Dia de parar e refletir quem somos, onde somos, como vivemos onde habitamos. E respirar fundo nos nossos pulmões o ar essencial para viver, para sobreviver.
E prestar mais atenção no que necessitamos todos os dias, além do oxigênio, para nos manter vivos: água e outros alimentos, espaços de movimentação, luz, trocas de energia, relacionamentos entre nós, com o ambiente que nos cerca.
Será que nestes tempos em que se converge para a importância da inteligência emocional tanto quanto – ou ainda mais – que a cognitiva, seremos capazes de deixar de ser manipulados pelos impulsos do consumismo voraz que devora nossa capacidade plena de sermos felizes? De rompermos com a imposição estereotipada do ideal de felicidade pela mera posse de bens materiais?
Claro que a economia precisa se movimentar e garantir o “modus vivendis” de milhões de brasileiros e bilhões de outros habitantes de nosso lindo Planeta Terra. Mas penso que precisamos colocar o “modus operandis” da economia em sintonia com o bem-estar das pessoas e não o reverso.
Prestar atenção plena ao Ambiente em que vivemos significa também prestarmos plena atenção à nós mesmos, às nossas necessidades existenciais profundas, não somente no campo material, mas também no emocional, no espiritual. Esta sintonia de plenitude nos permite trabalhar bastante, mas com prazer, assim como as crianças o fazem nas suas brincadeiras, usando as energias psíquicas de modo laborioso, porém saudável.
Igarapés e solos contaminados, esgoto e outros dejetos a céu aberto, matas ciliares destruídas, espaços de convívio com a natureza dilapidados, espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção, maus tratos aos animais, isolamento da natureza, estes e outros malefícios são causa e consequência de um ciclo vicioso que nos ameaça perigosamente. O exacerbamento do aquecimento global, os rios e oceanos cada vez mais agredidos, o desmatamento sem controle, as queimadas… Tudo isso representa, no meu entendimento, uma imensa falta de inteligência emocional por parte da maioria dos governos, representantes políticos, empresas, a própria sociedade.
Proponho que sejamos capazes de exercitar nossa “inteligência ambiental”, associando as características ímpares de capacidade intelectual e capacidade psicossocial. Ou seja, que não sejamos “objetos” da lógica de lucro ou prazer imediato, mas “sujeitos” de nossas próprias vidas, de modo individual e coletivo.
A Revolução Verde é algo que precisa nascer dentro de nossos processos de educação e consciência coletiva, não apenas nas escolas, mas em todos os meios sociais onde isso for possível. O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão, mas não precisa ser o derradeiro à gerar um modelo sustentável de governar o país, de prevenir e monitorar os impactos, de inovar na economia e de exercer um capital de inteligência ambiental inovador e que nos liberte da escravidão da “cegueira” de não nos perceber essencialmente como seres relacionais com a natureza que nos envolve, que nos garante a sobrevivência e o futuro das próximas gerações.
É certamente uma questão relacionada com valores éticos. Atitudes. Comportamentos. Para muitos de espiritualidade. Para todos, uma questão de inteligência ou falta de.
Ser inteligente, neste caso, é compreender essencialmente a necessidade efetiva de priorizar os investimentos na qualidade ambiental, para cada um de nós e coletivamente. No nosso bairro, cidade; no nosso estado, nossa região. No nosso país, no nosso continente. No nosso planeta cheio de vida e tão ameaçado.
É sim, uma questão de amar e de enxergar além do próprio “umbigo”, para quem podem até ser rico de bens materiais ou de poder, mas ainda pobre na capacidade de pensar e de cuidar dos mais vulneráveis, dentre eles, seus descendentes, as futuras gerações.
Hoje respire profundamente e agradeça por estar vivo!
Depois medite sobre a inteligência ambiental. Algo que nossa sociedade precisa desenvolver, para que haja horizontes de bem-estar e paz na Terra entre homens e mulheres de boa vontade.