo um livro para ler. E se tivermos um livro para escrever então seremos muitos.

Além disso, ler também é importante para se prolongar a juventude do cérebro. Uma boa memória exige aprendizado e exercício contínuos. Os exercícios cerebrais podem desenvolver novas conexões entre os neurônios e melhorar a atividade cerebral, lembrando que as células do cérebro se multiplicam substituindo as que morrem, mesmo após cinquenta anos e que o número total de neurônios permanece aproximadamente o mesmo por toda a vida, e que quando estimulados têm a capacidade de formarem conexões entre eles. Os indivíduos que se mantêm ativos intelectual e socialmente possuem maior número de conexões entre os neurônios e chegam com maior capacidade mental a idades mais avançadas.

O cidadão leitor é de fundamental importância para fomentar as mudanças que tanto queremos para o nosso país, seja através do voto consciente ou por meio de uma postura crítica diante da realidade brasileira, tendo em vista a sua participação positiva, tanto no seu Município quanto no Estado em que vive, não se transformando jamais em massa de manobra, muito menos se deixando levar, em época de eleição, por pesquisas eleitorais ou por excesso de propaganda política.

 

*Auditor fiscal e professor

 

Augusto Bernardo

é auditor fiscal de tributos estaduais da Secretaria de Estado da Fazenda do Amazonas e educador. Foi um dos fundadores do Programa Nacional de Educação Tributária (atualmente nomeado de Educação Fiscal).

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