13 de outubro de 2024

Entre a cruz e a vacina

O Brasil atingiu esta semana a triste e vergonhosa marca de 500.000 mortos pela Covid-19, marca esperada e até mesmo ensejada por um lado tenebroso e maldoso da imprensa e da população brasileira. A triste marca acabou por impedir que nossa cidade comemorasse a grande marca de 1.000.000.000 de cidadãos vacinados. Enquanto tantas cidades brasileiras estão com dificuldades, inclusive de cunho logístico para atingir suas metas de vacinação, nossa cidade vai conseguindo fazer as vacinações dentro dos cronogramas, com um sistema de cadastro e reservas que estão dando show.

Enquanto isso, a nível nacional continuamos assistindo à trágica caça às bruxas pelos culpados das mortes brasileiras, principalmente na tentativa de levar esta culpa ao governo federal, em especial ao presidente da República. Fica até repetitivo falar da triste e ilegal farsa que o nosso Senado apelidou de CPI. Credibilidade nenhuma, no momento em que senadores cheios de processos e acusações de corrupção e formação de quadrilhas são chamados à dirigir tal CPI. 

Seria muito mais produtivo os senadores estarem trabalhando como deviam, em plenário discutindo de maneira séria e sem os “jabutis” que enojam o sistema parlamentar brasileiro, as reformas necessárias ao funcionamento de nosso país. Precisamos de reforma administrativa e da reforma política, incluindo uma reforma completa e rigorosa do sistema jurídico, que envolva o corrupto e inepto STF, que tanto tem contribuído para piorar a situação do nosso país. Porém exigir que os parlamentares brasileiros trabalhem, é a mesma coisa que oferecer a certos manifestantes a Carteira de Trabalho: soa como ofensa.

Quando se discute o período de início da chegada das vacinas no Brasil, esquecem que apenas dois países no mundo tiveram as doses da vacina antes dos outros: Os estados Unidos e o reino Unido, ambos produtores e donos das patentes dos imunizantes. Além de tudo isso, mesmo com a trágica marca das mortes brasileiras, porque se busca culpar uma pessoa? Outros países estão vivendo caos igual ou pior que o brasileiro e a sociedade entende o quanto se está deparando com um vírus desesperadamente perigoso, traiçoeiro e inesperado. 

Esquecem os brasileiros que no início da pandemia foi alertado ao sistema público municipal e estadual, que o carnaval que estava à beira, deveria ser suspenso por TODOS OS RISCOS que representava. Chegaram alguns prefeitos a justificar que não se deveria tirar o emprego das costureiras das escolas de Samba. O resultado que está sendo chorado neste momento, certamente seria diferente se a sugestão inicial fosse atendida; e quem foi que sugeriu a suspensão do carnaval, sendo contestado? Exatamente o presidente Bolsonaro a quem querem agora imputar a culpa de todas as mortes.

Temos os casos como o de Santa Catarina, que exatamente na semana em que o sistema de saúde anotava uma ocupação de 100% de leitos de UTI, a polícia, em um feriado prolongado que ocorreu simultaneamente, teve de intervir para fechar 750 (SETECENTOS E CINQUENTA) festas clandestinas. Tem como não considerar a irresponsabilidade social neste quadro tenebroso?

Não vou deixar de usar a minha máscara nem cuidar da minha higiene com o álcool gel e o distanciamento social, torcendo para que os cientistas que de maneira espetacular desenvolveram as vacinas em tempo recorde. Já me vacinei e fico revoltado com a resistência de quem tomou a primeira dose e não comparece para tomar a segunda. É em momentos como estes, que a responsabilidade social precisa entrar em campo, para não ter choro depois e ficar apenas a reclamação sem motivos. VACINA SIM E JÁ!

Orígenes Martins

É professor, economista, mestre em engenharia da produção, consultor econômico da empresa Sinérgio

Veja também

Pesquisar