Com as intensas cobranças para lideranças, inúmeros desafios e tantas cargas de foco para que eles resolvam os problemas, mobilizem pessoas para ação, gerem melhoria contínua, demonstrem suas competências, pode gerar a falsa sensação de que são super-homem e super-mulher. Essa imposição, as vezes interna e as vezes externa, acaba por deixar dito, mesmo que não seja falado, que os líderes precisam ser perfeitos, que não podem errar, que estarão sempre fortes e sempre bem.
Nem preciso dizer que ter este pensamento é ilusão, mas quero reforçar o quanto mostrar suas fragilidades, ser amigo do erro, reconhecer suas limitações como pessoa e como líder pode ser muito positivo, engrandecedor, além de libertador.
Muitos líderes acreditam que se não estiverem mostrando-se fortes, alfa, empoderado em todas as circunstância comprometerão sua autoridade e influência. O que esquecem neste momento de pensamento, é que ao demonstrar suas fraquezas e serem sinceros em relação ao que não sabem ou seus erros, geram a percepção de que todos são um, que todos são iguais, humanos e que juntos podem chegar a melhores soluções e apoio mútuo. E assim, serão vistos de forma empática, confiantes e corajosos.
Corajoso? Claro! É muito mais ousado mostrar-se frágil do que forte. Desmonstrar nossas vulnerabilidades apresenta uma maturidade em entender que tudo que existe em nós é bom, perfeito e impulsionará uma emoção que nos fará crescer, aperfeiçoar e nos aproximar da nossa essência: o amor por natureza.
Vulnerabilidade é incerteza, risco e exposição emocional. No dia a dia da liderança, ser vulnerável é expressar uma opinião impopular, pedir ajudar, dizer não, ser o primeiro a mostrar que não está bom, dizer que não consegue, é assumir novos desafios e ter receio se vai conseguir, começar algo sem ter todas as certezas, admitir que tem medo e outras situações que geram esta insegurança, que demonstram as limitações e toda exposição de sua força emocional.
Percebe que essas ações não são fraquezas? Comunicar com amor e verdade algo que você sabe que as pessoas não vão aceitar com tanta naturalidade é fraqueza para você? Demonstrar que você não consegue e humildemente reconhece e pede para alguém ensinar você é sinal de ser fraco? Assumir responsabilidade é coisa de gente fraca para você?
Pense comigo, nestes e em tantos outros exemplo, ser vulnerável é ser verdadeiro com o que pensa e sente, mesmo que represente emoções pouco confortáveis, mas isto é genuíno, é verdadeiro. Nada é mais grande e forte do que ser leal aos seus pensamentos e sentimentos.
A vulnerabilidade é verdade e verdade expõe coragem. Claro que mostrar as limitações, as dificuldades, os medos e todos os pontos que colocam você como líder vulnerável expõe e representa um risco para o seu status de infalível, mas isto não tem haver com fraqueza, mas com a ousadia de ser o que é, em eterno processo de aprendizado, em contínuo movimento de melhoria, em empenho constante e em aperfeiçoar-se.
Podemos neste sentido, pensar sobre vulnerabilidade como a coragem de ter medo e fazer apesar dele; é mover-se para frente mesmo sem todas as certezas de que chão vai pisar, mas avançar; ter a boca seca, mãos suadas, coração batendo forte, mas a clareza de que este é o melhor a ser feito; dar passos firmes na direção do que você mais teme e aprender; uma libertação de que não pode errar com a esperança de que cada erro será uma oportunidade de aprender.
Um dos maiores receios que percebo nos líderes vem da pergunta: Cintia como posso confiar que estarei vulnerável diante dessas pessoas? E é por isto que insisto que a base de todas as relações precisa ser a confiança. Invista tempo e energia para estar perto de pessoas em quem possa confiar. Quando confiamos, ser vulnerável não representará uma dificuldade externa, mas um alívio interno e juntos poderão encontrar caminhos de comprometimento e responsabilidade para avançar.
Eu procuro me rodear de pessoas em que eu possa ser eu, em que eu possa abertamente falar das minhas dores, meus temores e dificuldades. Pessoas que não fiquem cheias de dedo para dizer que estou ridícula, que preciso melhorar, que algo não foi bom ou qualquer feedback que mostre minhas limitações. Ser vulnerável diante delas é um presente e uma oportunidade para crescer e evoluir. Muitos desses momentos podem doer, mas são com amor verdadeiro.
Igualmente estar aberta para oferecer o meu melhor em ajudá-las em suas próprias limitações. Confesso que já me distanciei de muitas pessoas que deixei de confiar e sigo firme na crença de que se não podemos confiar em sermos o que somos, não seremos livres para apresentar nossas limitações e isto a longo prazo revelerá uma harmonia disfarçada. “Fingir” não é uma opção para mim!
Quando líderes investem em seus times para a base da confiança, lembrando que ela é construída com pequenos momentos, em constância de caráter, caminharão para passos mais largos para conseguirem apresentar suas vulnerabilidades e com esta abertura a evolução exponencial.
Já sabemos que ninguém é perfeito, e, quando o líder tenta manter esta imagem de perfeição aumentará o distanciamento entre os membros da equipe, contribuindo para que a imagem de arrogância se sobreponha, desestimulando inclusive que as pessoas também mostrem suas imperfeições e dificuldades.
Podemos perceber que lideranças que adotam essa postura de entender a vulnerabilidade como oportunidade de ser que é, isto é maravilho, adotarão a postura de transparência, sem exitar em pedir ajudar, despertando mais respeito do que aquelas que mantém uma conduta arrogante, de autossuficiência irreal. Como líder, investirá tempo na base de confiança para que todos perceberam os ganhos e benefícios de serem inteiros.
Quando expomos o nosso lado mais vulnerável podemos atingir maior alto grau de autoconhecimento e mostrar disposição para evoluir e melhorar, já disse. Se eu não for capaz de convencer pelos resultados intra-pessoais ou interpessoais, posso tentar pelos racionais, pois demonstrar sinceridade, gerar respeito, confiança e lealdade, o que resultará em aumento de produtividade, melhoria de qualidade, maior eficiência e tantos outros resultados tangíveis. Quer provar para ver?
*Cintia Lima Psicóloga, Master Coach e Mentora Organizacional [email protected] – 92 981004470 @psicintialima