Praticamente todos os países celebram seu dia nacional no aniversário de sua independência. Na América, entendendo-se aqui todo o território americano, da Patagônia até o Alasca foi dominado por países europeus. Em alguns países a separação foi muito sangrenta e em outros menos. Talvez a menos sangrenta foi a do Brasil, embora heróis, como Tiradentes, deram a sua vida para que ela acontecesse. Um país europeu, que não domina o outro, festeja seu dia nacional comemorando uma reunificação. Estamos falando da Alemanha que teve sua primeira unificação em meados do século XIX, quando começou a ser um país só. Esta primeira unificação não foi tão pacífica, embora houvesse muitas negociações. Antes dessa unificação, as regiões eram independentes sendo a Prússia que detinha a maior parte territorial e a maior população. O papel de Otto von Bismarck, primeiro ministro da Prússia, foi o mais importante, cabendo a ele a administração do segundo Reich por mais de 11 anos. Esse tempo só foi superado 120 anos depois por Helmut Kohl e sua sucessora, Angela Merkel, que ficaram ambos por 16 anos.
A queda do muro de Berlim que separava a Alemanha Ocidental (livre) da Oriental, chamada de democrática, em novembro de 1989 acabou com a última barreira (literal) da separação. Menos de um ano depois a burocracia estava vencida e a Alemanha foi oficialmente unificada. Isso só foi possível pela atividade que já vinha sendo desenvolvida por Kohl desde sua posse em 1982. Não foi apenas a burocracia que tinha de ser vencida, mas a profissionalização de todo um povo que viveu por 60 anos em um regime comunista.
O anúncio da Unificação aconteceu em 3 de outubro de 1990 e foi tão importante que é considerado o dia nacional, equivalente ao nosso 7 de setembro. No velho mundo, um país tão importante completa apenas 32 anos de “independência”. A unificação produz frutos com muita rapidez. Se no fim do século XIX até as primeiras décadas do século vinte, isto é, logo depois da primeira, o país foi a segunda economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, na frente do Reino Unido, portanto. Igualmente conquistou o maior número de prêmios Nobel em diversas áreas.
Verdade que duas guerras quase destruíram o país e o mapa foi redesenhado, indo parte das terras para a Polônia e França, mas não destruíram a engenhosidade e perseverança do povo que insiste em colocar o país entre os maiores do planeta. Oxalá tenha aprendido a lição e faça isso de maneira pacífica. Poderíamos acreditar que no mundo globalizado não há mais espaço para guerras sangrentas, mas somos desmentidos por fatos internacionais todos os dias. Contudo, a guerra comercial é sempre acirrada e provoca concentração de renda e poder nas mãos de quem é mais pujante.
A Alemanha se reestruturou com a união de seu povo que vem de um sofrimento de duas grandes guerras. Países tidos como pacíficos, como o Brasil, parecem ter maiores problemas que lá. Governo e oposição precisam existir para que haja democracia. Porém, quando políticas internas desencontradas ajudam a promover intrigas que não estancam a sangria nas grandes cidades, alguma coisa precisa ser feita. Ou seria muito feio fazermos uma “cola” do que os alemães aprenderam através de tão duras penas? (Luiz Lauschner)