10 de dezembro de 2024

Competitividade brasileira precisa de um Estado moderno

Segundo o dicionário de Cambridge, competitividade é a habilidade de uma pessoa, negócio ou país para competir. Então, que tal conhecer qual governo foi o mais “amigável” ou menos “amigável” para a competitividade global do Brasil?

A competitividade de um país é importante, pois ajuda a avaliar constantemente o desempenho de uma nação com as demais, e a identificar inúmeras oportunidades de melhorias, sendo prática adotada por países interessados em manter seus pontos fortes e aprender com os demais sobre como melhorar suas deficiências. 

E neste artigo <https://bit.ly/3c5vLqi>, há sete abordagens modernas sobre como fazê-lo, desenvolvidas pelas organizações IMD World Competitiveness Center, WEF, ONU, Economist Intelligence Unit, International Telecommunication Union, Yake Center for Environmental Law and Policy, e o WB

Então, escolheu-se uma das três abordagens desenvolvida pelo IMD World Competitiveness Center <https://bit.ly/3gmcU9u>, conhecida como The IMD World Competitiveness Yearbook, uma vez que desde 1989 avalia e classifica 63 nações, sendo possível customizar <https://bit.ly/3OY6tZN> a coleta dos dados.

Basicamente, este anuário analisa e classifica os países observando a maneira sobre como gerenciam suas competências para alcançar valor de longo prazo. Para os autores, a análise da competitividade de uma economia não pode focar apenas a Produtividade ou o PIB, uma vez que as empresas também necessitam lidar com dimensões culturais, políticas e sociais. Além disso, os Governos precisam fornecer para as organizações, um ambiente caracterizado pela eficiência, infraestruturas, instituições e políticas que incentivam  a criação de valor sustentável. 

Em grande síntese, 333 critérios de competitividade são coletados a partir de fontes secundárias e primárias, cujos dados são estatisticamente tratados, padronizados e classificados, gerando para cada país, uma pontuação final (0 a 100), o ranking (1 a 63), comentários e recomendações. 

E os cálculos são sumarizados nos seguintes fatores e subfatores: 

F1) Desempenho Econômico (DE) com os seguintes subfatores: Economia Doméstica, Comércio Internacional, Investimento Internacional, Emprego, Preços; F2) Eficiência Governamental (EG): Finanças Pública, Política Fiscal, Estrutura Institucional, Legislação Comercial, Estrutura Social; F3) Eficiência Empresarial (EE): Produtividade e Eficiência, Mercado de Trabalho, Finanças, Práticas de Gestão, Atitudes e Valores; F4) Infraestrutura (I): Básica, Tecnológica, Científica, Saúde e Meio Ambiente, Educação.

Segundo o relatório de 2022, os dez países mais competitivos são: 1o Dinamarca; 2o Suíça; 3o Cingapura; 4o Suécia; 5o HK; 6o Holanda; 7o Taiwan; 8o Finlândia; 9o Noruega; e 10o EUA. Por outro lado, os piores são: 63o Venezuela; 62o Argentina; 61o Mongólia; 60o África do Sul; 59o Brasil; 58o Botsuana; 57o Colômbia; 56o Jordânia; 55o México; e 54o Peru.

Ao analisar o desempenho geral do Brasil em 2022, observa-se que o maior vilão é o F2 (Eficiência Governamental=EG), que jogou o país para perto da lanterna (61a), por causa do péssimo desempenho nas Finanças Pública (63o), Estrutura Social (63o), Estrutura Institucional (61o) e Legislação Comercial (58a). Além disso, o fator Infraestrutura (I) ficou na 53a posição, com a Educação sendo classificada em último lugar (63o), seguido pelo baixo desempenho da Infraestrutura Básica (58o) e Infraestrutura Tecnológica (55o).
Por outro lado, os melhores fatores foram Desempenho Econômico (DE) e Eficiência Empresarial (EE), mas nem dá para se animar com o 48o e 52o lugares respectivamente.

