9 de dezembro de 2024

Manaus rumo à transformação!

É preciso dizer que a comemoração desses 351 anos da cidade de Manaus tem um sabor diferenciado! Se os marcos na história da humanidade representam acontecimentos que simbolizam mudanças das décadas e mesmo dos séculos, podemos dizer que a pandemia provocada pelo novo Coronavírus é um desses e Manaus, como o restante do planeta, tem vivenciado esse novo momento, mesmo que meio sem saber ao certo o que vem pela frente! 

Tirando uma onda 

Logo na tal da primeira onda (a gente ainda não sabia que viriam outras) o negócio por aqui ficou feio e perdemos muita gente pra doença! Lá bem no início, morreram os que tinham mais condições financeiras, porque eram os que retornavam de férias dos países europeus. Mas, pouco tempo depois, a doença desconsiderou esse estrato social e democratizou: todos nós estávamos escapando e fugindo da COVID-19 e um simples espirro era encarado como um perigo iminente. A ponto do “espirrador” segurar, segurar a explosão para não ser visto com olhares reprovadores. 

Trabalho e trabalho

Os que puderam passar a quarentena em casa trabalharam como loucos, porque ninguém sabia como seria a empresa no dia seguinte, tiveram algum conforto, mas não havia mais diferença entre dia e noite, almoço ou cafezinho da tarde. O trabalho era dobrado e as horas extras estavam com os dias contados. O home Office e as tecnologias foram rapidamente instalados e rearranjados de modo que a produtividade no momento caótico fosse a melhor possível e minimizasse as consequências que viriam.

Entretanto, os cidadãos comuns, desempregados e boa parte da população manauara precisaram enfrentar o vírus que se escondia nas vielas e becos, nos ônibus ou nas filas dos bancos! Sair nas ruas era preciso! O trocado era pra matar a fome. O fato é que por aqui a pandemia foi além de uma crise de saúde mundial, virou crise partidária e polarizou ainda mais a política desgastada. Na política, inclusive, contamos com os desvios de verbas de sempre, dinheiro mal aplicado e ou superfaturado e outras coisitas a mais! Algumas máscaras caíram!

Com ou sem click

A indústria, pelo incrível que pareça, teve uma resposta rápida! A turma que demora um mês pra responder um e-mail se mexeu que foi uma belezura! Muitas companhias aproveitaram o calor do momento para mostrar a Responsabilidade Social e sair na mídia doando álcool em gel e máscaras compradas da China, justo da China! Nada de errado se depois de pouco tempo, algumas não mandassem um monte de gente embora, mas aí não tinha televisão! 

Os do bem

A turminha do bem, pessoal do empreendedorismo digital, empresários, da área da saúde, da academia, alguns dos poderes públicos e outros, rapidamente se uniram! Quando percebi, tava num grupo de WhatsApp com mais de cem pessoas! Essa parte foi incrível porque criamos uma rede de solidariedade! Era um tal de um pedir uma coisa, conseguir doação, levantar grana, pesquisar sobre a doença, choviam mensagens, e dentro do possível, tentava-se resolver as situações mais adversas, mas todas eram gritos de socorro! Ajudamos associações indígenas, os venezuelanos, os pequenos produtores e comerciantes, e por aí afora. 

Manauscéia desvairada 

Tudo fechado, gente morrendo e Manaus resistindo! Vieram decretos, teve gente que desacatou, teve muito prejuízo, alguns supermercados aumentaram os preços absurdamente, produtos sumiram das prateleiras. O velho trânsito engarrafado deu espaço a ruas sem movimento e sem vida. Ah que saudade dos carros! O Jornal Nacional virou filme de horror!  Liberdade? Só os pássaros! O Sikeira teve COVID-19! A Organização Mundial da Saúde (OMS) descobriu que todos nós deveríamos ter usado a máscara de proteção desde o início e não apenas os contaminados, mas já era tarde demais! 

Agora o mundo, principalmente os grandes laboratórios, corre pra descoberta da vacina. São mais de 200 em testes! Ainda não sei se o objetivo central e salvar vidas ou pra ganhar mais dinheiro! Desculpe-me! Estou com muitas dúvidas! Entre lemas e dilemas, o que importa é que Manaus sobreviveu!

E se a gente pode fazer um suco com esse limão da pandemia, diria que a doença nos levou a encarar a vida com outros olhos! Aprendemos a ser mais solidários, aprendemos – na prática – quão importante é qualquer vida e como somos todos frágeis. Repensamos nossas atitudes em relação à família, amigos, ao trabalho e ao mundo. E se a mudança começa pelas pessoas, que assim já é! 

Aprendemos que é preciso construir uma Manaus melhor pra que todos possam ter dias melhores e prosseguir o ciclo da vida numa realidade em plena transformação e muitos desafios, mas como dizem: o importante não é chegar, o mais importante é o caminho que se trilha! Parabéns Manaus! 

Cristina Monte

Cristina Monte é articulista do caderno de economia do Jornal do Commercio. Mantém artigos sobre comportamento, tecnologia, negócios.

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