A circulação e a compra do livro de papel, assim como os jornais e revistas, encontram acirrada concorrência com o mundo virtual. Tudo indica que já perderam a batalha. As pessoas simplesmente deixaram de comprar livros, a televisão não estimula mais a busca de jornais impressos e sim a busca em sites especiais, a opinião contida em revistas que analisam notícias também pode ser encontrada na internet sem gastos em assinaturas.
A pilha de revistas nas salas de espera de consultórios, em salões de cabeleireiros quase desapareceu, uma vez que as pessoas ficam respondendo mensagem ou consultando a internet em seus celulares. Tudo parece conspirar para o fim do papel impresso com notícias ou entretenimento. Até mesmo o colóquio direto está sendo prejudicado pelos constantes avisos sonoros de chegadas de mensagens eletrônicas.
Mesmo antes de o mundo virtual jogar para escanteio o hábito de comprar livros, as publicações de sucesso sempre foram em número muito pequeno, em relação às publicações. No Brasil como um todo, se publicavam mais de cinquenta mil obras por ano, das quais menos de dois por cento se tornavam conhecidas do público fora do círculo dos autores. Conhecidos não significa lidos em sua totalidade. A compra de livros não chega a um por cento das leituras de escritos que, mesmo autores conhecidos, publicam na internet.
Isso faz com que a escrita em prosa e verso está seguindo o mesmo caminho que as publicações? Segundo meu colega escritor Paulo Queiroz, audacioso fundador da Associação Brasileira de Escritores e Poetas Pan Amazônicos (ABEPPA) trata-se apenas de uma mudança de foco. Poesias, romances, contos, redações etc. continuam sendo lidos. Os escritores e poetas, mesmo publicando apenas virtualmente, ainda são pilares para a mudança do mundo, tanto para a manutenção da paz, quanto para defesa da natureza, da democracia e de outros valores humanos. A persistência destes escritores que, mesmo sem remuneração alguma expressam o pensamento e o sentimento da sociedade, faz uma diferença enorme.
Entre os poetas há os que afirmam que o romantismo arrancou a humanidade do marasmo da Idade Média, ao apresentar um mundo ideal em contraponto do realismo repetitivo que imperava. O mundo ideal não é uma mentira de livros, é a meta para onde a humanidade caminha. Muito do que ontem foi utopia, como os direitos da mulher e das minorias, hoje é realidade. Não é o ideal nem jamais será, porque as metas mudam, mas a teimosia dos poetas é auxiliar nesse processo. Situações que hoje se apresentam, já foram “registradas” em poemas há séculos, o que prova a preocupação da poesia em contribuir na melhoria do planeta.
Associações ou pessoas teimosas, entre as quais me incluo, mas não deixo de mencionar Gaitano Antonaccio, que é o escritor com mais livros publicados neste estado, Júlio Antônio Lopes que, como muito jurista se aventura em romances, o próprio Paulo Queiroz, Pedro Lucas Lindoso, Ana Peixoto (in memoria) e tantos e tantas persistentes. Todos não priorizam o ganho financeiros, mas gritam por atenção para aquilo que eles escrevem. O poeta tem consciência de que o “poder” da caneta que ele utiliza pode não ter efeito imediato, mas não deixa de ser um bloco que será usado na construção de um mundo melhor. Não há arrogância nessa afirmação, embora o mundo não considere a escrita como um trabalho, mas para o escritor é parte da vida, que está acima de qualquer atividade que ele possa exercer fora dela.
Há muitos escritores famosos que são citados à exaustão por homens públicos. No entanto, há outros desconhecidos que não são citados porque seus nomes não dão pompa a discursos, mas que influenciam decisões de muitos poderosos.