14 de setembro de 2024

De agricultores e atletas: o Brasil agradece

No Brasil, líderes políticos costumam ser “adorados” ou “amaldiçoados”, conforme a adesão ou rejeição que representam em diferentes segmentos da sociedade. Essa cultura de idolatria ou de ódio tem crescido pelo antagonismo de correntes de opinião que se atacam com agressividade nas redes sociais, em discussões virulentas muitas vezes disfarçadas como “debates políticos”. Para quem não adere à essas torcidas (mal) organizadas, parece restar o espetáculo grotesco de uma parte da sociedade que se esquece dos valores éticos e espirituais, pela oportunidade de esbravejar contra os supostos inimigos. No entanto, permeio à esta balbúrdia de “circo romano”, ainda nos resta a esperança que provém de quem não está gastando o melhor de seu tempo em bate bocas virtuais. Nesse sentido, a homenagem aos agricultores, que tiveram no dia 28 de julho, seu dia oficial, bem como aos atletas brasileiros nas Olimpíadas de Tóquio, que representam trabalho duro e foco em resultados, atitudes que realmente interessam e fortalecem nossa Nação.

Os agricultores são a categoria que mais colabora para a manutenção da vida no nosso país e no planeta inteiro. Sem seu trabalho a humanidade não teria como sobreviver. Todos dependemos dos alimentos que são produzidos por esses trabalhadores que, além de abastecer nosso país, ainda contribuem para as exportações e geração de divisas. São pessoas quase sempre ignoradas por quem mais depende deles, os moradores das médias e grandes cidades, cuja imensa maioria sequer possui uma simples horta em casa. Sem a agricultura, o Brasil seria um país miserável, ainda que tivesse bolsões de riqueza em outros setores, mas a pobreza e a fome seriam muito maiores. 

Já os atletas olímpicos brasileiros não alimentam fisicamente nosso corpo, mas tem outra importância fundamental para a sociedade brasileira. Estes guerreiros do esporte “alimentam” nosso imaginário coletivo, de identidade nacional, pelo brilho de seu mérito individual, de quem enfrenta e vence enormes dificuldades. Alimentam nossa autoestima, nos inspiram, nos comovem, nutrem nossa esperança em melhores dias e nos deixam o legado animador dos bons exemplos. São vitoriosos só de terem chegado às Olimpíadas, depois de muito treinamento e competições de alto nível, em que alcançaram os índices olímpicos. Mais ainda, quando conquistam medalhas…. Atuações esplendorosas como a do surfista Ítalo Ferreira – de Bahia Formosa, da ginasta Rebeca Andrade, da skatista Rayssa Leal e do judoca Daniel Cargini, dentre outros vitoriosos desportistas, representam muito para nós brasileiros: ouro, prata e bronze que cintilam brilhos de luz e de inspiração para nossas próprias batalhas! Nesse sentido, destaco a pequena Rayssa, que pediu aos seus conterrâneos que evitassem aglomerações ao recepcioná-la em sua terra natal e ainda os aconselhou a usar máscaras, álcool gel e a tomar vacinas. Ela mostrou como os líderes adultos devem se comportar, usando sua influência para promover o bem comum e não para projetar seus meros interesses pessoais. 

Assim, ao invés de aderir à mania de ataques virulentos entre compatriotas, podemos optar por admirar e nos inspirar em Ítalo, que surfou maravilhosamente no mar, Rayssa, que deslizou com maestria em seu skate, Daniel, que nos ensinou como lutar com destreza e Rebeca, com seu belíssimo desempenho esportivo e artístico, fruto de enorme garra e capacidade de superação. No mesmo diapasão, também reconhecemos o valor dos agricultores, por mais humildes que sejam, “atletas” da produção de alimentos que sustenta literalmente nosso grande país. 

Assim, atletas e agricultores representam melhor do que a maioria dos atuais líderes políticos, o espírito de trabalho honesto e dedicado, de solidariedade, de união e de bons exemplos que nosso país tanto necessita. 

Luiz Castro

Advogado, professor e consultor

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