Estamos falando de Ubaldino Meirelles da Silva, brasileiro, parintinense, que já foi deputado federal, superintendente do INSS, IAPAS e INAMPS, secretário de estado, recebeu a homenagem máxima da assembleia legislativa do Amazonas, a medalha Rui Araújo, e hoje é servidor público federal aposentado, articulista e diretor do nosso JC. Durante sua vida profissional fez várias ações de cidadania em prol, principalmente, do interior do estado.
Como o senhor vê a nossa Pátria atualmente?
Poderia ser bem melhor se seus filhos tivessem maior amor por ela, mas, infelizmente, não amam como deveriam amá-la. Não gostam, nem defendem como deveriam. Sem patriotismo não se vive, a vida fica sem graça e o povo desmotivado. No ranking dos povos mais patrióticos do mundo não aparecemos nem entre os oito mais bem colocados. Em primeiro lugar vem os Estados Unidos, e na sequência vem Venezuela, Irlanda, África do Sul, Austrália, Canadá, Filipinas e Áustria. Nos Estados Unidos tem bandeira em quase todas as residências, por aqui só em política partidária e copa do mundo.
O brasileiro é antipatriota?
Não posso nem devo generalizar, até porque não é verdade. Contudo, é fato que, ao longo dos anos, cada vez mais estamos nos distanciando desse necessário e estratégico patriotismo. Acredito que, hoje, mais de 80% dos brasileiros não sabem cantar o Hino Nacional, não conhecem seus autores, nunca ouviram falar em Joaquim Osório Duque Estrada e Francisco Manoel da Silva.
O senhor tem algum exemplo recente?
Tenho como hobby assisti pela TV tudo que envolve o esporte, principalmente o futebol e o vôlei. Recentemente, vi uma cena durante jogo de vôlei da seleção brasileira que chamou atenção. Poucos faziam a movimentação labial, o que mais se expressa era justamente o jogado cubano Leal, naturalizado brasileiro. Ficou fácil observar que ele conhecia toda a letra do Hino Nacional.
Então, no passado éramos mais patriotas?
Não tenho nenhuma dúvida ao fazer essa afirmativa. Além de cadernos com a letra do Hino e a foto da Bandeira, antes de entrar na sala, todos perfilados, assistíamos o hasteamento da Bandeira ouvindo e cantando o Hino. Isso pouco se vê na atualidade. Lembro, com saudade, que a diretora do Grupo Escolar Araújo Filho, professora Alzira Queiroz Saunier, se apresentava à frente da “tropa” com sua postura patriótica com a mão estendida no “peito” exigindo que cada aluno se esforçasse para cantar o Hino. Nacionalismo e patriotismo eram levados a sério.
O senhor afirma que isso já vem de anos. Tem algum exemplo do passado, durante sua vida profissional?
Durante meu período profissional viajei muito, por quase todos os municípios e estados. Um dia, quando visitava o município rondoniense de Guajará-Mirim observei que todas as embarcações bolivianas que atravessam o Rio Mamoré com as bandeiras do país tremulando nas popas das embarcações. Ação patriótica invejável. Os barcos brasileiros, em sua maioria, não imitavam o bom exemplo boliviano. Não sei se essa indesejável situação ainda perdura por lá. Espero que não!
Como o senhor entende esse patriotismo no momento político?
É importante destacar que o conceito de patriotismo é independente de identificação partidário ou ideológica, mas não tenho visto isso. Não podemos nem devemos vincular nossos símbolos a “A” ou “B”. Esse esclarecimento tem que nascer no ambiente escolar, onde se encontram cidadão em formação. Os símbolos nacionais: bandeira do Brasil, Hino Nacional, selo e brasão são importantes sem nenhuma dúvida.
Na Copa do Mundo tem o que o senhor defende?
Verdade, em épocas de Copa do Mundo vejo esse orgulho de exigir o verde, azul e amarelo com muito mais frequência nos corpos da brava gente brasileira. Mas pode ser assim, tem que ser diariamente. Meu neto me falou uma verdade, avaliei, e vi que ele tinha razão. Ele disse que só as guerras fazem exaltar esse patriotismo ao país. Mas também não pode ser assim, temos um país distantes dessas inaceitáveis guerras como a quem vem acontecendo na Ucrânia, mas aqui temos a guerra contra a fome e a miséria que nos exige um alto índice de patriotismo para erradicar. Soube o governo aboliu do calendário nacional a data comemorativa do Dia da Bandeira. Há repartições públicas que nem mesmo hasteiam a bandeira nacional.
As pessoas deixaram de colocar o interesse coletivo como prioridade?
Queria responder não, mas é um fato triste de ser constatado. Vários grupos políticos privilegiam o privado em detrimento do coletivo, mas no marketing tentam mostrar ao contrário. Infelizmente ainda enganam a maioria por falto de educação e assistencialismo.
E as Forças Armadas?
É quem continua dando o exemplo que devemos seguir, mas que estamos distanciando. Somente as Forças Armadas pode resgatar esse sentimento de brasilidade. As Forças Armadas é uma grande escola de cidadania. Patriotas são as pessoas que se esforçam para serem úteis e defenderem o interesse coletivo, o bem comum.
O que espera do futuro?
Que essa situação se reverta, que possamos copiar os bons exemplos do mundo, sem ser as guerras, logicamente. Que todos os brasileiros, de alguma forma, carregam diariamente os nossos símbolos, sejam nas camisas, nas casas, na mesa do trabalho, enfim, em todos os ambientes possíveis, pois essa atitude traz amor ao próximo, dias melhores e um ambiente agradável para amar e viver. Sem falar que a nossa bandeira é uma das mais lindas do mundo, e a letra do nosso Hino tem uma letra valiosíssima.
Entrevistado por JC