Agora que acabou o COVID e se encerraram as discussões sobre a inviolabilidade das urnas eletrônicas do Brasil, cujas defesas são mais seguras que bancos, emissoras de TV e sistemas estratégicos de mísseis balísticos intercontinentais, bem como se decidiu acabar de vez contra a discriminação de minorias e de homossexuais no planeta, e, também, encerraram-se os ataques ao meio ambiente e estamos salvos das anomalias climáticas, vamos comemorar! Calma! Nossos ouvidos e nossos olhos estão, por enquanto, livres de todo o lixo retórico que são disseminados pelos temas acima listados. Ah, nada melhor que uma guerrinha para concentrar a atenção do mundo e da mídia televisiva, e nos livrar, temporariamente, das narrativas de Direita contra Esquerda e Esquerda contra Direita. Pois bem, hoje cedo um vizinho me perguntou quem estava certo na guerra da Rússia e Ucrânia e quem tem a verdade. Respondi: ninguém. Existem duas verdades em guerras. A verdade do vencedor e a verdade dos vencidos. Não existe A Verdade nesse campo, como em quase toda interação humana. Os russos invadiram a Ucrânia. OK. Longe de eu disputar análises com profundos “especialistas” estrategistas do Facebook e outras redes sociais, e mais longe ainda de discutir com jornalistas leitores de teleprompter, e fugindo do aprofundamento das estratégias de guerra de guerrilha de um lado e emprego da massa, do outro lado, eu prefiro me ater ao posicionamento dos dois líderes envolvidos e as virtudes apresentadas. Putin mostrou ao mundo uma verdade inquestionável que, em defesa de seus interesses, a Espada é mais forte que a Caneta e que a ONU, paraíso dos burocratas e barnabés mundiais, bem como a OTAN, são órgãos de importância nula, na hora da guerra de cachorro grande. E isso me agradou, e muito. No entanto, quando vejo esquerdistas no Brasil condenarem Putin, me lembrei que até uns trinta anos atrás, a URSS era o foco da defesa das ideologias de esquerda. E, por sua vez, bem diferente de alguns políticos latino-americanos que sempre fugiram e planejavam fugir ao menor sinal de revoluçãozinha em seus territórios, ou em caso de perseguição ideológica se autoexilavam, o que quer dizer que fugiram covardemente, Zelensky, apesar de militarmente ser mais fraco, mesmo com apoio de nações europeias, mostrou ao mundo uma coragem e hombridade invejável ao se recusar a fugir do país. Isso também me agradou e muito. Então já temos assuntos para as novas aulas de Estratégia, Logística e Relações Internacionais. Pelo menos, enquanto durar o conflito, acabou o tal de politicamente correto na relação humana. Espere, você está triste pelos civis mortos? E pelos jovens soldados de ambos os lados, também mortos? Mas, você já chorou alguma vez na vida pelos seus irmãos espermatozoides que morreram ao não conseguirem atingir o útero materno que te gerou? Não chorou? Pois é. Agora vamos esperar a escalada da guerra e torcer para que armas atômicas não sejam empregadas e que a quarta guerra mundial demore muito a ser iniciada, com paus e pedras, segundo Einstein profetizou no século passado. Vou abrir uma cerveja, enquanto posso.
Enfim, uma guerra !
Carlos Alberto da Silva
Coronel do Exército, na Reserva, professor universitário, graduado em Administração e mestre em Ciências Militares
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