11 de dezembro de 2024

Como Vencer uma Eleição

Anderson F. Fonseca. Professor de Direito Constitucional. Advogado. Especialista em Comércio Exterior e ZFM.

No dia 16 de agosto último deu-se início oficialmente ao calendário eleitoral do pleito deste ano, a partir de então podemos acompanhar mais de perto e diretamente a famosa festa da democracia, campanha nas ruas, redes sociais, em breve na rádio e TV, cabos eleitorais, mensagens de texto, vídeo, debates, eventuais discussões (nem sempre) salutares no grupo da família e dos amigos, enfim, processo de conhecimento maior dos candidatos e suas propostas.

Em meio a tantas discussões o que todos, candidatos e eleitores, devem estar atentos a saber é como será o caminho rumo à vitória, em outros termos como vencer esta eleição.Questão de alta complexidade já que mesmo os mais gabaritados cientistas políticos não tem como responder este dilema, uma conjunção de fatores pode e certamente vai influenciar a tomada de decisão por parte do eleitorado.

Conquanto não seja uma ciência exata, o planejamento eleitoral, as estatísticas, intenções de votos dentre outros mecanismos de aferição da vontade da população não é de hoje que se tenta predizer os resultados ou mesmo apontar um caminho para a vitória nas urnas.

Oráculos de toda sorte se apresentam, hoje através das mídias sociais, porém houve uma época em que estas balizas foram lançadas e até hoje a humanidade não conseguiu inventar nada de novo no que tange ao aspecto de conquistar o voto do eleitor, claramente falamos da época dos gregos e romanos, estes últimos foram prodigiosos na arte de legislar, deixando-nos um legado vasto e muito rico em orientações que ultrapassam as eras.

Certa feita em meus estudos acadêmicos, aficionado que sou por Direito Romano, deparei-me com a obra de Quintus Tulius Cicero, Commentariolum Petitionis –em livre tradução “Comentário sobre a petição”, na qual encontramos os conselhos dados a seu irmão Marcus Tulius Cicero quando este no verão de 64 a.C decidiu concorrer ao cargo de Cônsul, o mais alto da República Romana, uma jóia primorosa em clareza e profundidade sobre a ciência por trás das eleições.

Reconhecidamente, deve ser ditto, o autor do texto foi alguém intimamente familiar com a política de Roma no primeiro século, possuidor de um afiado senso de como eleições são disputadas e vencidas em qualquer época.

Roma nos dias dos irmãos Cicero era um vasto império administrado como se fosse uma pequena província, escondida entre sete colinas e cortada pelo rio Tibre. Política era profundamente pessoal, controlada por algumas poucas famílias e centrada nas discussões no Forum, um antigo pântano no meio da cidade. Apesar de sua extensão através do Mediterrâneo, a campanha política no Império concentrava-se na cidade de Roma e algumas poucas cidades próximas.

Inobstante as dificuldades de distância, os cidadãos que chegassem a Roma para as eleições encontrariam um processo eleitoral ao consulado de certo organizado e na medida do possível justo, a despeito do suborno desenfreado e da ocasional violência das campanhas.

À semelhança do Príncipe de Maquiavel, este pequeno tratado de política oferece conselhos atemporais aqueles que aspiram ao poder de um cargo eletivo público. Idealismo e ingenuidade são postas de lado por Quintus que diz a seu irmão –e a nós todos –como realmente funcionam os bastidores do jogo das campanhas eleitorais.

Algumas preciosidades encontradas nesta carta podem ser assim resumidas:

I – Tenha certeza de que você conta com o apoio de sua família e amigos;

II – Aproxime-se das pessoas certas;

III – Cobre favores;

IV – Construa uma ampla base de apoio;

Mas como garantir o apoio de um grande número de eleitores?

V – Prometa tudo a todos.

Neste pequeno esboço da grande obra de Quintus Cícero torna-se claro a este articulista que na quadra histórica em que vivemos, resta-nos avançarmos como sociedade no que pertine nossa consciência e maturidade eleitoral, mais do que vencer a qualquer custo, necessário se faz sopesar quem são os homens e mulheres que pleiteiam os mais diversos cargos de nossa República, quais as suas aspirações, sua contribuição para a sociedade, seus meios e mecanismos para atingir o eleitor e lograr êxito em suas campanhas. Aqui deixo uma análise e um mapa para a verificação de estarmos ou não caminhando com inteligência ao rumo certo. 

Anderson Fonseca

Professor de Direito Constitucional. Advogado. Especialista em Comércio Exterior e ZFM

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