Vou iniciar este artigo mencionando uma frase de David Zac que diz:
– “Num estado democrático existem duas classes de políticos: Os suspeitos de corrupção e os corruptos”.
No final deste artigo, você meu amigo leitor irá identificar o porquê de começar este artigo com uma frase que aparentemente nada tem a ver com a Logística.
Registro Histórico:
No antigo Império de Roma, na Grécia e no Império Bizantino, os militares em guerra já se utilizavam do processo logístico como uma forma de gestão. Com o passar dos anos, essa área de gestão começou a ser estudada e desenvolvida com o fito de agilizar o comércio internacional à medida que os países faziam negócios e houve necessidade de se criar normas e regras para fazer a armazenagem de cargas e seu transporte de forma adequada e segura.
O termo indústria significa a transformação da matéria-prima em bens e produtos recorrendo à utilização de máquinas, a primeira notável modernização da atividade industrial ocorreu na Grã-Bretanha, com a revolução industrial, nas últimas décadas do século 18. Nessa época, avanços técnicos como a lançadeira rápida de tear, na indústria têxtil, reformularam as bases sobre as quais se assentava esse setor da economia.
Também no Reino Unido, composto pelos países (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte) começou, no século 19, um processo de industrialização baseado na melhora do aço com que se construía grande variedade de máquinas. Logo o processo se estendeu pela Europa e pelos Estados Unidos, que começaram a produzir industrialmente artigos manufaturados. Verificou-se portanto, que tanto para uma economia de mercado como para economias centralizadas é válida a lei segundo a qual cada unidade produzida será mais econômica quanto maior for a produção (até um certo ponto).Com este crescimento dos níveis de produção e circulação de mercadorias, surge a necessidade de transportar e armazenar os produtos de forma adequada –não só os produtos acabado para o consumidor final, como também as diferentes matérias-primas necessárias à laboração de outras indústrias que posteriormente também serão alvo de armazenamento e distribuição
O conceito de Armazenagem
Armazenar é o ato de guardar, conservar algo em armazém, aliás, esta é uma atividade bastante antiga. Poderíamos ampliar este conceito para aquilo que na prática de ser feito, ou seja:
“Guardar material, respeitando suas características e necessidades, evitando as avarias e o descaminho de tal forma que possa ser utilizado no momento em que for requisitado”
Princípios da Armazenagem
O Planejamento, que vem do verbo transitivo direto que significa elaborar o plano ou a planta de; projetar. Ou ainda, organizar plano ou roteiro de; programar.
A Flexibilidade Operacional, pode até parecer ser simples, mas este princípio ainda nos dias de hoje é desprezado por uma grande quantidade de empresas que continuam tendo uma visão equivocada de armazenagem e movimentação adequada de materiais.
A Simplificação dos Fluxos, os fluxos de entrada e saída devem ser os mais simples possíveis para aumentar a produtividade, agilidade e evitar gargalos ou paradas no processo.
A Integração, em um armazém, é fundamental que as ações sejam integradas, que se saiba, por exemplo, o que se vai receber no dia seguinte, para onde o setor de compras envia um espelho de pedidos. Assim, posso programar as ações de recebimento, preparar os espaços necessários para a estocagem, reservar pessoas para a operação.
O Controle, já mencionamos que é função do gestor, o processo de controles sistemáticos, da atividade de armazenagem, que tenham o fito de promover a garantia e a sustentabilidade das operações. Pode parecer simples, mas ainda erramos nas atividades básicas e ao mesmo tempo desafiadoras como por exemplo: o registro dos recebimentos, o tempo de descarga, a quantidade recebida, o tempo de conferência, o tempo em que as cargas permanecerão armazenadas, fazer inventário físico de mercadorias etc..
Mais uma vez deu errado?
Na Central de Distribuição de Remédios localizada em Cuiabá, foram encontrados remédios vencidos que serviriam para tratar pacientes da Covid-19. O caso foi delatado ao Ministério Público por vereadores que fizeram uma vistoria no local. Foram encontrados medicamentos como amoxicilina, ibuprofeno, ritalina, anestésicos, dipirona, paracetamol, etc. Alguns dos insumos que estavam no Centro de Distribuição venceram em setembro e dezembro de 2020.
A vereadora Maysa Leão, disse:
-“Infelizmente é dinheiro público que está indo para o ralo, principalmente nesse momento de pandemia”
Porém, vereadora, isso é uma forma bastante simplista de ver as coisas. O fato do dinheiro público está sendo jogado no ralo, já é cultura brasileira e não há vacina fabricada para combater isso. É necessário muito mais do que vacina, é necessário caráter, hombridade, dignidade e zelo pela coisa pública, raridades não encontradas na maioria dos homens que ocupam cargos públicos em um país de fácil condução, pois somos um país de “alienados”. Mas o grande problema, é que muitas vidas foram ceifadas e corpos jogados em valas coletivas dos cemitérios das grandes capitais brasileiras, tudo a título de Covid-19. Esta falta de pudor dos diversos setores públicos em todo o país está ainda mais presente nos dias atuais, onde milhões de brasileiros sairão desta fase com sequelas múltiplas, outros com perdas de entes queridos e outros em menor escala mais ricos do que antes.
O que faltou, senão zelo pelo bem público? Se as recomendações são oriundas do próprio poder público a respeito de Armazenamento e Distribuição de Medicamentos, onde prioriza os conceitos básicos de armazenagem e distribuição e denomina estas etapas como sendo Ciclo da Assistência Farmacêutica que tem por finalidade assegurar as condições adequadas de conservação dos produtos bem como garantir a disponibilidade dos medicamentos em todos os locais de atendimento ao usuário. (BRASIL, 2006). Onde a estabilidade de medicamentos, devem ser contemplados os aspectos de estabilidade física, química, microbiológica, terapêutica e toxicológica. Com grande relevância aos fatores intrínsecos como por exemplo, o pH, qualidade do recipiente, presença de impurezas, etc. E não menos importantes, os fatores extrínsecos, tais como: temperatura, luminosidade, ar, umidade.
Senhores gestores públicos vai aí um conselho: vide-bula.