8 de outubro de 2024

Da teoria do cansaço histórico (03)

Bosco Jackmonth *

Como de observar, numa série de artigos (01/02) postos nesta mesma estação de escritos semanais tem servido mais a mão a designação cansaço, ainda que estranha na espécie, como causa de ensarilhar as armas para encerramento dos conflitos bélicos mundiais. Tal ao invés de rendição e outras da espécie, acaso ocorridas nos andaimes do mundo. Se disse ali que se tratava de uma dedução lulista extraída das tantas que costumam vicejar no domínio público, pedindo passagem para compor-se com o anedotário, quem sabe até internacional. Vôte!

Logo, irresistível não se apanhar pelo menos parte das inúmeras guerras acontecidas de que nos fala a história desde sempre, a ver se quem sabe se encontra algum armistício do gênero, que seja. Assim é que para tanto restou-nos debruçarmo-nos quanto a isso, ainda que longo o relato de boa parte dos embates armados dos tantos. Com cuidado para não aborrecer os leitores… 

Começo da guerra. Compondo-se com o já adiantado, ora afirme-se que na Rússia cresciam rumores de sentimentos em prol de ajuda armada à Sérvia. Pronto. Alguns anos antes, durante a crise da Bósnia, os russos haviam abandonado os sérvios e estavam decididos a não sofrer a mesma humilhação. É que eram encorajados a manter-se firmes pelo Presidente Poincaré, da França, que estivera em visita em julho de 1914 e prometera que a França honraria seus compromissos como aliada da Rússia.

Quando, finalmente, a Áustria declarou guerra à Sérvia (28 de julho), o alto comando russo persuadiu o Czar a decretar mobilização geral. Segundo os generais russos disseram que tal mobilização não significava necessariamente guerra, pois todos sabiam que uma mobilização na Rússia requeria semanas e, portanto, deveria iniciar-se na primeira etapa de qualquer crise.

Para o alto comando alemão, entretanto, a mobilização russa significaria um desastre se não fosse contida, porque os planos alemães de guerra requeriam que a França fosse batida, antes que os exércitos russos pudessem entrar em campo. Sucede, que Berlim exigiu que o Czar cancelasse sua ordem de mobilização e, quando ele se recusou, a Alemanha declarou guerra à Rússia (1º. de agosto). Seguiu-se, dois dias depois, uma declaração de guerra à França e, a 4 de agosto, a máquina militar alemã se atirou pela Bélgica.

Do Imperialismo Ocidental. `A vista desta última agressão a um país cuja neutralidade tinha sido assegurada por um tratado internacional levou a Inglaterra à guerra, à meia noite de 4 de agosto. O chanceler Bethmann-Hollweg queixou-se amargamente da decisão britânica de lutar “apenas por um farrapo de papel”. Mal poderia ter usado frase mais capaz de ofender a opinião inglesa ou que mais eficientemente servisse à propaganda anti-alemã.

Na verdade, do ponto de vista da moralidade, a invasão da Bélgica era indesculpável. Do ponto de vista da política prática, contudo, oferecia provavelmente aos alemães o único meio de ganharem a guerra. O plano do general Alfred von Schliffen exigia um golpe fulminante contra a França no prazo de seis semanas, com um ataque mais folgado contra russos, lentos em se mobilizarem. “Almôço em Paris, jantar em São Petersburgo”, era a frase em curso. (Continua).

Adv.(OAB/AM 436). Ex-func.Bco.Brasil. Cursou Jornalismo.Contab.Lecionou História.Tc.Vendas Contactos [email protected].Tel.991553480. 

Bosco Jackmonth

* É advogado de empresas (OAB/AM 436). Contato: [email protected]

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