15 de setembro de 2024

Do vaticínio às entrelinhas dos discursos prefeituráveis (Parte1)

Vive-se a proximidade das eleições municipais manauaras, prevendo-se, como se sabe, para 15 e 29/11/20 o 1º e o 2º turnos, nesta ordem. Logo, mostra-se agitado o falar dos candidatos conduzindo impulsos em favor da cidade, mas voltados com destaque na direção de afazeres de limpeza, obras de manutenção e algo do gênero, algumas tarefas urbanas, bem frugases às donas de casa, a aplicados faxineiros, a pedreiros e a outros quitais, tudo prosaico, mesmo.

Consta, pululam alguns daqueles que sequer aqui nasceram, o que faz supor conduzirem vezo face às potencialidades unicamente aqui existentes, exuberantes dádivas da natureza, que nos rejubilam, inexistentes em outros sítios de onde vieram os que aqui se tornaram caçadores de votos, não se tendo como conferir os dizeres da servidão que apregoam. Mas, trata-se de uma infrequência que se de um lado não impede legalmente tais candidaturas, resta – proclame-se! – a ausência de consaberes que acaso se voltassem para os nossos ativos naturais, diga-se florestais, únicos e não apenas citadinos, tal como sempre vem se dando, à vista de outras experiências dessa ordem. Quer ver?

É manifesto, uma comunidade regional na busca de sua evolução social, econômica e o mais do gênero, harmoniza-se melhormente ao inspirar-se nos ativos disponíveis do meio, como se dá no geral. Nisso, não se tem só o proveito agrícola, industrial, turístico, climático, como também o esportivo, quanto a este que gera a fama e o tradicionalismo. Tratam-se das práticas que glorificam países, como natação, remo, regatas, tênis, e tantos outros gêneros. Não, não se vai deixar de lado o futebol e a sua morada verde-amarela.

Assim é que esta terra, pátria das águas e das florestas, e que é cosmopolita dado o ciclo da borracha, não poderá continuar se furtando ao seu destino. Caberia citar inúmeras modalidades aquáticas, mas escolheu-se a que enriqueceu os dias juvenis deste articulista, postos em fotos. Faz tempo pra chuchu, é verdade: o remo!

Valiosa prática, de lendárias disputas, a aludida modalidade oferece sua história no Amazonas.   É que com inspiração dos ingleses, esse adestramento modal ganhou notória fama, quando do passado século. Hoje, consta que não sucumbiu, sobrevivendo em que pese as pesadas dificuldades financeiras que a cercam face a ausência de amparo governamental, além de patrocínio do empresariado local.

Há de se reconhecer algo irônico que cerca este tema, ao se criticar o descaso dos nossos patrícios às atividades náuticas, quando a história nos diz que foram os estrangeiros, inspirados pela grandeza da região, que assim o criaram, a começar pelos aludidos portugueses e imigrantes alemães que fundaram o primeiro clube de remo o Manaus Ruder Klus, depois alterado para Clube do Remo, que rivalizava com o Clube Amazonense de Regatas e o Grêmio Náutico Portugal, de onde era atleta este que aqui assina.

Recorde-se, os nossos remadores tornaram-se campeões do Torneio Norte-Nordeste nas versões de 2002, 2004, e 2005, além do Campeonato Brasileiro Aberto de Remo 2010. E se consagraram pelas equipes Manauara e Amazônia no campeonato brasileiro aberto de remo, realizado na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Mais, a equipe amazonense teve cinco atletas medalhistas competindo no sudeste e sul. E de novo os melhores colocados da Região Norte e Nordeste, assegurando nosso patamar no ranking nacional. (Continua).

Bosco Jackmonth

* É advogado de empresas (OAB/AM 436). Contato: [email protected]

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