Já disse várias vezes, volto a repetir, o Amazonas precisa de união, mas não é o que tenho percebido. Precisamos de diálogo, jamais a exclusão de atividades em benefício de outros setores, assim como o regular aparecimento de novos “termos bonitos” (agora a moda é bioeconomia, onde tem um CBA sem CNPJ há décadas) sendo o mais recente o “Amazônia + 21” prometendo vida nova ao caboclo do interior com novas reuniões, seminários, encontros, congressos, simpósios, viagens para encontrar “caminhos mágicos” para manter o homem em pé, já que felizmente houve a coincidência (não foi consciência ambiental e nem o atual modelo econômico) que culminou, como já disse, felizmente, na preservação de 97% da floresta no Amazonas, e não da Amazônia.
O “pai dessa criança” no Amazonas (e não Amazônia) da floresta em pé, repito, não foi nossa consciência ambiental (é só ver as fotos no meu blog Thomaz Rural do igarapé que passa no Passeio do Mindu, aqui na capital) nem o modelo econômico implantado há décadas. O “pai dessa criança” foi o homem da floresta que, lamentavelmente, está na pobreza e extrema pobreza sendo presa fácil para momentos de eleição e de criminosos que querem descumprir o código florestal. Então, não vai ser termo bonito que vai colocar comida nesse estômago vazio, mas a verdade, união e a inclusão de várias atividades, entre elas a nossa agropecuária no Amazonas preservado. Nosso setor e o produtor rural precisam ser respeitados. Aqui no Amazonas nós preservamos, mas temos metade da população na pobreza, precisando de comida produzida aqui, e não importada. Precisamos de Licenciamento Ambiental e Regularização Fundiária URGENTES!!! ZEE URGENTE!!! Por falar em agropecuária, veja o resultado do CAGED que foi objeto de matéria do JC de autoria do jornalista de economia Marco Dassori. Leia o que diz trecho da matéria sobre o interior que está nas páginas do JC.
Pois é, o melhor desempenho veio da agropecuária no interior, portanto, a palavra é união e não a exclusão de atividades agropecuárias para manter os incentivos do PIM/ZFM e interiorizar o desenvolvimento que não aconteceu nesse meio século de modelo. Cadê o REDD+ no Amazonas preservado? Cadê o crédito de carbono no bolso de quem mantém a floresta em pé? Temos que manter os incentivos do modelo PIM/ZFM, mas respeitando a ciência dizendo que aqui podemos fazer tudo na atividade agropecuária. Jamais como moeda de troca como venho percebendo. A razão é simples: a fome bate na porta de metade dos amazonenses (IBGE 2018) todos os dias, e só o setor primário é capaz de se aliar ao PIM/ZFM para colocar comida na mesa. Nosso setor nunca excluiu o PIM/ZFM, sempre viu como parceiro, mas tem atores envolvidos com o PIM que regularmente querem nos excluir. Não é esse o caminho! Será que 50 e tantos anos de aula ainda não aprendemos.
Por falar em bioeconomia, o termo da moda, é bom lembrar que já existe há séculos por aqui. Isso não é novidade, e não só eu digo isso, tem pesquisadores da Embrapa que já falaram que bioeconomia já existe há séculos por aqui. Problema é que não aproveitamos em prol de quem passa fome e vive mal na floresta, o recurso financeiro que deveriam receber por manter a floresta em pé não chega no bolso do homem, da mulher e da criança que estão por lá, estão apenas nos discursos e artigos. Faço uma sugestão: peçam oficialmente os dados da PGPMBio da Conab desde que começou (2009) essa política. Avaliem os números no Amazonas preservado. É uma política com a nossa cara, para o extrativista (e olha que nem remunera com justiça, apenas o custo de produção) que não conseguimos fazer chegar (como deveria) no bolso do extrativista.
Só este ano o manejador do pirarucu deixou de receber mais de um milhão em subvenção federal porque vendeu sua produção abaixo do custo de produção. Será que a Alemanha sabe disso? A Noruega? O Vaticano? Enquanto não formos eficientes nessa política que sempre teve dinheiro desde 2009 (só este ano faltou) não me venham inventar outros termos (agora Amazônia +21) dizendo que vai melhorar a vida do defensor da floresta porque encaro como pura enrolação para manter privilégios, entre eles o meu, de morar na capital do estado, ter minha aposentadoria, atendimento médico e direito de conhecer, pelo menos uma vez ao ano, qualquer lugar do mundo. E os defensores da floresta em pé? O que ganharam? Nesse caso dos manejadores, eu fiz minha parte, tive a ideia, tive apoio (menos de entidades que se dizem defensores do homem da floresta) e incluímos o produto na PGPMBio (Política de Garantia de Preços Mínimos da Sociobiodiversidade). Repito, peçam os dados do Ministério da Agricultura dessa política pelo menos nos últimos 5 anos. Analisem! Enquanto não andar a PGPMbio, criado no governo do PT, que também não andou como deveria no Amazonas nem nesse tempo, não me venham com novas promessas ao caboclo.
Enquanto não chegar na floresta os PRONAF´s agroecológicos (peçam os dados do Banco Central se não quiserem acreditar nos números que divulgo no BLOG) não me inventem outras coisas porque é pura enrolação, é manter privilégios de poucos. Abaixo, algumas fotos da nossa “consciência ambiental” que estamos tendo na capital. Nos últimos 20 anos, de prático mesmo, a melhor coisa que aconteceu com o defensor da floresta foi a PGPMBio de 2009 (que não anda no AM) e, mais recentemente, embora já exista há 20 anos, foi a decisão e adesão do governador Wilson Lima ao programa federal Garantia Safra. Esse coloca R$ 850 reais no bolso do ribeirinho atingido por seca ou enchente, e não R$ 50,00 reais. Também essa luta do Garantia Safra foi iniciada por mim muitos anos atrás com apoio da FAEA, da FETAGRI e da OCB. Não recebi sequer apoio formal ou informal de uma liderança ambientalista. Lembrei agora: Anos atrás, houve no Studio 5, o Encontro Estadual de Povos e Comunidades Tradicionais. Um grande encontro, eu estava lá. Resgatem a ATA desse encontro, tá tudo lá registrado o que eles precisam, parem de inventar novas estratégias…..já chega!