Em seus 352 anos de história (comemorado em 24 de outubro de 2021) Manaus é uma cidade que nunca deixou de se reafirmar, se reinventar e se superar. Capital do maior estado em extensão territorial do Brasil (Amazonas), o Município nasceu a partir da então ‘Fortaleza de São José do Rio Negro’, sendo elevado à categoria de cidade no ano de 1883, já com o nome Manaus. Muito próxima à confluência de 2 dos principais rios amazônicos: o Rio Negro e o Rio Solimões (que formam o Rio Amazonas) e dona de um bioma de grande biodiversidade, Manaus é o principal centro econômico, político e demográfico do Norte do Brasil.
Desde a chegada dos navegadores europeus portugueses à terra brasileira, a região amazônica sempre foi considerada estratégica, tanto para evitar que uma área tão grande fosse ocupada por outras Nações, quanto pelas riquezas existentes em seu solo e espaço. Estes fatores foram determinantes para que o país lusitano procurasse estabelecer limites e guarnecer o território amazônida nas áreas administrativa, política e militar.
E este entendimento permaneceu mesmo quando o Brasil já havia se tornado um país independente. Por exemplo, no governo de Getúlio Vargas (1930-1945), este defendeu a “Marcha para o Oeste” (em direção à Amazônia), sendo ele considerado, por alguns historiadores, como o primeiro presidente a enxergar a importância estratégica da Localidade. No Regime Militar também, a partir de 1964, houve a defesa de uma unificação nacional, com a proteção da Floresta como fator importante para a não ‘internacionalização’ da Amazônia. Tanto que o lema “Integrar para não Entregar” surgiu neste período também.
Uma das grandes superações que Manaus e o Amazonas enfrentam até hoje é o preconceito/desconhecimento de outras partes do Brasil, que não sabem (ou não procuram saber) o valor, a potencialidade e as belezas que a capital amazonense possui. Na questão econômica, Manaus também passou por muitos “altos e baixos”. Com o surgimento da Revolução Industrial na Europa, O Amazonas foi um dos Locais da Região Norte que experimentaram um período de franca expansão, crescimento e prosperidade, época esta conhecida também como “Belle Époque” (de 1890 a 1920), resultante do Ciclo da Borracha, a partir do ano 1879. Em virtude disso, ela passou a ter benefícios como eletricidade, sistema de água encanada, esgotos, museus e cinemas, por exemplo, que foram construídos com base no padrão europeu, a ponto desta capital ficar conhecida como a “Paris dos Trópicos”, em virtude de todo o requinte de sua arquitetura. Um dos mais simbólicos monumentos desta época é o Teatro Amazonas.
Contudo, depois que as sementes da seringueira amazônica foram levadas para a Ásia e passaram a ser plantadas e produzidas na Malásia, esta região brasileira começou a encarar uma grave crise, uma vez que já não havia uma economia pujante para comportar o número de pessoas que haviam se deslocado para Manaus e nem políticas públicas suficientes para atender satisfatoriamente à população existente. Posteriormente, em 1967, uma nova oportunidade se apresenta: a implantação da Zona Franca de Manaus, que é um modelo de desenvolvimento econômico que nasceu com o intuito de viabilizar uma base econômica na Amazônia Ocidental, preservando/conservando a Floresta, além de promover uma melhor integração produtiva e social dessa região com o restante do País. Todavia, a abertura comercial do Brasil na década de 1990 (que foi necessária) também trouxe abalos ao Polo de Manaus; além das recorrentes ameaças que o parque fabril amazonense sofre por meio de iniciativas (especialmente de parlamentares e empresários de outros estados) que visam retirar as condições de vantagem garantidas pela Constituição Federal Brasileira de 1988 a este projeto exitoso. É importante frisar que o Modelo Zona Franca beneficia o Brasil como um todo.
Mesmo diante destes e de outros entraves que a cidade de Manaus ainda precisou superar, podemos dizer que nada se compara à magnitude do período pandêmico gerado pela Covid- 19, a partir do ano de 2020. Na chamada “1ª onda” da doença, com o pico entre abril e maio do mesmo ano, o número de óbitos no Município aumentou significativamente e as imagens chocantes que percorreram o País e o mundo mostraram os registros de covas coletivas abertas nos cemitérios para receber uma grande quantidade de mortos; os contêineres armazenando corpos de vítimas na parte externa de estabelecimentos de saúde; os hospitais lotados, dentre outros cenários aterrorizantes.
Depois, entre o fim de 2020 e o início de 2021 Manaus enfrentou um novo pico (ou 2ª onda) que resultou em muitos doentes e outros tantos mortos por causa do novo Corona Vírus e suas variantes. Foram momentos de horror, em que muitas famílias perderam seus entes queridos. Porém, tenho certeza de que nossa Metrópole vai dar a volta por cima, mais uma vez, superando esta fase tenebrosa e “renascendo” ainda mais forte, sem, contudo, jamais esquecer as vidas que foram perdidas e as lições que tiramos de tantos acontecimentos adversos.
É fato que ainda são muitos os obstáculos a serem superados pela Metrópole da Amazônia, seja nas áreas econômica, social e de infraestrutura. Mas o nosso povo tem uma riqueza incomensurável, não só no que tange aos recursos naturais, mas especificamente ao bem mais precioso que possuímos: o nosso povo – caloroso, gentil, fraterno, hospitaleiro e batalhador. Manaus precisa dar um salto de qualidade que esteja à altura de todo o potencial que possui, buscando novas matrizes econômicas (além da Zona Franca de Manaus), com a valorização plena dos seus cidadãos, serviços de qualidade oferecidos a todos e uma batalha de grande significância que precisa ser vencida o mais urgente possível no que tange à Logística: a ligação do Estado do Amazonas ao resto do País por via terrestre. Manaus é uma cidade grande, em todos os sentidos; mas que ainda tem muito a alcançar para estar no patamar de destaque que merece!
Parabéns, minha amada Manaus! Viva os seus 352 anos e tudo o que ainda está por vir, com DEUS à frente e na direção!