19 de setembro de 2024

Esporte: Vida, saúde e lazer

Este ano está prevista a realização Copa do Mundo de Futebol, sediada no Emirado Árabe do Qatar. O Brasil é, inegavelmente, destaque em toda a história da competição, tendo protagonizado ao longo destes torneios, grandes performances em campo, mostrando que o Brasil tem uma vocação singular para o futebol e para o esporte em geral. Nos Jogos Olímpicos, por exemplo, nosso País, mesmo com a ausência de políticas públicas de Estado no âmbito esportivo, tem sempre um bom desempenho, levando em conta as dificuldades que os atletas enfrentam em nossa Nação para conseguir treinar e se preparar adequadamente. No dia 19 deste mês é comemorado o Dia do Esportista e nós temos um enorme potencial humano na área, mas nem todos conseguem galgar lugares de destaque em suas modalidades de atuação, em grande parte das vezes devido à falta de oportunidades. Temos tido melhoras neste cenário ao longo dos últimos anos, mas ainda estamos longe da mudança necessária e profunda desta realidade.

Quando falamos em políticas públicas de esporte, não é em referência unicamente aos de alto-rendimento, mas da prática desportiva como aliada da saúde pública e como política educacional e social também, uma vez que os exercícios físicos contemplam o ser-humano nos mais diversos aspectos físicos e emocionais. Este é um tema pacificado e reconhecido pelos profissionais da saúde e por boa parte da sociedade. E o esporte, nas suas mais diversas modalidades, traz benefícios para o corpo, para a mente, para a socialização e para a educação. Ele cumpre várias funções, como por exemplo: a prática individual exclusivamente para o bem-estar físico, a recreação/lazer, a educação e o alto rendimento. O povo brasileiro tem aumentado sua expectativa de vida, com a tendência de em breve termos uma população majoritariamente idosa. Contudo, não basta viver mais. É necessário viver bem; com saúde e com qualidade de vida. E o esporte tem um papel decisivo nesta questão.

A nossa Carta Magna de 1988 (especificamente no Artigo 217) abrange esta temática de forma ampla. A regra constitucional explicitou o dever que o Estado possui para com os cidadãos no fomento a práticas desportivas, tanto as formais quanto as não-formais; sendo este um direito todos, com a necessária observância de questões como: – a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento (Inciso I); a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento (Inciso II); o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não profissional (Inciso III); a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional. (Inciso IV). No Parágrafo 3 º ainda está escrito que: “O poder público incentivará o lazer, como forma de promoção social”. 

O esporte pode ser também um grande aliado da medicina preventiva, uma vez que grande parte das doenças que assolam a sociedade são oriundas ou majoradas pelos hábitos cada vez mais sedentários da população, somado a uma alimentação pouco saudável e nutritiva. Quanto maior for o investimento na promoção de práticas de exercícios regulares para todos os cidadãos, a perspectiva é que haja uma diminuição gradual no número de pessoas que necessitam de atendimento nos estabelecimentos de urgência e emergência em saúde. A realização de atividades físicas é indispensável em todas as etapas da vida, seja na infância (contribuindo para um desenvolvimento sadio), na fase adulta e na terceira idade. 

Em toda e qualquer faixa etária, o hábito de se exercitar regularmente é sinônimo vida saudável. São diversas as modalidades e as possibilidades que existem. É indispensável o papel que todos têm no incentivo à disseminação desta maneira de viver, em especial as autoridades, as instituições e os formadores de opinião. Esta é uma missão coletiva que, apesar de não ser uma tarefa simples (uma vez que é preciso trabalhar uma mudança cultural, de mentalidade e de incentivo), é perfeitamente possível e realizável, desde que haja comprometimento, conscientização geral, continuidade e estímulo de todos os dirigentes da Nação, não somente agora, mas permanentemente.

Lisandro Mamud

Lisandro Mamud é administrador, pesquisador em Inovação, Tecnologia e Educação do Núcleo Educotec (Ufam)

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