9 de dezembro de 2024

Estratégia e ação

Por mais incauta que a pessoa seja, ela sabe que o ser humano pode ser capaz, se assim o desejar, de transformar o mundo em um lugar melhor de se viver. Assim mesmo, existem aqueles que não são altruístas ou não conseguem pensar e agir dessa forma. Portanto, somos pela PAZ, não a GUERRA!!! Entende-se que atualmente haja incoerência nas atuações da OTAN (Organização do Atlântico Norte), da ONU (Organização das Nações Unidas), dos EUA (Estados Unidos da América), da UE (União Europeia) e do CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU (Organização das Nações Unidas) em face da invasão da UCRÂNIA pela Rússia. Qualquer tipo de guerra, seja onde for, a humanidade será a perdedora! GUERRA não é solução para nada! As sanções econômicas adotadas contra a invasora Rússia, certamente afetará todo o sistema econômico-financeiro do mundo ocidental, inclusive o Brasil, vejam o que acontece com as Bolsa de Valores, os juros e a taxa de inflação, preço de combustíveis, preços de alimentos, comércio internacional e a produção industrial e agrícola interna de países do ocidente. O Brasil é um player importante no comércio internacional de alimentos, na mesa de cada cinco pessoas no mundo, uma tem algum alimento proveniente do Brasil. O brazilian agribusiness é o quarto maior do mundo em consumo de fertilizantes (de acordo com o Outlook GlobalFert 2020 – 1º China, 2º Índia, 3º Estados Unidos e 4º Brasil, são esses países que concentram 60% da demanda global de fertilizantes), os quais influenciam o mercado mundial e, inclusive, no preço que chega ao Brasil. Em abordagens dialéticas no CEA (Clube de Economia da Amazônia) os economistas pesquisadores pontuam que os fertilizantes são principais insumos que a agricultura precisa e tem como fontes de matéria prima para produzi-los a petroquímica (os nitrogenados – N) e a mineração (os fosfatados – P e os potássicos – K), resultando em uma “mistura especial NPK”. Também, observam que os países devem ter estratégias de Estado na produção de energias (no Brasil se tem sol e vento o ano inteiro, água abundante), na produção de alimentos (no Brasil se tem terras agriculturáveis e clima bom e água) e na defesa de seu território (povo de mesma etnia, aptos à defesa da Nação), não devem terceirizar nenhum deles, pois corre elevado risco de ficar na dependência de terceiros outros. O Brasil possui em seu território (uma tabela periódica que está no subsolo brasileiro) potencialidades e possibilidades (faltam Políticas Públicas condizentes adequadas) de fazer e/ou ter em suas mãos os três fatores. No Brasil, o Decreto nº 86.955, de 18 de fevereiro de 1982, dispõe sobre que são fertilizantes, assim “são substâncias minerais ou orgânicas, naturais ou sintéticas, fornecedoras de um ou mais nutrientes das plantas”, tendo como função a reposição no solo dos elemento químicos consumidos pelo plantio a cada colheita, com objetivo de manter ou ampliar o potencial produtivo, como fundamental para o aumento da produtividade agrícola. Segundo estudos da EMBRAPA, “no solo não tendo a quantidade suficiente dos nutrientes há prejuízo no crescimento e no desenvolvimento da planta, sendo que as faltas mais comuns são de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K). Fertilizantes são classificados, em macro e micronutrientes, utilizados na exigência do plantio. Comparado em importância de aproveitamento no plantio, os fosfatados (P) macronutrientes são de menor exigência no plantio, comparados com os nitrogenados (N) e com os potássicos (K), contudo, esses são um dos principais limitadores da produtividade em solos pobres em matéria orgânica, porém menos exigidos, os micronutrientes são indispensáveis para que a planta possa fechar o seu ciclo vegetativo”. Há bem pouco tempo, no inicio do século XX,  ainda não se tratava sobre as necessidades em aumentar a produtividade na agricultura brasileira, objetivando alta escala mundial. Como alguns estudos que relacionam aumento populacional, escassez de alimentos, aumento dos preços e a oferta/demanda de commodities no comércio internacional, atualmente o cenário para o futuro preocupa. Como o Brasil se tornando um dos maiores produtores de alimentos do mundo e, com o crescimento do brazilian agribusiness surgiu dificuldades  no aumento  para que a produção nacional de fertilizantes suprisse a demanda nacional, que tem apresentado um crescimento contínuo e a alta na produtividade das lavouras como sendo reflexo de uma maior e melhor fertilização dos solos, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura  e CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento). Com isso, o Brasil depende de fertilizantes importados, principalmente da Rússia e Bielurus. Atualmente com a guerra, as importações de fertilizantes desses países ficaram prejudicadas e, não deverão ocorrer, piorando uma situação que já está bem