Carlos Silva
Há muitos lustros, eu tive dúvidas sobre as diferenças entre os termos que nomeiam este artigo. Por pura displicência, não pesquisei, anteriormente, em dicionários. Em algumas fontes, se encontra, por exemplo, esta definição de herança: “herança pode ser definida como um conjunto de bens, direitos e obrigações que uma pessoa falecida deixa aos seus herdeiros. Isso inclui bens móveis como dinheiro, ações, joias, obras de arte, investimentos e bens imóveis como edificações, lotes, propriedades rurais”. Ou seja, heranças são coisas palpáveis. E, normalmente, valiosas. Ou ainda, que apenas valem dinheiro. Por fim, essas “coisas” geram, quase sempre, brigas e intrigas e questionamentos jurídicos. É triste saber que por tudo que se lutou na vida e se quer deixar para os herdeiros, na verdade, servirá, apenas, para afluir o que tem de pior em cada um deles. E, nós todos já vimos isso, na vida, com certeza. Mas, por outro lado, os juristas definem legado, por exemplo, dessa forma: “é, grosso modo, a disposição de última vontade de coisa certa e determinada ou determinável deixada a determinada pessoa, denominada legatário, em testamento ou codicilo . Difere-se, portanto, da herança, que é a totalidade ou parte ideal do patrimônio do cujus.” Interessante a colocação. Mas, não me agrada. E isso é um direito meu. Leis, se cumprem, mesmo que não gostemos. De outra forma, se encontra por aí, definições distintas do mesmo termo e, por exemplo, deixar um legado, significa: “fazer a diferença na vida das pessoas, seja por meio de um trabalho, compartilhando ideias, iniciando projetos, contribuindo com o seu melhor para impactar as pessoas ao seu redor “. Essa definição me agrada. E concordo, parcialmente. Na minha visão, ao longo de quase 70 anos, julgo e sempre julguei que meus filhos deveriam, e o fazem hoje, conquistar o seu próprio lugar no mundo. Muitos podem pensar que eu digo isso pois não tenho fortunas que não poderia gastar em vida. Talvez tenham razão. A razão deles, e não a minha. Sabe por quê? Nunca me passou pela cabeça juntar dinheiro para deixar para os filhos. E os amo, dou a vida por eles. Mato e morro, sim ! Mas, hoje, todos adultos e vencedores, confirmo que agi certo em não dar a eles o que não conquistaram, e, sim, viveram e vivem os caminhos que escolheram. De fato, transmiti a eles o legado de vida, que me foi dado pelos meus pais: princípios e virtudes! Dinheiro, por si só, não é e nunca foi o foco. Lembre-se: caixão não tem gaveta e mortalha não em bolso. E a vida segue. Com cervejas. Geladas !