Carlos Silva
E a vida segue! Estranho iniciar um artigo com uma frase que sempre utilizo para finalizar meus materiais digitados. Mas, de verdade, a vida sempre seguiu, desde o início dos tempos imemoriais. E seguirá, eternamente, onde ela existir. Por outro lado, alguns soturnos afirmam que começamos a morrer logo que nascemos. Aliás, quando é que nós nascemos? Ao entrarmos, ainda como espermatozoides, no útero materno ou quando a parteira nos dá um tapa nas nádegas e choramos, limpando as entranhas? Bem, esta pergunta é para dar um nó em discussões totalmente prescindíveis. Ou não. Mas, dia desses meu filho caçula me lascou a seguinte pergunta: “Pai, quando foi que você percebeu que estava ficando velho?”. Fiquei mudo por alguns milênios, que não passaram de um minuto. Apenas respondi: “Filho, não percebi”. De fato, eu não menti, mas, não fui totalmente sincero. Daí, após o nosso almoço, me vi refletindo sobre a pergunta, um tanto quanto desconcertante, mas sincera e puramente real. E fui lembrando de quando corria meus 6 km diários e a fascite plantar me fez reduzir o ritmo, a frequência e a distância. Mas, isso aconteceu há 27 anos! E ainda me lembro como se fosse hoje. Depois, tive que parar a musculação devido a uma hérnia de disco. Posteriormente, tive alguns AVC. E a minha próstata está maior que uma bola de basquete. E ainda sou fumante. E tomo minha cervejas, sem exagero. Mas, não bebo destilados. De fato, me sinto velho, depois de uma juventude e maturidade altamente ativas e atléticas, e hoje, próximo à casa dos 70 anos, faço meus 40 minutos de esteira, para não agravar a hérnia de disco. E, meia hora de natação na piscina do prédio. E trabalho todos os dias. E ainda ministro aulas, que não é um trabalho, e sim, um prazer imenso. E, junto a isso, os remédios de uso contínuo para manter a pressão em índices confortáveis e mitigar o crescimento da próstata. Mas, a vida sexual continua ativa, pelo menos até a minha patroa reclamar. E tudo isso, o meu cérebro não encaixou, não acusou o golpe da idade avançada. Ou seja, minha máquina maravilhosa de pensar, não está acompanhando a degeneração do corpo e do organismo. Que bom! Isso me serve como subterfúgio para não pensar na velhice. Não é que eu goste de ser enganado, apenas sou otimista e esperançoso. Só isso. E voltando ao início do artigo: a vida segue! Com cervejas! Geladas!