delicada, também, para o mundo e, em particular, para o Brasil, com a alta nos preços e o risco de falta de fertilizantes e o elevado risco de aumento generalizado de preços de alimentos no mercado interno no Brasil. De acordo com estudos do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da ESALQ (Escola de Agricultura da Universidade de São Paulo) Canadá, Belarus, Rússia e China respondem por 80% da produção de cloreto de potássio do mundo, é como um cartel. Se você tira os 20% de um desses fornecedores dificulta muito a oferta”. O Brasil apesar de ser uma potência agrícola na produção de alimentos, não é autossuficiente em fertilizantes e importa (cerca de 80%), sendo que o potássio  é um dos principais deles, observar-se que dos 90% do potássio importado, 20% vem da Bielurus, os outros 70% são importados do Canadá e da Rússia. Com tudo isso acontecendo, aumenta o preço/tonelada do potássio no mercado internacional que já ultrapassou US$ 700/ton. atualmente. Segundo a Ministra da Agricultura, afirmou “o Brasil  tem estoques de fertilizantes para dar início da próxima safra e o governo brasileiro já vem buscando novos fornecedores desses fertilizantes NPK e a ureia fora do leste europeu”. Por outro lado, os pesquisadores do CEA, em face do pós pandemia e dessa desnecessária guerra, que afeta toda humanidade, considerando as projeções de aumento populacional na faixa dos 30% nesses próximos anos e, um vez que as pessoas viverão principalmente nos centros urbanos de países em desenvolvimento, aumenta o risco  de insegurança alimentar, da pobreza e da fome no mundo. E para os amazonenses ficam perguntas sobre as reservas de silvinita (potássio)!!! O potássio das reservas de Autazes se encontra na forma de silvinita, uma rocha sedimentar formada por cloreto de potássio (KCl) e cloreto de sódio (NaCl) – o sal de cozinha. Em setembro de 2010, a mineradora Potássio do Brasil anunciou um empreendimento no município (Autazes) localizado entre os rios Madeira e Amazonas, com previsões de investimento de 2,5 bilhões de dólares. Conforme o diretor da empresa, Guilherme Jácome, explicou que o projeto contempla a implantação de dois poços, cada um com 7 ou 8 metros de diâmetro, uma mina subterrânea localizada a cerca de 800 metros de profundidade, uma planta de concentração de potássio, a reforma de uma estrada de 12 km de extensão, um porto no rio Madeira e uma linha de transmissão de energia, a partir do linhão Tucuruí–Manaus, com aproximadamente 130 km de extensão. Em Autazes, município localizado a 113 quilômetros de Manaus, é possível avistar um outdoor que comunica aos visitantes aquilo que a prefeitura considera ser a vocação econômica da cidade: “Terra do Leite e do Potássio”. Segundo o IBRAM  (Instituto Brasileiro de Mineração) “a maior parte da produção mundial de potássio é utilizada como fertilizante agrícola (95%), e o Brasil é o terceiro maior consumidor mundial desse tipo de insumo e o agronegócio brasileiro dificilmente sobreviveria sem o produto”. De acordo com o vice-presidente, general Hamilton Mourão, “o país importa 70% do potássio consumido no agribusiness brasileiro, e liberar a exploração do minério na região de Autazes foi uma das prioridades para o governo federal, anunciadas na sede da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas”. “O local onde se planejava instalar a mineradora, segundo informações fornecidas pela Potássio do Brasil, fica a 10 km de distância da Terra Indígena Paracuhuba, demarcada e homologada, e a 8 km da Terra Indígena Jauary, já delimitada. Está próximo também de outras duas comunidades indígenas ainda não demarcadas, mas com solicitações já encaminhadas à Funai: Urucurituba, a 8 km, e Soares, a apenas 2 km de distância. É possível, portanto, que haja uma sobreposição entre o empreendimento e a terra indígena pretendida, que liga Soares a Urucurituba”. O procurador da República responsável pela ação, Fernando Soave, “explica que a parte sobreposta a Terra Indígena Jauary foi desmembrada do projeto minerário: “A mineração que incide sobre terra indígena é proibida, não tem nem discussão. A consulta que solicitamos é para mineração fora da Terra Indígena que tenha impacto sobre as terras indígenas”. A ação judicial pede também a anulação da Licença Prévia concedida ao empreendimento pelo IPAAM (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas). O processo de licenciamento teve ao menos duas irregularidades, além da (a) autorização de prospecção dentro de terra indígena, (b) o Estudo de Impacto Ambiental, peça obrigatória no processo, apontou como significativos os potenciais impactos sobre a fauna e a flora aquáticas”. O projeto está embargado, atualmente.

Nilson Pimentel

Economista, Engenheiro, Administrador, Mestre em Economia, Doutor em Economia, Pesquisador, Consultor Empresarial e Professor Universitário: [email protected]

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