Ao analisar a evolução da posição geral do Brasil (Média do período quadrienal e taxa anual de aumento do ranking) desde 1999 (34a), ano até onde foi possível encontrar todos os valores do ranking geral com seus fatores e subfatores, observou-se os seguintes resultados: 

Segunda era FHC: 34a (99), 38a (00), 40a (01) e 37a (02). Entre 1999 e 2002, o valor médio geral do ranking do Brasil foi de 37,25 com a pior taxa anual do aumento do ranking no valor de 11,76%. Durante esse período, as médias dos rankings dos fatores EG (44,5), EE (24) e I (39,5) foram os melhores quando comparados com os demais governos, com exceção apenas do DE (38,5);

Primeira era Lula: 44a (03), 44a (04), 42a (05), 44a (06). Entre 2003-06, o valor médio geral do ranking foi de 43,50 com a pior taxa anual do aumento do ranking no valor de 18,92% no início do mandato. Durante esse período, as médias dos rankings dos fatores DE, EG, EE e I foram respectivamente 38; 56,7; 34,50 e 52,50;

Segunda era Lula: 49a (07), 43a (08), 40a (09) e 38a (10). Entre 2007-10, o valor médio do ranking do Brasil foi de 42,50 com maior taxa anual de crescimento no valor de 11,36% logo no início do 2o mandato. Nesse período, as médias dos rankings dos fatores DE, EG, EE e I foram respectivamente 39; 52,25; 30 e 48,50;

Primeira era Dilma: 44a (11), 46a (12), 51a (13), 54a (14). Entre 2011-14, o valor médio do ranking geral do Brasil foi de 48,75  com maior taxa anual de crescimento no valor de 15,79% no início do mandato. Durante esse período, as médias dos rankings dos fatores DE, EG, EE e I foram respectivamente 40,5; 56,5; 34,75 e 49,50;

Segunda era Dilma/Temer: 56a (15), 57a (16), 61a (17) e 60a (18). Entre 2015-18, o valor médio do ranking geral do Brasil foi de 58,50 com maior taxa anual de crescimento no valor de 7,02%. Nesse período, as médias dos rankings dos fatores DE, EG, EE e I foram respectivamente 54,75 (pior desde 1997); 61,25; 50,25 e 50,50;

Era Bolsonaro: 59a (19), 56a (20), 57a (21) e 59a (22). Entre 2018-22, o valor médio do ranking do Brasil foi de 57,75 com maior taxa anual de crescimento no valor de 3,51%. Nesse período, as médias dos rankings dos fatores DE, EG, EE e I foram respectivamente 53; 61,5; 51,25 e 53,0 sendo estes três últimos, os piores desde 1997.Entre 1999 e 2022, houve uma decadência gradativa da competitividade global brasileira ao longo do tempo, acelerando na 1a Era Lula, com ligeira recuperação na 2a Era Lula (PT), porém com piora e estagnação, a partir da Gestão Dilma (PT) / Temer (MDB). 
A 2a Era FHC (PSDB) foi a “mais amigável”, enquanto que a 2a Era Dilma(PT)/Temer(MDB) e a Era Bolsonaro (PL) foram as mais desastrosas, especialmente pela piora da Eficiência Governamental e da Infraestrutura. E para sairmos da lanterna rumo aos 30 melhores, precisamos mudar, ter um Estado Eficiente, Moderno e Transparente, visão impossível de ser concretizada nas mãos da turma do Centrão com Lula (PT), Temer (MDB) ou Bolsonaro (PL).

Prof. do Dep. de Eng. de Produção da UFAM e Pós Doutor em Inovação pela Universidade de Manchester. Site www.jgsilva.org 

Jonas Gomes

Prof. Dr. Jonas Gomes da Silva - Professor Associado do Dep. de Engenharia de Produção com Pós Doutorado iniciado no ano de 2020 em Inovação pela Escola de Negócios da Universidade de Manchester. E-mail: [email protected].

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